Bem Vinda, Beatriz!

— Bia! — Clarice bradou assim que viu a sua irmã sair do aeroporto com as suas malas em mãos. Depois de um bom tempo longe da mais nova, ela percebeu o quanto sua irmã lhe fazia falta na hora das trolagens com chantily.

Bia ficou meia chateada em só ter sua irmã ali para lhe receber após três anos longe, mas para alguém que cresceu sem receber muita importância, nada era mais tão surpreendente.

Beatriz veio até ela e deu-lhe um forte abraço de saudades.

— Sentiu a minha falta?

— Nem um pouco — debochou balançando o cabelo de Bia.

Os olhos de Clarice se tomaram de surpresa e dúvidas ao ver que ao lado delas um homem chamava por sua irmã.

— Beatriz, essa é sua irmã? — ele perguntou sorrindo e tentando se entrosar entre as irmãs e não parecer um paparazzi encarando as duas.

- Thomas, essa é Clarice, minha irmã - ela apontou para a mais velha logo em seguida apresentou o jovem - Clarice, esse é Thomas, meu...

- Namorado? - Clarice completou, indagando e quase caindo para trás. Claro que não era nem um bicho de sete cabeças Beatriz aparecer absolutamente do nada namorando um homem depois de três anos que ainda por cima parecia com seu ex que ela jura céus e terras que havia superado.

Thomas entre olhou sua suposta namorada esperando ela negar ou afirmar isso para sua irmã. Ela tinha dito a oito horas atrás que eles seriam apenas amigos no Brasil, depois na França seria outra história. Mas e agora? É ou não é?

Bia se viu sem escapatória.

- Estamos nos conhecendo melhor.

Clarice ficou boquiaberta quase como se ela tivesse feito algo extraordinário. Embora fosse a mais velha, Clarice era como se fosse mais nova que Luísa.

- Meu Deus! - ela sussurrou completamente surpresa.

Ele mal conseguiu esconder a sua satisfação. Thomas estava parecendo aquelas mulheres quando eram assumidas depois que ficar por dez com o mesmo cara.

- Bom conhecer a senhorita - ele inclinou a sua mão para cumprimentar melhor Clarice.

A moça de cabelos negros, longos e ondulados, e olhos claros serenos ainda estava confusa sobre o novo relacionamento da sua irmã mais nova, mas tentou fingir naturalidade com a novidade. Se bem que ela não pode evitar de perceber o bom gosto que sua irmã tinha.

- Prazer - ela apertou a mão dele delicadamente.

Beatriz já estava cansada de rodeios e não via a hora de entrar no seu antigo quarto, jogar todas as suas malas pretas fosco da renomada linha Lansay para o canto do cômodo, perto da janela de vidro escuro e cobertas por um par de cortinas roxo psicodélico, e se jogar em cima da sua cama e poder descansar de todo o estresse da viagem.

Bia acenou para o táxi chamando a atenção do motorista careca de meia idade que já aguardava por algum passageiro para fazer seu ganha pão.

- Vamos indo. - ela falou aos dois enquanto puxava a alça da sua mala de rodas e caminhava em direção do carro amarelo.

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...----------------...

- Surpresa! - uma pequena multidão de pessoas amontoada com classe na sala de estar luxuosa, decorada a dedo por Carolina, gritaram assim que Bia entrou dentro da mansão da sua família.

Ela levou um susto, mas logo sacou a ideia dos seus conhecidos. Bia podia ter mudado muita coisa em sua vida, mas a questão de não querer chamar muito atenção era algo que fazia parte dela - algo um pouco hipócrita de sua parte já que ela havia se tornado subcelebridade, ou celebridade, não sabemos se no Brasil ela é famosa ou não. A diferença entre escrever poemas na França e dançar tiktok no Brasil é diferente.

Bia sorriu colocando sua bagagem para o lado tentando parecer simpática o máximo possível. Ela coçou seu queixo tentando reconhecer pelo menos metade dos convidados, mas se tivessem três ou quatro conhecidos que ela viu em alguma revista era muito.

Bem que ela havia achado estranho quase ninguém ir vê-la na saída do aeroporto, estava todo mundo aqui com um monte de estranho organizando uma festa sem sentido só para comemorar que ela vai passar três semanas em casa.

- Bem-vinda, filha - Léo correu em passos largos até a sua filha e lhe puxou para um abraço doce, puro e apertado.

Carolina também caminhou até a sua filha e ao seu marido e mostrava a sua alegria pelo retorno de Beatriz. Aquele querido homem submisso de quarenta anos, agora chegava aos seus quarenta e três, quarenta e quatro anos de forma mais tranquila. A diferença mais notável que Bia sentiu foi a barriga dele maior que esfregava na dela.

- Que bom que voltou - Carolina, a gostosona de quarenta e poucos, também não havia mudado muito. E com certeza, já que ela era casada com o herdeiro de uma fábrica e logística de cosméticos e produtos de beleza.

Bia sorriu contente e abraçou a sua mãe, mas não lhe deu esperanças. Esperanças no caso de ela voltar a morar novamente perto de todos. Bia era aquele tipo de pessoa que amava a família, só que de longe.

- Mas saibam que vou voltar para a França, estou aqui temporariamente.

