Uma Preocupação, Uma Alegria e Um desgosto.

Pulseiras de ouro branco em volta do punho e unhas bem-feitas e pintadas na cor vinho, cor está amada por ela. Não podemos esquecer dos cabelos ondulados tingidos de um castanho-claro e enrolado com babyliss. Mesmo que a idade chegasse para todos, com Rose era diferente.

— Eu quero o colar mais bonito da nova coleção australiana, de esmeralda com pérolas. — a mulher ordenou a vendedora de cabelos escuros e uniforme bem passado.

— Pode deixar, senhora.

Agora que a farmacêutica ia lucrando milhões por mês aí sim, que Rose abusava do direito de ostentação e glamour. Talvez até mesmo para esquecer da época em que as ações da empresa do seu marido estava prestes a falir, Rose aproveitava tudo do bom e do melhor, e os seus olhos brilhavam só de ver as joias expostas em cima no balcão de vidro cristal da joalheria a qual ela uma vez por mês passava para deixar uma fortuna.

Um largo sorriso nos lábios dela, coberto de batom vermelho-escuro, se abriu quando os seus olhos viram a funcionária caminhando na sua direção com uma caixinha de veludo em mãos, mas logo ele desmanchou-se quando ouviu o celular na sua bolsa começar a vibrar.

- Quem será que incomoda?

Mesmo nem um pouco interessada, ela pega o seu celular na bolsa. Vai que a ligação poderia ser de um dos seus amados filhos ou até mesmo da sua consultora de moda e estilo.

Os seus olhos se entortam quando constatam que não é nenhuma das duas opções acima, mas sim Luciana.

Luciana não é alguém que mantém muito contato com Rose por telefone, mas sim presencialmente, por isso a surpresa. Mas todas as suas ligações que ela fazia era porque a mulher de meia-idade havia descoberto algo que não poderia esperar para contar. Luciana era aquele tipo de amiga - entre aspas - "amiga" que contava todos os babados para Rose, mas Rose como não era boba não contava nada da sua vida para ela.

- Luciana?

- Rose, preciso falar com você.

A mulher revira os olhos enquanto acena para a vendedora deixar o colar em cima do balcão para ela verificar depois.

- Pode falar, mas seja rápida.

- Você ficou sabendo?

- Sabendo do que? - Rose toma em mãos o colar erguendo a altura do seu rosto e grudando os seus olhos sobre a jóia a examinando detalhe por detalhe.

- A filha da Carolina, Beatriz...

Rose trava só de ouvir o nome da sua nora. Ou melhor, ex-nora.

- O que têm?

- Ela voltou para o Brasil.

Rose arregala os olhos e fica extasiada ao ouvir a notícia nada agradável vindo da sua informante. Ela respira fundo indignada e o seu bom humor se transforma em agonia de saber que ela voltou a respirar o mesmo ar que aquela garota.

- Você tem certeza? - questiona - disseram que ela fugiu para outro país para viver sozinha, e agora ela volta assim do nada?

- Sim, amiga - a voz puxada da mulher que tinha um forte sotaque do sul deixada tudo mais irritante para Rose - e isso já vai fazer uma semana, mas só fiquei sabendo agora. Parece que uma amiga dela vai se casar e ela veio participar da cerimônia e da festa.

Pelo menos Luciana dessa vez entregou uma notícia completa sobre algo e que era verdade, não quando ela espalhou para todas do ciclo de conhecidos que Zac se separou de Bia porque ela era extremamente possessiva e ciumenta - se bem que isso não é cem porcento mentira.

Rose se viu um pouco inclinada a se preocupar de por um acaso haver chances de reaproximação entre o seu adorado filho e aquela esmilinguida de cabelo roxo e língua afiada. Era isso que ela ainda pensava de Bia, na cabeça de Rose era impossível aquela menina evoluir ou ficar pior do que aquela malcriada já era.

- Ela está na casa dos pais dela? - perguntou enquanto respirava fundo.

- Sim, parece que está.

Rose suspirou quase como uma modelo depois de desfilar por metros de passarela. Na verdade, Rose queria se convencer a acreditar que Zac estava mais maduro e não se deixaria guiar as suas decisões e pensamentos pelo passado. Aliás, depois de tanto tempo era impossível ele ainda sentir algo por Bia e Bia sentir as mesmas coisas de anos atrás por ele.

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Liz agia, se comportava e se vestia como uma verdadeira princesa. Ela era como aquela típica garota que cheirava a perfume doce, filha única de um homem milionário que cuidava dela como se fosse uma joia raríssima, então para isso Juan teve que batalhar muito para conquistar o seu sogro. Era mais fácil conquistar a sua sogra se ela vivesse ao lado da filha e não do outro lado do mundo.

Quando os pais de Liz se divorciaram ela tinha apenas dez anos de idade. Para ela que sempre conviveu num ambiente onde o pai passava boa parte do tempo viajando e a mãe fora de casa conhecendo caras novos, essa era mesmo a melhor decisão que os dois poderiam tomar, mas... Com isso ela não pensou que além de se separar de seu pai, sua mãe também se separaria dela.

