Interesse

" Ei, diga-me uma coisa, essa pessoa é realmente importante pra você?

Seja sincero e responda com firmeza. Ela é importante para você ou ela TEM algo importante PARA você?

Ela enche o seu coração ou preenche os seus interesses? [...]"

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 - Esse ficou bom. - Zac comentou enquanto via Juca ansioso em saber a opinião do seu amigo sobre o seu refinado terno preto costurado sob medida a qual ele experimentava.

- Eu estou um pouco nervoso - ele respondeu deslizando seus olhos sobre a vestimenta e abotoando ao paletó de forma totalmente desproporcional. O botão de um espaço ele abotoava sobre o outro, deixando tudo torto.

Nem dava para perceber o nervosismo dele, não é mesmo?

Zac estava sentado na confortável poltrona da luxuosa loja de frente para o provador, com uma perna apoiada sobre o seu joelho, como um homem comum se senta, e a sua mão servindo de apoio para seu queixo. Ele era como um style de moda para seu amigo, sua opinião era como a cereja do bolo de chocolate em qualquer padaria.

- Relaxe, vai dar tudo certo e o seu casamento será do jeito que você sempre quis. - Zac se levantou enquanto falava palavras de ânimo e conforto para seu parceiro.

Juan olhou ao seu reflexo no espelho a medida que ia ajeitando a gola do seu terno. Ele inclinou os seus olhos sobre a vestimenta e respirou fundo meio chateado com a cor.

- Ela pediu cor preta intensa, isso é preto fosco.

- Está perfeito esse terno Juca, você tem que escolher a sua roupa, não ela. - Zac deu uma tapinha no ombro do seu amigo - Você não exigiu nada sobre o vestido dela, então ela não deve cobrar tanto de você. Se acalme.

- Eu sei, mas quero que ela goste disso. Você me entende? - ele esfregou um lábio sobre o outro - quando você era casado com a Beatriz ela também era mandona. Como você lidou com isso?

A pergunta repentina deixou Zac sem respostas. Ele pensou um pouco tentando olhar somente pelo lado conjugal, sem romance em cena.

- Ela era bastante exigente, mas com calma eu conseguia domar o jeito bruto dela - ele sorriu ao lembrar. - Bia era agia muito na defensiva.

- Por que vocês se separaram? Não se amavam tanto ou foi por causa do fim do contrato?

- Na verdade... - Zac parou na mesma hora que percebeu o que o seu amigo havia-lhe dito - contrato?

Isaac não havia falado ou comentado nada com o seu amigo sobre o casamento por contrato. Nessa hora ele ficou sem reação e indagando sobre como ele sabia disto.

Zac franziu a testa e com um olhar assustado e desconfiado prosseguiu.

- Como... Como você sabe?

- Você acha que eu sou bobo? - Juca continuou encarando o próprio reflexo no espelho, mas dessa vez sua cara de decepção não era sobre a roupa.

- Não. Não te contei porque ela não queria que soubessem. - ele tentou justificar ainda atordoado - Eu também não queria explanar sobre o motivo do casamento.

- Mas eu era e sou seu melhor amigo. Não acha que deveria me dizer a verdade?

- Eu sei, mas era algo tão... - Zac tentava encontrar palavras que compensasse - novo para mim.

Juan virou-se com firmeza olhando olho no olho de Isaac que tentava discernir a expressão do seu amigo.

- Zac, você é meu brother. - ele riu não deixando nenhum ressentimento tomar a sua amizade - Eu entendo que tem coisas que você não tem que falar ou contar para alguém, mas saiba que pode confiar em mim, falô?

Zac se sentindo extremamente aliviado ao ouvir isto vindo de Juca. O seu parceiro de anos continuava sendo compreensivo apesar de tudo.

- Foi mal. Você conhece mais sobre mim que os meus irmãos de sangue. - ele suspirou e deu uma leve risada - agora me diga, como você descobriu?

- Liz. Ela acabou comentando sobre o real motivo do casamento e porque não durou.

- Foi ela que te disse tudo?

- Sim, mas não fique bravo com ela. Eu perguntei qual seria o motivo de vocês se amarem tanto, mas não ficarem juntos. Ela pensou que eu já sabia pelo fato de ser seu amigo há anos. - revelou

Zac não tinha que ficar chateado com a noiva do seu amigo.

Ela foi mais leal a Juca do que ele mesmo. Não escondeu segredos e estava sempre alimentando a conexão e a confiança entre os dois.

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Todas essas novas informações sobre sua família marinaram na cabeça de Beatriz. Mas, uma coisa que deixou ela mais do que contente foi saber que o sangue que circulava no corpo de Laian não era o mesmo que o dela e de toda a sua família.

A sua avó defendeu ele com unhas e dentes acreditando que aquele homem era filho dela. Coitada! Na verdade, bem-feito! A mulher morreu sem nem saber que o seu primogênito não era seu filho verdadeiro e biológico.

