Jantar

— Então... estão ansiosos para o casamento? — Liz jogou um assunto em mesa enquanto todos degustavam da lasanha que ela havia preparado

Bia estava um pouco chateada com Liz, pois, Beatriz achava que ela já sabia que Juca e Zac eram amigos e chamou Isaac de propósito para ser seu padrinho.

— Bom... — Bia largou o talher de lado — Mais ou menos, queria saber como vocês se conheceram — ela pediu para saber mais detalhes. Nao era possível que por um acaso do nada ela conheceu Juca.

Juca segurou a mão de Liz e acariciou delicadamente.

— Nós nos conhecemos num aeroporto, que bizarro, né?

— Num aeroporto?

— Sim, Zac estava partindo de viagem para os Estados Unidos e nós nos trombamos quando eu estava voltando para casa.

Não podia ser.

No mesmo dia que Bia e Zac foram embora, os dois conheceram-se. Ou era muita coincidência, ou o destino queria mesmo unir todos novamente.

— Bom... Sei que vocês devem está um pouco surpresos e nós também estamos. — Juca complementou — Liz não conhecia Zac ainda, e eu nem sabia que vocês eram amigas. Éramos só amigos então não tinha o porquê ela ser tão próxima de meus amigos e familiares. Começamos a namorar faz três meses.

— O fuso horário é muito distante, então nunca vi Zac nem por chamada — Liz complementou afirmando para Bia. - para ser sincera nunca tive curiosidade de conhecer os amigos dele.

— Tá tudo bem, não me importo com isso — Bia tentou passar um ar mais tranquilo pegando o seu copo com suco e dando um gole como se a bebida fosse aliviar sua inquietação — Eu e Isaac não somos inimigos.

Zac assentiu sorrindo consternado.

— Sim, aquilo não foi…

— O suco está uma delícia — Bia comentou interrompendo Zac imediatamente antes que ele falasse algo a mais.

Liz e Juca se entreolharam percebendo que não havia tanto ódio assim. Talvez essa forma de se afastar era uma negação entre os dois.

— Vai ser incrível organizar o meu casamento com você, mas espero que não cause algum gatilho em vocês — Liz disse um pouco preocupada.

— Que nada — Zac respondeu — Nosso casamento...

Zac nunca havia contado para Juca que o seu casamento nunca foi real, e que sim uma união por contrato.

Bia tomou a palavra.

— O seu casamento vai ser bem diferente do nosso. Quero que vocês sejam muito felizes até a morte.

Zac arqueou a testa se sentindo aflito com a afirmação da mulher.

— Você não foi feliz casada comigo? — ele perguntou de forma tão espontânea e sem controle de suas palavras, sem se importar se era o momento mais próprio ou não para falar disso

Bia não queria responder.

— Isaac acho que não devemos falar disso.

O clima não estava tão harmonioso como deveria ser, então trocar de assunto não seria só uma opção.

— Como foi lá na faculdade nova, Zac? — Juca perguntou cortando seu alimento e mudando radicalmente de assunto. — Deve ter sido legal estudar em uma das maiores universidades do mundo.

Zac respirou fundo e ajeitou a sua postura.

— Sim, lá aprendemos e colocamos em prática. De lá irei fazer estágio num hospital de Boston.

Bia, no fundo, sentiu-se mal em deixar Zac pensar que o relacionamento dos dois não teve sentimento algum e sim um fracasso nacional.

Ela sentia vontade de se levantar daquela cadeira, sair correndo e ir embora para algum lugar distante.

Por um segundo Beatriz queria esquecer que ela não teria novamente Isaac aos seus braços como já teve um dia.

A melhor maneira de fazer isso é afasta-lo.

Todos fazem isso, certo?

Quando aquele amor, aquela paixão que levou os seus sentimentos do inferno aos céus fica fora do seu alcance, mas, ao mesmo tempo muito perto, você a arranca do seu coração e o afasta da sua presença.

Com Zac, tudo também estava sangrento.

Ele sentia uma agonizante aflição por, praticamente, Bia contar ao casal de amigos que ela não foi tão feliz ao lado dele.

Como pode tudo que eles viveram não ter significado nada?

E todas as carícias, todos os abraços, todos os beijos?

Aquilo não significou nada?

Tudo que eles viveram não selou nada no coração dela?

E aquele "eu te amo"?

Foi algo que apenas saiu dos seus lábios como uma frase qualquer?

Que sabemos que o verbo amar não possui mais tanta importância é fato! Mas além de dizer, quando você faz algo, demonstra atitudes relacionadas a isso ou doa o seu coração para alguém, isso não vai além de palavras?

Às vezes pode parecer que se afastar desse sentimento é a melhor coisa…

Mas não viver ele pode também ser um grande desperdício.

Como se diz Gnash em sua canção i hate u i love u: eu te amo, eu te odeio, eu odeio te amar. Isso poderia ser facilmente um poema sobre o quão o amor deveria ser banalizado um pouco mais.

