Uma Preocupação...

Zac quando separava um tempo para desenhar fazia disso seu único foco, ele. O homem sentou no balcão de sua casa que fazia uma divisória entre a sala e a cozinha e pegou um lápis ao seu lado o levando de encontro com o papel abaixo da sua mão. Este ainda era seu passatempo favorito e a e a sua paixão de alma.

O contraste acinzentado por cima da face do cavalo estampado a página branca de sulfite deixava a arte com um ar mais realista.

Ele estava focado e concentrado em deixar o cavalo realista da forma que queria. Zac puxou os seus óculos para a ponta do seu nariz para poder visualizar melhor a sua obra. O rapaz só usava os seus óculos para ler ou desenhar, e normalmente ele optava mais por suas lentes de contato. Um suspiro agudo seguido da sua mão se erguendo até o copo de água que havia no seu lado já deixava claro que estava mais sendo estressante do que relaxante o seu hobby. Zac deu um gole no líquido e esfregou a língua suavemente pelo lábio inferior quando ouviu o seu celular tocando.

- Oi, mãe - Era Rose ligando para saber onde o seu amado filho estava.

Depois que ela soube que Bia voltou para o Brasil a sua inquietação tomou conta da sua mente e ela estava mais preocupada que o comum.

- Oi, meu filho. Onde você está?

- Estou em casa, algum problema?

- Não... Não, está tudo bem. - ela não conseguia nem fingir está tranquila.

- A senhora está bem? Parece nervosa.

- Não. Só estou com saudades, não quer vir aqui para casa?

- Estou querendo descansar um pouco - ele larga o lápis em cima da mesa e tira os seus óculos do rosto - Tô tentando me acostumar de novo com tudo.

- Não tem que se acostumar com nada - Rose repreende - você vai voltar em breve para Massachusetts.

- Eu sei mãe, mas vou ficar aqui até o fim do mês, então querendo ou não estou um pouco desacostumado. - explicou.

Rose jogou glamourosamente os seus cabelos para o lado com uma pintada de elegância enquanto ainda pensava bem sobre o seu filho. Não era como se ela quisesse ser uma mãe canguru que leva o filho no seu marsúpio, mas as vezes o excesso de preocupação dela poderia ser sufocante ou até mesmo um pouco narcisista. Se bem que criar e obrigar um filho desde pequeno para seguir determinado caminho e fazer ele se sentir mal só de cogitar traçar uma rota diferente, já é algo bem preocupante.

- Fica bem meu filho, passe aqui mais tarde, pois eu quero te ver.

- Pode deixar, mãe. Farei um esforço.

Depois de desligar o aparelho, Zac se levantou e foi até a cafeteira Nespresso de cápsulas e preparou um expresso delicioso que fazia o seu aroma chegar até o quarteirão. Ele pegou a sua xícara de porcelana personalizada com "medicina é minha vida" comprada pelo seu pai e dada de presente para ele quando o jovem iniciou o seu curso.

Um gole era como uma doce morte, dois era como a chegada no paraíso. Era esse dilema que ele usava quando saboreava a bebida mais consumida do mundo.

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Agoniado sobre os negócios da fábrica de cosméticos, o seu esposo pega o celular e aponta para Carolina ver alguns investimentos da empresa sobre a nova linha glow que seria lançada daqui duas semanas.

- O que acha amor? - Léo perguntou coçando o queixo pensativo.

Carolina lançou-lhe um olhar ambicioso enquanto os seus olhos percorriam as palavras escritas no iPhone 15 pro max de capa branca, analisando a todo projeto de expansão da empresa do seu amado marido.

- Está perfeito. Só temos que contatar alguns digitais influencer para as publicidades e estampar a notícia nas capas de revistas mais influentes da mídia.

- Vejo que está bem animada com isso.