Bia respirou fundo e subiu até o seu quarto para espairecer e tentar colocar os seus pensamentos no lugar. Ela tentou esquecer por um momento sobre o infeliz, mas ela para de pensar em como a sua vida teria sido completamente diferente se não tivessem colocado Laian no lugar do bebê morto era algo praticamente inevitável para a jovem naquele momento.

Bia estava aprisionada nos seus sentimentos e cogitações. Era doido saber que mesmo que quase impossível, tudo aquilo poderia no fundo ter sido evitado. Seus pensamentos iam tão longe que ela nem se deu conta quando Liz entrou no seu quarto.

- Buuuh! - A sua amiga gritou no intuito de assusta-la, como ela fazia quando as duas eram crianças e iam dormir juntas na festa do pijama que Bia organizava nas férias.

E ela conseguiu isso mesmo.

Bia quase caiu pra traz e sentiu sua arritmia cardiaca subir de tal forma que parecia que ela ia desmaiar. Calma, sem exagero.

- Liz! - ela não deixou de demonstrar sua fúria para sua amiga - Qual necessidade disto?

Liz gargalhou igual uma boba, vendo a cara sua amiga toda contorcida parecendo que tinha chupado um limão aberto deixado em uma geladeira, e caminhou se sentando na beirada da sua cama toda a vontade. Se sentindo literalmente em casa. Faltou tirar os sapatos e deitar para tirar um cochilo.

- Você me fez subir todas aquelas escadas, bem-feito. Devia ter me esperado lá em baixo.

Beatriz suspirou se esforçando para parar de pensar naquilo e focar em sua amiga e em sua irmã Clarice.

- Eu subi para pegar um negócio, mas deixa; vamos? - ela parecia meia desconfortável e Liz percebeu.

- Você tá bem? Parece tensa.

- Estou bem, só estou um pouco cansada - ela bufou com a boca e sorriu em seguida fingindo que era apenas um cansaço comum do seu dia a dia - vamos?

- Vamos. - Liz se levantou da cama retribuindo o sorriso e pegou na mão de sua amiga - Vamos primeiro experimentar o seu vestido de madrinha e depois uma roupa para você usar na festa de amanhã a noite.

- Festa...?

- Sim, a despedida de solteiro. Lembra?

Os olhos de Bia rejeitaram o convite na mesma hora.

- Liz, eu não vou.

Liz se entristeceu ao ouvir a resposta firme de sua amiga.

- Por que, Bia?

- Porque não dá, Liz.

- Mas por que não?

- Eu... - nem mesmo Bia sabia porque ela não queria ir.

- É por causa que Isaac estará lá? - supôs ela

Bia negou balançando a cabeça com muita intensidade nos movimentos. Parecia que uma hora dessas o pescoço dela ia desmontar pra fora da cabeça igual de uma boneca.

- Claro que não, Liz - ela afirmou com um tom calmo - eu sou bem resolvida comigo mesma e com ele.

- Você ainda ama ele. - Liz sabia e falou sem medo de repressão por parte de sua amiga.

Beatriz soltou a mão de sua amiga e deu dois passos para trás com um olhar fulminador para ela.

- Não diga bobagem. - a sua voz mudou de calma e serena para séria e autoritária. De tom doce para um tom grave. Talvez certas palavras e afirmações poderiam deixar ela desconcertada.

- Você ainda ama ele - ela repetiu de novo, mas dessa vez com mais firmeza - você não quer mais amar ele, por isso se afasta. Mas duvido que se ele beijasse outra e a chamasse de amor na sua frente se você não ficaria estremecida.

Que ousadia foi essa de Liz confrontar os sentimentos de Beatriz. Porém, para Bia isso foi choque. Os olhos da jovem saíram de furiosos para melancólico. Ela nunca mais iria expressar verbalmente o que sentia no coração, seria sempre em poemas, poesias e contos desconexos com a realidade. Mesmo que tudo que ela sentia por Zac era um carinho distante, afirmações dessa tinha um certo tipo de poder sobre ela.

- Liz... - ela respirou fundo e aproximou-se - eu passei três anos longe dele, não tem como alimentar sentimentos por alguém que você nem sequer viu neste tempo todo. Eu sinto um carinho e uma gratidão por ter conhecido ele, mas chega.

Bia estava calma e não queria discutir com Liz. Principalmente sobre isso. Mesmo que essa amizade fosse longa, ela precisava de privacidade sobre as suas emoções. Há coisas que nem mesmo uma pessoa que viveu com você a vida toda irá entender.

- Eu estou bem assim, com a minha carreira, com Thomas e ele está até saindo com outra mulher - ela relembrou do encontro de Zac com Cecília na cafetaria.

Liz atravessou os seus dedos entre os seus cabelos e suspirou tentando não falar mais do que devia

- Bia, eu sei, mas...

- Vamos descer logo? - ela não deu nem tempo de sua amiga completar a frase. - não devemos demorar.

. Bem, Liz, você está a deixar sua amiga desconfortável. Chega de falar disso, ok?

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