Querida Princesa Coração.

No dia seguinte, após uma longa noite de sono, Zac se pôs de pé logo pela manhã e tomou um delicioso banho antes de ir preparar o seu café da manhã.

Alguns ovos mexidos, uma xícara de café com leite e um copo de suco de couve e limão. O homem se serviu pegando também o seu computador portátil para verificar as notícias enquanto apreciava a sua refeição.

Inflação alta, morte, dois policiais mortos após um rapto numa investigação de corrupção, mais morte, roubos e mais meia dúzia de notícias desagradáveis para iniciar o dia.

Com um alto suspiro e seguindo de um gole no seu café, Zac saiu da página de notícias e preferiu entrar em alguma das suas redes sociais.

Antes ele não tinha nenhum perfil, mas depois de um tempo ele criou para poder registrar e compartilhar com os seus amigos mais próximos.

Em seu feed, não era como a de qualquer outro homem normal que segue e curte fotos de mulheres esbeltas com a sua pele a mostra e cobrindo-se de uma pequena lingerie de renda. Não era como se ele fosse obcecado pelo corpo feminino e precisasse ver e consumir aquilo em todo o seu cotidiano para provar a si mesmo que era um homem. Claro que fotos e vídeos de algumas de suas amigas apareciam ali, mas nada que fosse do tipo: meu Deus, como sou louco pelo que estou vendo e preciso curtir essas publicações para alimentar minha energia masculina.

O foco para ele era sempre que entrasse nas suas redes sociais, visse que aquilo que aparecia para ele refletia no que se tratava os seus interesses reais. Então se ele queria ser um médico, ali apareciam sugestões de medicina, pediatria, neurologia e enfermagem.

E outra coisa que lhe agradava muito nisto tudo eram vídeos sobre a arte contemporânea. Desde quadros lisonjeados tratando sobre a dor, a cura e os sentimentos humanos e híbridos, até climas sociais separados por fogo e água. Não clima ambiental. Não estamos a falar disso, mas sim de pessoas que se refrescam e pessoas que se queimam na sociedade. Mas isso é assunto para outra hora. Talvez sobre os poemas de Bia em outro capítulo.

Mas, uma publicação apareceu para ele e lhe deixou abismado e focado naquilo de maneira concentrada.

"Quando os seus olhos são hipnotizados por um mero alguém, isto se trata de atração. Quando o seu corpo se trava nesse bem, isso se denomina paixão; mas quando a sua mente e o seu ser escreve o nome dele no seu coração, chegando a entoar um grande e brado louvor isso sim, meus queridos, que eu chamo de amor."

Ele folheou com seus olhos cada palavra escrita naquele poema e ficou ainda mais boquiaberto quando viu de quem vinha a sua autoria.

— Beatriz...?

Ele sabia que ela era poetisa, e óbvio que ela escrevia além de poemas, contos, poesias. Mas era um pouco estranho saber que ela havia retratado sentimentos num papel que agora estava estampada em uma "página de amor e café" — literalmente esse é o nome da página.

Então, não satisfeito, ele desceu aquela aba e decidiu pesquisar um pouco sobre a carreira promissora da sua ex-esposa. Zac pesquisou direto pelo nome dela no navegador.

Dados como onde nasceu, quantos anos tinha e nome completo era algo que qualquer celebridade tem registrado na mídia.

Ele decidiu entrar, então, no perfil da galeria de artes onde ela trabalhava e conhecer um pouco mais sobre os seus trabalhos e projetos na França.

Ele teve que confessar a si mesmo que no fundo Bia ter ido embora fez com que ela conhecesse o melhor lado dela mesma. O coração dele ainda se inclinava de orgulho e compaixão por aquela garota.

O mouse se deslizava na mesa enquanto os seus olhos percorriam toda a tela do seu notebook assimilando e raciocinando — ou ao menos tentando — aos poemas e contos de Beatriz.

"Um dia, um pequeno e curto dia, havia uma donzela chamada Coração, nomeada assim por sua mãe, Rainha de Todos, que prometia entregar todo seu amor a sua nação nem que custasse seu próprio coração. A dama saiu do reino de seu pai, Rei Próspero, e ficou presa em um castelo perto dos rios de águas verdes e florestas de árvores regadas de plantas vermelhas e rosadas, mas que escondia por trás daquela arte natural espinhos venenosos, mas diferente das outras ela não deitou para dormir, e sim tentou sair pela janela daquele longo e grandioso lugar. Porém, como em outros contos, havia ali um dragão. Sim. Ela ficou presa com um dragão forte, grande e que cuspia fogo com enxofre que queimaria até mesmo a sua língua se ele não fosse acostumado com aquilo. Mais tarde, passou anos e anos e então farta de viver as sombras daquele bicho horrendo, ela decidiu questiona-lo.

- Por que não me permite sair desse castelo? — ela perguntou com seus olhos tortos e demonstrando fúria na sua voz.

O dragão então, sorriu e respondeu.

— Por que meu dever é te guardar e te manter aqui nesse lugar, meu zelo por você cede além dos contos, eu estou aqui para te proteger dos caçadores e príncipes, sei que a liberdade é agradável aos olhos, mas está aqui lhe abençoa muito mais.

— Mas se sabe que eu almejo ser livre, por que não me deixa ir? — a jovem princesa continuou lhe questionando.

O dragão então se aproximou dela e suspirou permitindo um maço de fumaça escapar da sua boca.