A respiração de Bia estava fora do ritmo comum, cada compasso estava acelerado e as suas mãos suavam frio.

Zac a fitou novamente de forma descarada, ele não conseguia acreditar no que ouvira antes.

— E você Beatriz? — ele questionou — Como andou a sua vida durante esse meio tempo?

Bia o encarou sem conseguir falar nada. Os seus olhos ficaram travados aos do seu amado e nenhuma palavra fora ela conseguia lançar.

Zac também manteve os seus olhos concentrados ao dela esperando que ela dissesse algo.

— Eu... — ela virou o seu rosto para o canto um pouco acanhada — Eu estou morando na França, em Brest.

Ele torceu os seus olhos surpreso pela informação.

— Na França?

Liz segurou a mão da sua amiga que estava ao seu lado.

— Sim, ela é uma das maiores escritoras de lá — agregou ao seu elogio — ela é quase uma celebridade.

Bia o entreolhou e depois deixou os seus olhos perdidos pela sala de jantar.

— Sim, eu moro lá há três anos. — completou de forma árdua

Zac cruzou os braços ainda fitando Beatriz.

— Lá é bom?

Ela bebeu um pouco do suco.

— Sim, acredito que vivi mais do que eu esperava. Segui algo que eu sempre gostei de fazer, mas tinha medo antes.

Zac queria permanecer sério e rancoroso, mas saber que Bia conseguiu se livrar dos seus pesadelos e seguir uma vida que ela amava, o arrancou um sorriso de canto sincero e puro.

Ela também não conseguia manter sentimentos maus sobre ele. Beatriz amou Zac, seria impossível você odiar de verdade alguém que você já nutriu essa sensação.

O sorriso dele, mesmo discreto contagiou Bia.

Ela retribuiu de forma delicada e genuína.

Bia sabia e tinha consciência de que ao lado de Zac ela teve forças para lutar contra tudo que a atormentava antes. Isso ela tinha que ter ciência.

— Você escreve poemas sobre o quê? — Juca quis saber enquanto dava uma garfada na sua refeição.

— Sobre tudo. Critica sociais, desigualdade — pensou um pouco mais — e... Sobre sentimentos.

— Sentimentos? — Zac indagou em voz alta — que tipo de sentimento? - Perguntou curioso, coçando sua barba.

— Abusos físicos, emocionais...

Zac sabia o quanto doeria em Bia falar disso antes.

Ela prosseguiu.

— Solidão, paixão e amor.

— Paixão e amor?

Liz olhou para Bia esperando ela responder.

— Paixão e amor? — nem sua amiga sabia dessa. - Achei que era sobre desilusão amorosa e dependência emocional.

Bia soltou o ar dos seus pulmões e apoiou os seus cotovelos sobre a mesa.

— Sim, paixão, amor, dependência e outras coisas. — ela não negou, e sim afirmou ainda mais no seu tom de voz.

— Fico feliz pelo seu sucesso — Zac afirmou

Juca riu.

— Vocês podiam voltar, não querem casar junto com a gente não?

A cara de Bia e Zac foi impagável, os olhos de Bia faltaram saltar para fora e Zac gaguejou sem conseguir responder à brincadeira do seu parceiro. Talvez a brincadeira desconcertante de Juca tenha sido proposital, esse amigo é do tipo que quando acha que algo tem que ser de tal jeito, ele luta para fazer acontecer.

Liz repreendeu o seu noivo com um olhar severo. Embora ela também passou o jantar todo com uma vontade enorme de mandar os dois tomarem um pouco de vinho e conversarem sobre voltar a se pegar horrores, ela não fez. Liz tentou parecer neutra sobre os dois.

— Juan Carlos! — exclamou — Você vai deixar os dois sem jeito.

^^^Deixar?^^^

Bia faltava ir embora.

Zac tava com a cara fechada e, sem graça, com um sorriso amarelo.

— Bia está namorando, não é, Beatriz? — Liz jogou a bomba para tirar a sua amiga dessa saia justa e a colocando em outra sem saber. Na mente de Liz, Zac morreria de ciúmes e perceberia a tempo que tinha que lutar por ela.

O sorriso de Zac se desmanchou na mesma hora.

— Sério? — ele questionou tentando fingir que não se importava — Está namorando? - o desdenho em sua voz cobria sua exaltação.

Era visível o quanto ele estava surtando por dentro, mas não queria deixar transparecer.

— Eu... — ela não sabia como responder, mas sabia que Thomas não era só um amigo. Você não dorme com um amigo e viaja com ele para passar férias juntos — Estou quase, ainda não concretizamos.

Juca entortou a boca com uma cara de "puts" e olhou para Zac para tentar decifrar o que se passava pela cabeça do seu amigo.

Zac não falou nada mais.

Ele já sabia que por fim, agora era definitivo que um ciclo havia se encerrado com Bia.

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