Conversas Sinceras

No dia seguinte, a noite, por volta das sete horas, Bia cumpriu a sua palavra de ir jantar com Liz. O céu estava escuro, as estrelas espalhadas de forma incontáveis sobre a vastidão de astros. Bia olhou para cima admirando aquilo; antes ela via como uma forma de lembrar da maldita noite que ela foi acordada com seu "tio" em cima dela querendo se satisfazer de qualquer forma, mesmo que fosse com uma criança. Hoje, quando Beatriz olhava para o céu, ela só pensava nas noites que Zac ficava na varanda contemplando aquela linda paisagem. Bia também usava isto como uma forma de arte, o céu, ora escuro, ora claro.

Thomas estava hospedado num dos quartos de hóspedes na casa dos pais de Beatriz, não era algo como se ele fosse da família e a todo tempo ele aproveitasse para se aproximar de seus sogros e cunhadas, era como se ele fosse só mais um agregado. Ele viu quando Bia começou se arrumar para ir para casa da sua amiga e querendo puxar assunto e ao mesmo tempo parecer cuidadoso com ela, ele perguntou:

- Vai demorar para voltar? - ele chegou abraçando ela por trás enquanto ela passava um pouco de blush no seu rosto.

Bia se afastou um pouco.

- Não. Já, já estou de volta.

Bia ainda não queria demonstrar afetos para Thomas na frente dos seus pais ou das suas irmãs e amigos.

Os dois estavam sozinhos no quarto e não havia ninguém lá a não ser os dois.

- Se você não quiser namorar comigo - Thom disse enigmático - é só falar.

Era fatídico para ele ter que está com uma pessoa que não o amasse no mesmo nível, mas para ela também era complicado está com uma pessoa totalmente diferente dela.

Ela inclinou-se e deu um beijo nos seus lábios.

- Eu quero, só que quando for sério será para valer. Por isso estou cuidando disso com cautela.

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......................

Beatriz chamou pela nova motorista da casa, Sâmia, uma mulher de trinta e poucos anos, e uma falta de paciência no trânsito que deixaria qualquer passageiro assustado enquanto dirigia ao Renault Stepway Zen preto da família.

— Sai da frente, carniça! — ela gritou dando um susto enorme na filha de sua patroa. Percebendo ela virou—se com uma cara de reprimida - foi mal, esses motoristas fica fechando a gente toda a hora.

— Está tudo bem. — Bia tentou não ligar tanto para o pequeno detalhe dela quase ter saído do carro para dar três socos e um murro no motorista do pequeno Corolla que havia na frente.

Beatriz seguiu até o apartamento da Liz, que já a enchia de mensagens perguntando se ela estava indo ou se ela havia desistido e uma hora dessas estava entregando seu passaporte na mão de algum comissário de bordo e metendo o pé pra fora do país.

— Boa noite! — o porteiro a cumprimentou já apertando ao portão de autorização para a sua entrada— a Srta. Liz já aguarda

Bia entrou e foi caminhando ao apartamento da sua amiga onde já conhecia de letra a cada detalhe. Mesmo que fazia um bom tempo que ela andava pelo edifício seria difícil esquecer o fato de sua amiga morar no último andar, numa área reservada.

Com um aparência casual e agradável para o momento ela caminhou um pouco tensa, mas fingindo está confiante.

(Look usado pela personagem)

Ding Dong!

Bia ergueu o seu dedo e tocou a campainha, e enquanto aguardava sua amiga ela deu uma bisbilhotada no seu celular para ver que horas eram e ficou levemente indignada ao ver que eram oito e quinze. Quem diria que uma pessoa que nem se importava em ir em um compromisso, um dia se irritaria só de chegar alguns minutos atrasada.

Bia havia marcado para oito horas o jantar e não gostou de saber que havia se atrasado, mesmo que fosse alguns minutos.

Liz abriu a porta com um sorriso largo e contente no seu rosto e logo acenou para que a sua jovem amiga entrasse na sua residência.

— Desculpe o atraso — ela deu um beijo de bochecha em Liz e entrou sem nem esperar que sua amiga a convidasse.

— Que nada, sei que você tem bastante coisa para fazer.

— Eu sai de casa cedo, mas o trânsito atrapalhou.

— Eu entendo perfeitamente — Liz concordou empática — sente-se

Bia e Liz sentaram-se lado a lado para poder colocar o papo em dia e falar sobre acontecimentos que houvera durante todo esse tempo e algumas fofoquinhas para manter a amizade.

— Seu noivo tá aí? — Bia perguntou por perguntar, porquê interesse em vê-lo era zero. Bia só queria ver no olho do homem se realmente ele queria Liz ou estava usando ela.

— Ele está chegando, foi buscar o seu par. — ela revelou com uma cara maliciosa.