- Estou mesmo. A nossa vida está uma maravilha. - a mulher ergue a sua mão levando até a caixa de joias, tirando dois pares de anéis de Ouro Branco e põe dois anéis em cada mão.

- Só estou preocupado com esse sumiço de Laian. - comentou Léo ainda tenso com o desaparecimento do homem.

Os olhos de Carolina pareciam tão furiosos a ponto de querer degolar o seu marido no mesmo momento em que ela viu esta frase sair da sua boca. Para ela era impossível que mesmo após o suposto irmão dele ter abusado da sua filha ele ainda se preocupasse com o bem-estar do abusador

- Como pode você se importar com aquele homem? Você se preocupa tanto com ele mesmo depois do que ele fez com a nossa filha?

- Não, minha querida, não é que eu me importo com ele, mas você sabe que nós estamos numa lista de suspeitos sobre esse desaparecimento e se ele não aparecer até o lançamento da nova linha, isso pode comprometer os nossos negócios e até mesmo manchar a imagem da empresa e da nossa família.

Ela respirou fundo e revirou os olhos voltando a sua atenção para sua caixa de joias novamente, mas dessa vez retirando de lá uma pulseira de pérolas brancas a base de Esmeraldas. Ela pareceu mais tensa dessa vez, o seu rosto descaiu e os seus olhos abateram-se.

- Não entendo porque os direitos humanos, a justiça e a polícia está tão preocupada com esse homem que não faz diferença nenhuma na sociedade a não ser causar o mal para as pessoas. - comentou nas entre linhas.

Léo percebeu o semblante da sua esposa se abater e pondo-se de pé caminhou até ela a abraçando por trás e enrolando os seus braços em volta da cintura dela, logo proferiu-lhe um beijo no pescoço e aproximou os seus lábios no ouvido dela de forma sutil e sensual.

Ele sabia que, no fundo, ela se sentia mal e incapaz por não ter, de alguma forma, protegido Bia ou ao menos prestado um apoio e suporte para ela nos momentos ruins em que ela tinha passado.

- Não se sinta mal. Você não tem culpa de nada...

Ela inclinou os seus olhos.

- Eu tento acreditar nisso, mas toda a vez que eu lembro a boba que eu fui com ela...

- Ei, Carolina, você não tinha como saber. - a sua voz doce fazia de tudo para acalma-la e convencer o coração dela de que ela não tinha nada que fazer.

Carolina se vira pra trás ficando frente a frente com seu esposo. Sua mão sobre a gola da camiseta social dele enrolava o tecido para dentro ajeitando a vestimenta do homem. O seu sorriso agradecido pelas palavras é acompanhada de um olhar de ternura.

- Você é um fofo.

- E você é uma querida. Eu...

As palavras entalaram na metade do caminho e parecia que completar aquela frase seria como vomitar algo.

- você... - ela esperava ouvir aquilo sair da boca do seu esposo depois de tanto tempo.

- Eu admiro sua força.

- força?

A frase tomou outro rumo e não foi formada da forma que ele queria. Talvez depois de tanto tempo sem praticar a frase 'eu te amo' ele não sabia mais falar de forma clara dos seus sentimentos. Às vezes Léo tinha um surto de paixão sobre a sua esposa e demonstrava algum afeto, mas normalmente eram somente sobre negócios que os dois conversavam, na hora de dormir, na vez que ela estava se maquiando ou na hora que ele estava fazendo a barba todos os assuntos colocados em dia eram sobre a empresa.

- Agora ela parece está feliz. - comentou Léo mudando de assunto.

- Ela está com aquele rapaz, e ele parece ser uma pessoa bacana.

- Eu ainda não confio muito nele, mas sei que ela sabe tomar decisões melhor que ninguém.

- Mas... Será que ela não sente mais nada pelo Isaac? - Carolina estava em dúvida sobre os sentimentos da sua filha.

- Eu acredito que ela foi tão intensa com ele, que ela não vai ser assim nunca mais.

