capítulo 5

Mine respirou fundo e começou a falar

MINE: vou direta e objetiva senhor, eu fui contratada através de uma agência de babá para tomar conta de uma garotinha de 8 anos, ela estudava na parte da manhã e chegava em casa 13h, eu pegava 12:30 e sempre que ela chegava lá eu já estava, conheci o senhor Tomás, ele me explicou tudo e então eu comecei a trabalhar, se passou 6 meses eu comecei anotar que Tomás estava muito estranho comigo, ele passou a me elogiar mais, queria conversar mais, começou a ficar mais em casa, mas não era para ficar com a filha e sempre ficava atrás de mim pra conversar, desabafar era como ele falava, eu não maldei, não senti maldade até porque ele era sozinho, criava a filha, era dono de uma empresa e eu sei que isso com certeza é desgastante para qualquer ser humano que não tem ajuda, depois de um tempo ele começou a tentar fletar comigo, já dei uma cortada nele e as coisas continuaram normalmente, o tempo foi passando e ele não me procurou mais para conversar e eu agradeci mentalmente por isso, o tempo foi passando e completou um ano que eu estava com a júlia e pra mim nada tinha mudado, até que eu comecei a perceber que quando a júlia estava perto do pai ela ficava muito retraída e isso não era normal,eu sou muito observadora e conheço as minhas crianças, e aquilo já foi um sinal pra mim ficar em alerta. Eu chamei ela pra conversar com jeitinho eu fui tentado fazer ela me contar, mas eu não conseguir nada, e isso me deixou muito preocupada. Teve um dia que estava chovendo muito e a minha mãe tinha me ligado falando que onde eu moro estava tudo alagado e não estava passando ônibus, era impossível eu consegui chegar em casa, então ela perguntou se eu poderia dormir lá, como já teve outras vezes que ele falou que eu poderia ficar vontade e dormir lá quando precisar eu não vi problema, eu não avisei a ele e fiquei lá, fiz toda minha rotina noturna com a Júlia e coloquei ela pra dormir e fui para o quarto de hóspedes, fiquei lendo esperando o sono bater, depois de um tempo ouvir a porta da sala sendo aberta bruscamente mas até aí eu vou me incomodei e continuei lendo, depois eu ouvir passos abrir a porta devagar e quando olhei pela brechinha da porta era ele, então voltei pra cama e fiquei na minha, do nada eu comecei a ouvir gritos dele e sair do quarto e vi a porta do quarto das júlia aberto e fui pra lá, parei na porta e fiquei olhando tentando entender o que estava acontecendo, foi quando vi que estava segurando a júlia pelo cabelo e gritando com elae deu um tapa na cabeça dela, na hora eu intervi e empurre ele tirando de perto dela, ele começou a gritar, e eu perguntando oque ele tava fazendo, se estava louco de bater daquela forma na própria filha, ele estava muito bêbado começou a falar que era culpa dela de eu não queria ficar com ele, a culpa era dela que a mãe dela se separou dele, ele ficou lá gritando que ganhou a guarda dela na justiça da mãe, porque queria fazer ela pagar e enquanto ela viver em baixo do mesmo teto que ele, ele iria fazer pagar por tudo de ruim que aconteceu na vida dele, eu pedi pra ele parar e falei pra ele que eu iria levar a Júlia embora e que era pra ele ficar lá e não vim atras de mim, ele começou a gritar falando que eu não iria levar ela embora e que ele iria f#der comigo até o dia amanhecer e veio pra cima de mim, eu dei um soco na cara dele que ele caiu no chão e eu mandei a Júlia correr, ela pegou uma mochila que estava atrás da porta e saiu correndo, naquele momento eu não foquei nisso, eu apenas estava focada no pai dela que na mesma hora levantou e veio para cima de mim de novo, aí já não deu pra fazer muito, eu conheci a agredir ele, ele também me agrediu, como eu sou pequena ágil e rápida, eu quebrei o braço direito e a perna esquerda dele e consegui fugir dele, sai correndo da casa atrás da Júlia na chuva, ela já estava na esquina me esperando, peguei ela no colo e sai correndo com ela, mesmo eu toda machucada, parei em um bar duas ruas depois da casa dela e pedir ajuda, liguei para a minha mãe, os meus irmãos e liguei pra minha amiga, desesperada implorando por socorro, até que o dono do bar notou o meu estado e se disponibilizou para levar a gente até uma delegacia, peguei a Júlia, entrei no carro e fomos até a delegacia mais próxima, cheguei lá recebi os primeiros socorros, abrir um b.o e dei detalhes do que tinha acontecido, eles chamaram uma assistente social e com ajuda dela eles conseguiram ter o depoimento da Júlia que contou tudo desde o começo quando ele começou a machucar ela e logo em seguida a júlia veio me dá o número de telefone da mãe dela que estava anotado na agenda, o policial pegou e ligou para mãe dela comparecer na delegacia, eles solicitaram duas ambulâncias uma pra mim ir para o hospital fazer corpo de delito e a outra foi junto com a viatura para casa da júlia socorrer o pai dela, a mãe dela levou ela pra fazer o corpo de delito, e assim que terminei de fazer o meu exame de corpo de delito a mãe dela me deu o número do telefone dela, em seguida a minha família chegou eu fui pra casa. No dia seguinte a mãe da júlia me ligou perguntando se eu poderia se testemunha, porque ela queria solicitar a guarda da Júlia de volta e iria colocar o pai dela na cadeia, eu não pensei duas vezes em querer ser testemunha. Foram longos meses até concluir tudo, a mãe da júlia consegui a guarda dela, o pai dela fez um boletim de ocorrência contra mim por agressão, eu respondi por isso, mas não deu em nada porque ele me agride primeiro e foi legítima defesa, ele não foi preso porque ele conhece muitas pessoas importantes que livraram a cara dele, simplesmente me pagou uma indenização e desde então ele vem perturbando a minha vida e seu pegar ele vou dar outra surra nele, não me arrependo de nada que eu fiz e faria tudo de novo para proteger a minha garota.