- Por que sei que se entregar você a alguém, o dito cujo irá me ferir e também lhe tornará infeliz lhe usando para tomar o trono de seu pai após levar sua mão em casamento, mas comigo aqui, afastando os príncipes e mantendo-me numa forma rude e horripilante, estaremos salvas. Você não irá sofrer e o príncipe não irá me matar ou me ferir, pois sabem que se derrubar ou invadir o castelo você também morrerá.

A princesa com seus olhos peregrinos e confusa de saber continuou:

- Mas se você me entregar ao príncipe você ficará livre e eu sairei feliz com o futuro rei, se não tu morrerá nas mãos dos cavaleiros ou preso neste lugar.

- Não querida princesa Coração - repreendeu a fera de forma decidida - o príncipe não entra no castelo para lhe salvar, e sim para me ceifar e possuir do título de um ser que destruiu e aniquilou uma fera. E outra, o cavalheiro que se casar contigo não lhe fará feliz, porque ele não lhe salvou por amor, mas sim por um cargo e um nome grandioso no reinado do seu pai. [...] - Coração, Querida Princesa."

.

Zac ficou perdido e perplexo ao ler ao conto da jovem mulher. O que Beatriz quis declarar através daquela história? Se tratava dos sentimentos dela, sim, era certeza, mas quem era o príncipe que só queria salva-la para ter um cargo no reinado? Por que os personagens tinham nomes tão diretos? O dragão simbolizava o que nessa curta história?

Eram tantos questionamentos para uma manhã que ainda não havia passado das sete. Isso uma hora ou outra iria deixar ele maluco.

Ele abaixou a tela do seu computador e pensou por alguns segundos.

- Eu que eu estou fazendo? - ele perguntou a si mesmo indignado - Eu estou agindo igual um bobo. Eu tenho que esquecer ela! - a sua boca disse tentando convencer o seu coração.

.

.

.

Do outro lado da cidade, Bia também se levantava da sua cama e ia tomar um banho e preparar o seu café da manhã, ela separou alguns ovos e preparou três panquecas e as cobriu de mel por cima.

Ela sentou-se na mesa da cozinha se confortando, pegando seu copo para saborear sua bebida e Carlotta já apareceu na cozinha com avental em mãos para preparar o café da manhã para o restante da família

- Acordou cedinho hoje, ainda não são nem sete horas.

Bia sorriu de canto com sua cabeça erguida e mordeu a sua panqueca a degustando saborosamente.

- Sim, vou sair daqui a pouco.

- Que bom, minha filha - Carlotta se aproximou lhe proferindo um delicado beijo na testa - Vai sair com Liz?

- Não agora - ela negou dando algumas mastigadas e cobrindo sua boca com a mão - vou falar com Thomas antes

Carlotta franziu o cenho surpresa pela resposta.

- Sério? - ela ainda não estava acostumada com o novo namorado de Bia.

- Sim, vou me encontrar com Liz mais tarde.

- Entendi, fico feliz que esteja bem com aquele rapaz.

- Ainda não somos nada definitivamente, mas quero muito aprender a ama-lo. - Bia acreditou que nada melhor que um chá de sinceridade para começar o dia.

Carlotta pousou suavemente a sua mão enrugada no macio ombro da moça e fitou os seus olhos.

- Você não ama ele?

- Eu... - Bia parou um pouco - eu gosto dele, mas amar é uma palavra muito forte.

Os olhos de Thomas escondidos atrás da porta e os seus ouvidos apurados guardava tudo que ela falava.

Carlotta então, querendo se aprofundar nos sentimentos da jovem prosseguiu lhe questionando.

- Mas... Isso é por que você ainda ama o seu ex-marido?

Ex-marido?

Thomas ficou um pouco surpreso, mas logo lembrou-se que ela havia comentado sobre um relacionamento de seis meses. A única coisa que lhe deixou abismado foi saber que o relacionamento que ela disse que era sério, na verdade, havia sido um casamento.

Bia largou o seu copo de lado, deixou um braço cruzado ao outro e respondeu Carlotta com um olhar perdido.

- Não. Eu estou a amar somente a mim mesma, por isso não pretendo desperdiçar o tempo Thomas com o meu egoísmo. - ela falou de uma forma que podia ver nos seus olhos que havia muito mais do que isso.

- Mas se Isaac voltasse...

- Isaac voltou para a casa dos pais dele, não para a minha vida. - Bia deu por fim no assunto - eu estou bem com a minha vida agora. Me passa a geleia de mel por gentileza - ela pediu acenando ao pote coberto de pasta amarelada ao lado de Carlotta.

Thomas subiu de volta ao quarto de hóspedes onde ele dormiu e ficou refletindo sobre a conversa que havia ouvido entre sua, então, futura namorada e a governanta da casa.

Ele pegou no seu armário uma muda de roupa e trocou-se. Thomas pegou o seu telefone e ligou para uma pessoa muito próxima a ele na época em que vivia no Brasil.

- Oi...? Está ocupado? - perguntou um pouco tenso mais tentando parecer tranquilo.

- Uma hora dessas e você me ligando? - murmurou a pessoa ao outro lado da linha que estava sonolenta. E com motivo já que ainda eram sete e pouco da manhã.

- Eu preciso lhe ver. - exigiu Thomas

- Hahaha! - zombou com uma risada bradando - Acha que é assim?

- Eu preciso da sua ajuda. Por favor!

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