- Bia amou ele, e eu nunca vi ela assim com ninguém. Ela contou do abuso primeiro para ele do que para nós. Ele era bem especial para ela.

- Eu tentarei de tudo para nossa filha ser feliz.

- Eu não vou tentar, eu vou fazer de tudo para ela ser feliz - Carolina disse determinada e com os seus olhos dignos de dar medo em qualquer um que quisesse passar na frente da sua família.

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Quando desceu para assistir um pouco dos mais variados programas de tv. que havia no pacote contratado de canais fechados, Léo viu Thomas sentado mexendo no celular com uma cara emburrada e extremamente chateada.

Ele estranhou ver o jovem que normalmente era tão alegre com uma cara fora do seu costume.

- Jovem Thomas - Léo bradou descendo degrau por degrau da longa escada.

Thom virou a sua cabeça por trás do ombro para ver quem lhe chamava, e ficou surpreso.

- Sr. Leonardo?

- Por que está com essa cara tão abatida?

O rapaz respirou fundo se pondo de pé até que o homem chegasse de frente a ele.

- Estou bem. E o senhor? Está bem?

- Estou sim. Quero conversar um pouco com você.

Assim que Léo chegou ao lado do seu genro os dois sentaram-se no sofá. Thomas estava um pouco tenso com o rumo que poderia se levar na conversa repentina do seu sogro.

- Comigo?

- Sim, quero falar contigo.

- Ah claro, pode falar. Algum problema?

- Não - balançou a cabeça - quero falar sobre a minha filha, a Beatriz.

Thomas suspirou e abaixou os olhos. Talvez contar que ele estava planejando não investir em mais nada com Bia não pegaria bem ao sogro que veio fazer a tradicional cena de perguntar "quais são seus interesses com a minha filha".

- Pode falar - ele assentiu em prosseguir com o assunto.

- Bia sempre foi uma menina fechada e nunca namorou na vida.

- Nunca namorou...?

Léo por um segundo esqueceu que para as pessoas de fora o casamento da sua filha era válido e não uma união por contrato. Na verdade ninguém fora da família além de Juan e Liz sabia que o casamento era falso.

- Bom... Ela se casou, mas foi no calor da emoção, não teve aquele gosto do namoro.

- Ela comentou isso, mas não me disse que era um casamento. Beatriz me disse que teve um relacionamento sério.

- Minha filha não gosta muito de falar sobre o antigo companheiro dela. Casar não era algo que ela estava pronta para fazer.

Thomas tentava focar em Léo, mas parecia impossível fingir se importar com o que ele falava no momento em que o rapaz planejava terminar o relacionamento que mal começou.

- Entendo... - o desdenho na sua voz chamou a atenção de Leonardo.

- Vocês estão bem?

- Eu estou.

- Eu digo você e Beatriz. Vocês brigaram?

- Não. Não brigamos. Só estou um pouco confuso ainda.

- Confuso sobre os seus sentimentos por ela? - Léo pareceu um pouco incrédulo. A dúvida sobre amar alguém não parece nada ideal numa relação.

- Não. Eu estou confuso sobre os sentimentos dela por mim. Beatriz não parece gostar de mim tanto quanto eu gosto dela. - Thomas soltou um leve desabafo.

- Só o fato dela apresentar vocês para nós já mostra que tem algo muito profundo que vem do coração dela. Bia pode não demonstrar muito o que sente, mas ela deve te amar muito.

- O senhor acha? - por um momento o vagalume da esperança brotou no coração do rapaz apaixonado.

- É claro, acha mesmo que ela iria querer apresentar você a nós? - questionou Léo apertando o ombro de Thomas que o encarava pensativo.

Terminar com sua namorada não era o real desejo do jovem, mas ele sabia que insistir e instigar um relacionamento onde somente ele entregava seus sentimentos a jogo enquanto ela nem assumir o compromisso com ele queria, seria doloroso para ambos

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