Bienvenue dans l'histoire

França, Brest

— Droga! — Bia murmura a si mesma enquanto amassa a uma folha e a joga no lixo

Beatriz quis explorar a sua mente e o seu horizonte e decidiu investir na poesia. Uma coisa que não imaginávamos, mas que deu muito certo, aliás.

Bia se tornou um nome muito conhecido no mundo poético, na França muitas de suas obras estavam em leilões e galerias. Ela explorava os seus sentimentos do mais profundo ao mais rasos e conseguia expressa-los através da sua escrita e das suas pinturas.

Bia pega a sua caneta e tenta novamente escrever as algo que emocione ao seu leitor. Antes algo que era espontâneo e natural e transmitia uma mensagem, agora se tornou algo que era apenas para vender.

Hoje Bia estava se sentindo bem. Sua conta bancária recheada de dinheiro, seus medos controlados e sentimentos guardados apenas para seu trabalho. Seu trabalho deixava seu coração quente e permitia ela falar para o mundo inteiro tudo que ela queria sem que ela pudesse dizer seu passado. A premiação Goncourt, uma premiação literária importantíssima para escritores, poetas e artistas, que ocorreu na semana passada deixou ela boquiaberta quando seu conto Le garçon à la tête en papier recebeu um troféu tão significativo.

Sua alegria e felicidade não era nada que fosse fora do comum cotidiano. Nada do estilo que faria você sorrir só de ler e pensar: nossa que vida!

Os seus melhores poemas são nos seus piores momentos.

Thomas se achega atrás dela e da um beijo no pescoço de Bia pegando-a de surpresa.

- Bom dia! - ele fala com um sorriso em seus lábios e sem uma camisa no seu corpo enquanto pegava algo no balcão ao lado da cozinha.

Você deve se perguntar que diabos é Thomas.

Bia e Thomas não namoram ainda, mas estão se conhecendo a um bom tempo e viam alta compatibilidade entre os dois.

Seja em personalidade, pensamentos ou na cama entre quatro paredes.

Bia sorriu com uma cara não muito contente e pegando outra folha, comentou sobre a noite passada.

- Eu não te acordei ontem por consideração, mas você sabe que não gosto que durmam aqui na minha casa. - ela avisou concentrando os seus olhos no papel.

Ele mordeu uma maçã e franziu confuso.

- Mas qual a diferença de ficar com você na sua cama e dormir do seu lado depois disso? - ele questionou mastigando de boca aberta- não é intimidade do mesmo jeito?

Ela afastou-se da mesa e levantou da cadeira indo até ele. Sua cara mostrava que ela fazia as regras

- Thomas... - Bia suspirou esperando um pouco para prosseguir - Você e eu estamos só usando um ao outro, e sabemos disso. Não quero que durma comigo como se fossemos um casal

Ele afastou a fruta da boca sobre olhando ela aparentemente chateado com o que acabara de ouvir.

- Usando um ao outro? - ele questionou sobre a fala dela.

Bia cruza os braços.

- Vai me dizer que você quer algo sério?

- Quero, sim - ele respondeu afirmando sem nem pensar duas vezes. Thomas era o tipo de cara que encarava as coisas sem medo

Bia da dois passos para trás recuada de cenho franzido.

- É sério, mesmo? - ela não acreditou muito. Bia era o tipo de mulher que tinha medo de encarar os sentimentos dela e dele.

- Claro, Beatriz!

Bia e Thomas conheceram-se um tempo depois dela ir morar em Brest. Thomas é um brasileiro que também morava lá a pouco tempo, então ele usou dessa semelhança com Bia para se aproximar dela. Com poucas línguas falando português, ele é o único que entenderia a língua dela - se é que entende

Ela bufa com a boca e sai andando voltando para sua escrivaninha e tomando na sua mão a caneta preta de tubo fino para tentar escrever algo novamente.

Thomas permaneceu encarando ela esperando alguma resposta. Já eram alguns meses nesse chove e não molha e ele não aguentava mais essas inseguranças dela.

Beatriz tenta colocar algo no papel, mas nada sai fluentemente e isso a deixa um pouco atordoada. Principalmente quando ela sente os olhos do rapaz encarando ela esperando seu pronunciamento.

Ela vira-se para Thomas.

— A gente pode tentar…

— Sério? — ele perguntou enquanto ia até ela eufórico e com um sorriso largo.