- Pai, eu e Bia só passamos aqui porque eu esqueci o meu cartão. - Liz explicou ao seu pai que estranhava ver a sua amada filha com a amiga dela em casa.

Bia se aproximou de Osmar, um homem de um metro e pouco, e um topete para cima sustentado por um bocado de gel capilar.

- Nós vamos experimentar alguns vestidos para a cerimônia e a festa que ela vai dar, mas a anta da Liz esqueceu de pegar o cartão - por um momento Bia esqueceu que estava falando com o pai da anta.

- Anta...?

Pelos olhos indignados de Osmar pareceu que ele não curtiu muito o substantivo usado para se referir a sua filha.

Bia comprimiu os olhos e mordiscou o lábio tentando pensar em como retratar o que ela quis dizer com isso.

- Hã...na verdade... Eu quis dizer planta - corrigiu com um ar nada convincente - eu chamo ela de planta de Orquídea Gastrodia. É um apelido carinhoso, sabe?

- Orquídea... Gastrodia? - indagou

- Sim. - ela assentiu na mesma hora quando viu sua amiga descendo as escadas com o cartão em mãos.

Liz desceu e Bia foi correndo até ela.

- Vamos? - insistiu - Estamos sem tempo.

- Tudo bem.

Osmar fitou a sua filha e em seguida Beatriz com uma cara desconfiada.

- Bem, vou mandar o meu motorista levar vocês. Não confio nesse negócio de carro por aplicativo.

Liz sorriu para seu pai com um semblante agradecido e adocicado e achegou-se perto dele dando um beijo delicado na sua bochecha. A jovem aprendeu a amar duplamente seu pai, como pai e como mãe. Não era necessário que sua genitora estivesse ao seu lado se ela tivesse que escolher entre seu pai e sua mãe.

- Obrigada, papai. Já já estou de volta para o jantar.

- Para o jantar? São nove da manhã, não seria o almoço? - ele perguntou confuso enquanto coçava a sua barba áspera.

- Vou almoçar com a Bia, se não se importa.

Osmar conhecia Bia desde que as duas conheceram-se na escola, embora ele tenha percebido a mudança de Bia no passar de cada ano, Osmar sabia que a amizade das duas era algo fraterno, principalmente para Liz que não tinha nenhum irmão ou irmã.

Elas desceram gargalhando, com certeza de alguma piada sem graça que Liz contou e foram direto para a parte de frente da casa onde o motorista já aguardava-as com a porta traseira do Rolls-Royce Phantom 2023, um carro sedã importado inglês nada simples, abertos para que as moças pudessem entrar.

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Ele parecia nada confortável de ter vindo ao Brasil com Beatriz. Talvez se ele tivesse permanecido na França, Thomas poderia está produzindo algo para a empresa que ele trabalhava, empresa essa que era uma biblioteca, ah claro, foi nessa biblioteca que ele conheceu Beatriz. A jovem que começara a investir na sua carreira como escritora havia ido vender alguns exemplares na l'art de lire, um intermediador de leitores e escritores. Talvez quando ele se aproximou para perguntar sobre o que era o livro dela e Bia sorriu ao ouvir a pergunta, isso fez o coração dele borbulhar e traçar uma rota entre ele e ela.

Ele só nunca imaginou que essa rota daria erro e o GPS faria ele dar voltas e voltas sem chegar a lugar nenhum. Ou melhor, talvez agora eles cheguem a algum lugar. Quando voltarem para a França talvez.

Esse banho gelado que ele tomava enquanto tentava esfriar a cabeça, era aquela tradicional cena de um gato molhado em baixo do chuveiro com o seu corpo musculoso sendo encharcado e cada molécula de água deslizando no seu tórax. O que diferenciava mesmo isso de qualquer outra cena de qualquer outro cara era que Thomas logo após desligar o chuveiro, ele para, olha para sua mão e depois respira fundo se segurando para não dar um soco na parede. Parece que algo além do seu relacionamento o deixava estressado e machucado.

Aquela insuficiência de anos atrás, de quando uma vez, em uma primavera, Thomas chegou com flores de íris lavanda para sua amada noiva no aniversário de namoro deles e viu ela deitada na sua cama nua aos beijos com o seu primo, que era mais que primo, era como se fosse seu irmão. Thomas mesmo não querendo, voltava a remoer se ele era realmente o que uma mulher queria. Mesmo sendo bonito, inteligente, leal e simpático, alguma coisa parecia fazer falta para ele ser amado de verdade por alguém. Beatriz no início era amorosa com ele e fazia ele se sentir bem consigo mesmo, mas depois de um tempo isso foi se desgastando quando ela e ele passaram a primeira noite, juntos.

Talvez esteja na hora de desistir dessa palhaçada, estou cansado de ser um otário que as mulheres fazem de idiota, estou cansado, chega!

Thomas já estava indignado dessas coisas e até pareceu um redpill falando desse jeito. Só faltava ele inventar de assistir homens 'Alpha' no instagram enquanto tomava vinho tinto e fazia um ‘podcast’ imaginário.

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