Léo olhou para Thomas surpreso e estranhando a presença do rapaz que ele nunca havia visto. Thom era para Léo como aquela criança que ver uma festa acontecendo no bairro e se infiltra no meio de todo mundo para participar.

- E você, meu camarada? - ele não conhecia e nem convidou Thomas para a festa, então questionou o rapaz desconhecido.

Bia se achegou ao lado do jovem rapaz e colocou a mão no seu ombro.

- Esse aqui é o Thomas, pai - apresentou sem muita formalidade ou ânimo. Não era num tom apaixonado ou também num tom forçado como se ele tivesse obrigado ela a levá-lo - Thomas, esse é o meu pai, Leonardo.

Léo cruzou os braços e olhou torto para o rapaz esperando saber mais sobre a relação entre os dois. Não é qualquer um que sua filha faria sair lá de outro continente em plena primavera para apresentar aos pais.

- E você é o que da Beatriz?

Antes que um dos dois pudessem responder, Clarice veio na frente. Se tinha algo que ela era boa em fazer era responder pelos outros as suas próprias respostas.

- Ele é namorado dela.

- O quê? - Carolina e Léo bradaram em conjunto e todos os convidados também demonstraram surpresa ao saber.

Bia fulminou a sua irmã com os seus olhos.

- Eu e Thomas estamos nos conhecendo melhor. - explicou dando a entender que eles ainda não tinham nada, mas ao mesmo tempo era como se eles estivessem num pré namoro, onde esse "se conhecendo melhor" incluísse bônus de um namoro. Entende?

Thomas não quis ficar só ouvindo, ele tinha que demonstrar para sua donzela nada delicada que ele também tinha posicionamento.

- Eu e Beatriz AINDA não temos nada firmado - ele falou frisando que mais para frente os dois poderiam assumir algo.

Liz, uma dos principais motivos da volta de Bia, saiu lá dos fundos da casa quando souber que Bia havia chegado e foi até ela e deu um abraço bem apertado na sua amiga. Liz perdeu metade do babado sobre Thomas e nem focou no clima que estava tendo.

- Que saudade! - ela falou entre sorriso emocionantes mostrando o quanto sua amiga fez falta a ela. Era como se elas nunca mais tivessem se falado, mesmo que Bia conversasse mais com ela do que com sua própria família.

Bia retribuiu o abraço bem forte nela como se nunca mais elas fossem se soltar. E era estranho isso, pois Bia não gostava de abraçar, beijar e acariciar ninguém. Thomas percebeu e sentiu uma pontada de inveja de Liz por ela ter direito a coisas que eles só tem em momentos íntimos. Não era aquela inveja ruim, não era que ele queria matar Liz e roubar Bia para ele. Era só um desejo de poder abraça-la sem parar.

- Eu disse que só voltaria se você fosse se casar, lembra? - Bia gargalhou

Era verdade, no dia que Bia foi embora para França ela falou que só voltaria se Liz fosse se casar, pois, ela acreditou que a sua amiga nunca fosse capaz disso, não por ser inferior ou algo do tipo, mas ela não fazia o tipo de uma esposa comum. Então Bia achava que estava livre e nunca mais voltaria para o Brasil.

- Nunca duvide de mim - Liz falou com orgulho de si mesma - Amanhã você vai jantar comigo e com ele. Juan vai adorar te conhecer.

Bia não curtiu muito essa ideia, se casar com alguém no calor da paixão não parecia a coisa mais ideal para a vida dela. Mas ela sabia que o pai de Liz jamais deixaria sua filhinha nas garras de qualquer um por aí, então mesmo não muito confiante dessa união, ao receber o convite para a cerimônia e para apadrinhar os dois para a felicidade de sua amiga ela aceitou tranquilamente.

- Tudo bem, vou ver se ele é bom o suficiente para fazer você feliz. - ela ironizou

Depois, Bia deu atenção a todos os seus conhecidos que ali estavam presentes e contou sobre como foi a sua estadia na França.

O seu trabalho na galeria de artes foi o que mais impressionou os seus amigos e os seus pais.

- Você escreve poemas e poesias? - indagou Luísa, a sua irmã mais nova, enquanto comia um pedaço de bolo. Luísa nunca se importou muito com que Bia fazia ou deixava de fazer, mas depois do que ela soubesse do que ocorreu com sua irmã ela percebeu o quanto deve ter sido doloroso.

Bia assentiu com orgulho, mas tentando parecer humilde. Ela, sentada no sofá vendo todos vislumbrados ao seu redor enquanto se fartavam de comida italiana como ravioli e rondelli e se servindo com vinho , pôs uma mecha de seu cabelo por trás da orelha expondo seu brinco perolado e abriu um leve sorriso, quase imperceptível.

- Sim, recebi um prêmio com a poesia le garçon à la tête en papier

Clarice, que morria de orgulho das suas irmãs mais novas, bateu palmas para ela deslumbrada.

- Você é uma pessoa incrível, maninha.

Beatriz sorriu ciente disso.

A única coisa que Bia se arrependia era de não ter ido atrás do seu talento antes. Se a anos ela tivesse pegado o seu ponto forte e investido, hoje ela seria bem maior do que já é dentro da indústria da arte.

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Janaina Evelyn

Janaina Evelyn

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2024-02-01

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