Saia da Minha Cabeça!

" Se eu pudesse questionar ao maior filósofo do mundo sobre a arte dos sentimentos, eu perguntaria com convicção: por que mesmo que tentamos deixar de amar alguém isso demora para acontecer? Porque demoramos para amar, mas também amamos com facilidade?"

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- Bia… Bia - Clarice chamava por sua irmã, sentada ao seu lado no sofá, mas parecia que a jovem pensadora estava presa na sua mente.

Clarice revira os olhos, impaciente.

- Beatriz! - ela exclama fazendo a sua irmã quase dar um pulo do sofá.

- Que foi, Clarice? - ela responde irritada - Pra que gritar?

- Você tá perdida aí na era da batatinha, estou te chamando e você não responde.

- Pode falar, só estava lembrando de algumas coisas pendentes da galeria. - justificou levando seus dedos até a sua têmpora e massageando-a calmamente com um turbilhão de preocupações diferentes nadando em sua cabeça.

- Eu estava pensando aqui, por que a gente não sai um pouco para espairecer, sabe?

- Não tô muito afim, não. Vamos deixar para depois…

- Faz anos que a gente não sai juntas, Beatriz.

- Eu sei, mas ultimamente anda tão cansativo a organização do casamento, trabalhar a distância, ter que aturar ver... - Bia pausa na mesma hora permanecendo em silêncio peneirando as coisas que iar falar

- Ver o quê? - Clarice quis saber e não desistiria até sanar a sua curiosidade.

- Nada, nada não.

- Eu quero saber, Beatriz. Sou sua irmã, pode confiar em mim.

- Não é nada - Bia não diria nada a ninguém sobre os seus sentimentos, ela aprendeu que isso é algo que se limita apenas a ela mesma.

- Eu acho que tem a ver com o seu novo namorado - cogitou Clarice cruzando as suas pernas uma por cima da outra e fitando os olhos da sua irmã - Vocês estão bem?

- Eu e Thomas... - ela respirou fundo cansada de explicar para todos que ambos não namoravam - A gente está bem. Só estou um pouco cansada. Só isso.

- Então por que está tão abatida?

- Não estou abatida.

- Está sim, olha para sua cara, nem parece aquela mulher que veio da França - gesticulou a sua irmã com a sobrancelha erguida

Beatriz semicerrou os seus olhos e respirando fundo deu um sorriso falso para Clarice que ficou sem entender a reação da mais nova.

- Eu estou bem, só estou ansiosa para voltar para casa

- Nossa - decepcionou-se Clarice - Não da nem pra fingir que está feliz de está aqui de volta?

Bia desmanchou o falso riso.

- Eu estou feliz - ela franziu o cenho percebendo o que disse - é porque lá está a galeria, e você sabe o quanto eu amo-a.

Clarice pousou delicadamente a sua mão na da sua irmã e olhou no fundo dos olhos dela.

- Está assim por que aqui te lembra o vovô? - ela supôs prosseguindo - e também o seu casamento?

Bia relaxou os ombros e fechou os olhos pensando se era realmente isso que fazia ela se sentir assim na sua própria casa.

- Eu não sei.

- Sente saudades dele?

Na mesma hora, Beatriz arregalou os olhos, tensa e afastou-se dela.

- Eu? Claro que não? Aquilo já foi...

- Estou falando do vovô

Que mico, hein Bia?

Beatriz ouvindo isto tentou disfarçar um pouco deixando os seus olhos vagos pela sala e observando alguns pontos.

- Bem... Eu gostava dele, ele era meu avô, né?

- Vocês não se davam bem, mas tenho certeza que se amavam.

- Sim. - ela concordou beliscando a palma da sua mão - eu não odiava ele igual eu dizia para todos. Aquilo era só uma maneira de tentar me odiar menos.

- Eu sei - ela sorriu com ternura - você dizia aquilo porque não sabia lidar com as frustrações. Ele também te amava.

Clarice sentiu o seu coração disparar de saudades do seu patriarca, mesmo depois de anos, ela ainda não havia se acostumado com a ausência dele.

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- Meu bebê - Rose exclamou, balanceando seu cabelo Chanel para ajeita-lo melhor, ao ver Zac entrar pela porta da sua casa.

- Oi, mãe - ele respondeu tenso e se sentando ao sofá um pouco cansado.

No dia seguinte pela manhã, Zac iria com seu amigo Juan fazer a prova do terno para o casamento.

Então, o jovem preferiu ir embora mais cedo para descansar.

- Vou para casa, mãe. Estou aqui desde que cheguei de viagem.

A sua mãe não havia mudado muita coisa, além da festa de chegada nada humilde que ela fez a Zac com direito a vinho, champanhe, convidados e muita comida, ela paparicou o rapaz sem parar desde o seu retorno para casa.

- Zac, espere! - ela pediu indo atrás do rapaz - fique só hoje aqui.

- Sinto muito, mãe. - ele lamentou - Eu quero ir para minha casa.

