Capítulo 19 — Beatrice Dalmonte Agnelli.

Estamos almoçando num clima tranquilo, conversando amenidades.

Beatrice — Vovô, dessa vez cogita ficar quantos dias?

Lutero — Querida, voltamos para a Sicília na segunda-feira após uma reunião que tenho na empresa. Não podemos demorar aqui devido à situação com Lorenzo. — Reviro os olhos.

Beatrice — Entendo, a Julieta já preparou os seus quartos, vocês podem descansar e depois continuamos nossa conversa. Estou ansiosa para ouvir sua proposta, Donato, porque até agora somente eu falei.

Donato — Vim disposto a entrarmos em um acordo bom para todos, mas já tenho reserva no hotel para essa noite, não quero atrapalhar, já basta termos chegado sem avisar.

Beatrice — Imagine, não vai atrapalhar, temos quartos o suficiente. E assim podemos conversar sem pressa. Até porque, precisará de tempo para aceitar os meus novos termos para esse adendo do contrato. — O meu avô me olha com a sobrancelha arqueada. — Nem me olha com essa cara, senhor Lutero, acha mesmo que vou simplesmente ficar calada depois dessa quebra de contrato? Mas não vou mesmo. Agora jogaremos pelos meus termos, é pegar ou largar, já aviso que meus termos não são negociáveis, então sugiro que descansem e tenham a mente aberta para essa negociação.

Lutero — Estou vendo que você vai me dar dor de cabeça. — Diz o meu avô.

Beatrice — Capaz, vovô, isso deixo para o Lorenzo, que pelo jeito está se saindo muito bem, só basta saber se ele terá capacidade para arrumar a bagunça que está fazendo.

Donato — Meu amigo, vamos descansar, depois conversaremos de cabeça fria, não há nada que não possamos resolver.

Vou para o meu quarto pensar nos novos termos que colocarei nesse contrato, não ficarei no prejuízo devido ao mimado do Lorenzo. Esse, sim, é mimado. Começo a elaborar as minhas novas exigências. Foram anos sendo

moldada para esse casamento, para assumir a posição de esposa do Don, ser a Dama da Máfia e para quê? Para ele casar com uma qualquer sem nem mesmo conversar comigo. Isso mostra que não posso confiar nele, a final ele foi capaz de quebrar um contrato, que foi feito há 19 anos.

Estou no escritório, quando Donato entra com o meu avô. Eles sentam na minha frente, sem dizer nada, entrego para cada um uma cópia do adendo com as novas exigências. Meu avô me olha com espanto. Já Donato não mostra reação alguma. Após ler com atenção, meu avô fala.

Lutero — Beatrice, minha filha, isso não tem cabimento. Sua mãe não iria concordar com isso. — Fala, balançando a folha no ar.

Beatrice — Com o que exatamente ela não iria concordar, vovô?

Lutero — Primeiro pelo simples fato de você não querer casar virgem. Segundo, o divórcio! Nunca tivemos divórcio em nossa família. Terceiro dormir em quartos separados, dês de quando marido e mulher fazem isso? De onde você tirou isso? E quatro, inseminação para engravidar? Por que isso? Você não pode ter filhos? Por que nunca me disse isso? — O meu avô diz tudo de uma vez e vejo ele ficar vermelho, e Donato também parece que não gostou.

Beatrice — Respira, vovô, calma, vou tirar todas as suas dúvidas, mas já vou adiantando que não planejo renunciar a nem uma dessas exigências, o senhor gostando ou não. Estamos falando do meu futuro. Agora apresentarei para vocês a minha defesa sobre cada ponto mencionado e peço que não me interrompam, depois podemos debater.