— Par? — indagou — como assim par?

Liz riu da cara da sua amiga que por um minuto esqueceu que toda madrinha de casamento tem o seu padrinho para entrar na cerimônia. Era como se fosse uma arca e cada casal de padrinhos fosse um par de animais.

— Esqueceu que você vai ser madrinha?

Bia deu um leve tapa na testa de lembrando desse detalhe. Talvez o fato dela nunca sequer ter ido no casamento - casamento de verdade, com festa, padre e alegria - fez ela não saber nem como se agia direito.

- Precisa mesmo ser tão tradicional?

— Precisa — Liz afirmou — Só não caso de princesa porque se não ia ficar brega demais.

Bia sorriu pegando algo na sua bolsa.

— Eu espero que você goste e use na cerimônia, trouxe para você direto de Paris.

Liz vislumbrou-se pegando a caixinha consigo.

— Sério, Bia? - ela arregalou os olhos só de ver que a sua amiga havia lhe trazido um presente.

Liz tinha dinheiro para ter o que quiser e comprar o que lhe achar bonito, mas algo que o dinheiro não trazia era uma atitude genuína que vinha do coração.

A jovem abriu a caixinha de madeira e viu uma pulseira rodeada de detalhes de cristal e banhado a ouro branco.

Era uma das coisas mais lindas que ela havia ganhado.

— Obrigada, Bia. Eu amo você, garota — Liz deu um abraço apertado em Bia que a jovem quase perdeu o ar.

— Você também é meu xodó — Bia respondeu dando alguns tapinhas nas costas de Liz que sorriu como uma criança que havia acabado de ganhar um presente.

— Então... — ela começou a puxar assunto — como foi sua vida lá na França? Vi que trouxe até um boyzinho

Bia inclinou os olhos tentando pensar em como contar todas as coisas importantes que ocorreu durante a sua estadia no país francês.

— Bom... Eu estou trabalhando numa galeria de artes francesa, sou poetisa de lá.

Liz sabia disso.

— Isso eu sei — falou — Eu acho que todo o mundo já sabe disso. Quero saber mais coisas.

— Ganhei um prêmio por uma das minhas obras, o meu poema Âmes sœurs parfaites e um troféu por le garçon à la tête en papier — Bia pronunciava tão bem o francês que parecia que era nativa de lá.

Liz estava orgulhosa da sua amiga e não poupou elogios.

— Óbvio que você ia ganhar, você escreve bem, fala bem e pronuncia maravilhosamente. Você é incrivelmente perfeita, garota.

Bia ficou sem jeito com tantas qualidades apontadas por Liz.

— Para que eu fico metida desse jeito — ela debochou cobrindo o rosto com a mão como se fosse uma celebridade fugindo dos flash das câmeras.

Se bem, que ela realmente era uma.

Liz quis saber mais de outras coisas.

— E aquele rapaz? — ela menciona Thomas — ele e você tão…

— Mais ou menos — respondeu antes que a sua amiga completasse a pergunta — estamos nos conhecendo.

— Isso já é tipo um namoro.

— Não é.

— É sim, vocês já ficaram para valer?

Bia respirou fundo antes de assenti.

— Já, mas isso não quer dizer que seja um relacionamento — ela rebateu.

— Você fica com mais alguém além dele? — Liz perguntou para chegar ao ponto onde queria.

Bia pensou, e realmente o único homem que ela estava se relacionando era ele.

— Não, mas, porque eu acho que não preciso ficar rodando por vários caras — justificou.

Liz semi cerrou os olhos.

— Você só dorme com ele, viajou com ele e apresentou para sua família e amigos e vem me dizer que não tem nada sério?

Beatriz não tinha nenhuma resposta que contrariasse a sua amiga, realmente ela e Thom já agiam como um casal. Mas para fundar um relacionamento não era preciso de mais coisas? Talvez ela estava namorando, mas ainda não estava aceitando o fato disto ser algo mais sério do que ela imaginava.

Antes que Bia pudesse falar algo a mais, a porta se abriu e o noivo de Liz havia chegado. O atrito da porta de madeira se abrindo seguindo da voz rouca e masculina chamando por "bombom branco" no meio da casa com certeza deveria se tratar do parceiro de sua amiga. Obviamente, estranhos não entram no último andar de um dos prédios mais seguros chamando por "bombom branco".

As duas puseram-se de pé e Liz foi correndo dar um beijo no seu futuro marido. Os olhos dela mudavam só de ouvir ao som da voz dele ecoar em seus ouvidos. Sua pupila dilatavam igual quando uma criança via o melhor doce na sua frente.

— Que demora, Môr. — ela reclamou com carinho — estávamos te esperando.

O rosto do homem não era estranho para Bia.

Ela conhecia ele algum lugar, e que aquele rapaz não era um simples desconhecido.

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