Ela bufou e suspirou inconformada.

- Você vai ter que voltar para o EUA no início do mês que vem, não pode passar esse tempo com a sua família?

Zac deu dois passos a frente da sua mãe e focou as suas vistas nas dela com um ar de decepção misturado com sarcasmo ao ver ouvir tal ousadia.

- Não entendo o porquê não está feliz, foi a senhora mesma que me mandou para longe.

- O que quer dizer com isso, Isaac? - os seus olhos ficaram levemente enfurecidos pela interpretação que teve sobre a resposta afiada de seu filho.

- Os meus pais me mandaram para o exterior para trabalhar em algo que vai agregar para a família, mas não se importaram de saber se eu me sentia parte dela.

Rose permaneceu calada. Em silêncio, ela apenas assimilava tudo que tinha acabado de ouvir da boca árdua de seu segundogenito que nem esperava ouvir por sua resposta.

Ingrato?

Seria essa a definição de uma pessoa que não quer receber aquilo que não quer de uma pessoa que gosta daquilo e quer da-la?

Injusto?

Ele estaria sendo injusto de não querer seguir os sonhos que os seus pais sonharam para ele? Ele seria injusto de quebrar a linhagem da família para seguir o seu sonho e ser feliz?

Zac saiu andando e foi até o seu carro estacionado na grandiosa garagem que os seus pais construíram na frente da casa enquanto ele estava fora.

Pelo menos eles administraram bem ao dinheiro que receberam do contrato.

Investirem na empresa, sim, foi a melhor solução. A farmacêutica se reergueu voltando a dar lucros e esse dinheiro pode voltar a proporcionar luxos prazerosos para a família.

Ele entrou no seu carro e dirigiu até a sua casa. Quando Zac parou o carro em frente a sua porta, só de voltar a ver a sua antiga residência um turbilhão de lembranças, sensações e pensamentos passearam pela sua cabeça.

Ele destrancou a porta, pegando a chave que ficou esse tempo todo guardada com Juca que sempre que estava disponível ia na casa passar um pano e abrir a janela para entrar ar na casa.

Ele tocou na maçaneta e respirou fundo antes de puxa-la e abrir a porta de madeira.

Isaac pôs um pé a frente e depois outro e deu uma tranquila caminhada até chegar ao sofá de frente para a cômoda que antes ficava a televisão.

Ele examinou cada detalhe e prosseguiu até chegar na cozinha.

O homem lembrou de cada manhã em que cozinhava ali antes de ir trabalhar.

Ele lembrou das suas reuniões online que fazia sentado ao redor do balcão em seu computador portátil sobre finanças, administração da empresa e fechamento de negócios.

Zac lembrou das suas lições e deveres que ele fazia ali pela madrugada quando esquecia de fazer mais cedo por conta do trabalho.

Mas...

Se fosse só essas lembranças que tivessem tomado a sua memória.

Ele se achegou mais perto.

Beatriz sentada na cadeira do lado esquerdo ao canto da parede com um sorriso encantador e os olhos brilhantes era a imagem perfeita que ele queria ver todos os dias.

Ela deitada no sofá assistindo The Diaries Vampire ou Killing Evil era algo que ele via quase todos os dias quando estava casado com ela.

Isaac subiu pelas cumpridas escadas e caminhou até o seu quarto para deixar as suas bolsas em cima da sua cama. E pior, era que aquela cama também trazia lembranças dela até o coração dele. A primeira vez dela, e a primeira vez que ele realmente amou e se sentiu amado com um toque.

Ele engoliu a seco quando sentiu o seu coração se inclinar a ir até o quarto onde ela dormia na época.

Pondo-se de pé, os seus passos o conduziram instantâneamente ao quarto da frente.

Ele abriu a porta e o seu corpo estremeceu.

A cama estava no mesmo lugar e cada coisinha lá.

Ele adentrou no cômodo sentindo uma aflição misturada com saudades, mas negava a si mesmo que estava assim.

- Deixe de ser bobo, Isaac - ele deu um tapa na própria cabeça saindo o mais depressa de lá e indo para a sala.

Mas eis a questão...

Todos os cômodos que ele passava ele se lembrava dela. As suas gargalhadas, seus passos singelos. Zac se lembrava de quando a sua amada parava para olhar a paisagem noturna e ele assistia ela assistindo à obra feita por Deus.

O seu rosto emburrado. O seu toque que machucava e o seu sorriso arrependido. As suas respostas atravessadas, o seu jeito rebelde que afastava as pessoas de perto. Mesmo sendo complicado, tudo parecia ser tranquilo para relevar em nome do amor.

Mas, ao olhar para a varanda o seu estômago sentiu como se borboletas passassem por lá como num grande jardim.

Aqueles beijos. Aqueles inesquecíveis beijos que eram dados de forma leve e apaixonada. Que era algo puro e não só para aquecer aos corpos dos dois, mas sim a alma de ambos.

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