— Mas nada de compromisso sério ainda, eu preciso pensar se é isso que eu realmente quero — ela afirmou cabisbaixa e assimilando tudo — a minha carreira está a ir bem e não quero que nada me atrapalhe agora.

Ele concordou com a cabeça.

— Você está certa, eu te entendo. — ele se inclinou apoiando sua mão na coxa dela e a olhando com um ar sedutor — não é fácil ser a mais talentosa da França.

Bia gargalha e afasta ele.

- Você é um bobo.

— E você é uma gata — ele retruca dando-lhe um beijo na boca pegando ela desprevenida.

Beatriz ouve o seu notebook apitar e empurra Thomas, se pondo de pé e vai até o balcão ao lado para pegar.

Ela abre ao computador portátil e logo sorri quando vê que a ligação se trata de Liz.

— Preciso atender! — ela fala como se fosse uma ordem para ele sair

Thomas sem muito o que dizer emburra a cara, morde a maçã e sai indo para o quarto se vestir para poder voltar para sua casa e se arrumar para ir trabalhar.

Ela ajeita aos seus cabelos, que antes, há três anos chegava perto dos seus quadris, mas agora era até os seus ombros e na cor morena iluminada.

— Oi! — ela brada atendendo a ligação e ajeitando a postura da tela para que a câmera ficasse numa altura ideia para Liz vê-la.

Liz sorri alegre e joga os seus cabelos loiros e cacheados para trás enquanto desprende um dos cachos de seu brinco.

— Quanto tempo, hein — ela fala chateada

— Mas eu te liguei sexta-feira

Liz ri enquanto pega um pedaço de bolo ao seu lado.

— Mas hoje já é terça. — ela reforçou — faz quatro dias.

— Isso que é apego, hein

— Aconteceu algo bem especial — Liz muda radicalmente de assunto.

Bia esquia os olhos ficando atenta.

— o quê? — ela pergunta morrendo de curiosidade.

— Já marcamos o casamento.

Bia arregala os olhos.

— Mas já?

— Sim. — ela assente mais alegre do que nunca - será no final desse mês

Bia quase cai para trás ao ouvir a notícia.

— Mas, mulher...

— Eu amo o Juan. — ela corta Bia — E ele me ama.

Beatriz não queria jogar um balde de água fria sobre a sua amiga, então apenas comemorou junto a ela

— Fico feliz se você está bem.

— Obrigada. — Liz se mostra agraciada pelas doces palavras da sua amiga — Liguei para avisar que quero você como madrinha

Beatriz engasga com a própria saliva.

Ela começa tossir tão descontroladamente que parece que ela vai morrer ali, sentada em frente ao seu notebook.

Ela levanta-se e vai até à cozinha pegar a sua garrafa inox com cerca de meio litro de água e toma boa parte do líquido enquanto volta para conversar.

— Você está bem? - a sua amiga perguntou preocupada

— Sim. Sim. — Bia afirma enquanto ingere mais da água.

— Quero muito você aqui, Bia.

— Eu tenho muitos compromissos aqui, Liz — Bia tenta rejeitar o convite de modo cauteloso e amigável.

— Você é multimilionária já, Beatriz — Liz rebate a desculpa esfarrapada — Vem, por favor!

Liz insiste com os seus olhos tão adoráveis, que Bia vê um filme da sua amizade com ela passando-se pela sua cabeça e não consegue recusar o convite e deixar a sua amiga magoada.

— Tá bom... Tá bom — Bia aceita revirando os olhos e logo sorrindo — Mas eu nem conheço o seu noivo. Você tinha me dito que tava namorando faz menos de três meses.

Liz vislumbra o seu olhar e estala os dedos sobre a mão.

— Vem até o final de semana, você tem que me ajudar nos preparativos da festa — ela exigiu como se isso custava a vida de Beatriz.

- Liz...

- E tenho dito - Liz finalizou como se fosse uma ordem

Bia sorri.

— Cê não manda em mim, não. Mas como faz tempo que não nos vemos pessoalmente, eu vou. — ela se dá por vencida aceitando a convocação da sua amiga.

— Isso! — Liz faz uma pequena comemoração enquanto dança de um lado para o outro — É para vir mesmo!

— Pode deixar — ela confirmou dando sua palavra, algo que ela nunca quebrava.

Ou quase nunca.

......................

Depois da longa conversa com Liz, e saber que ela iria se casar com um rapaz que namorava a três meses, Bia ficou um pouco preocupada. Ela sabia que casamento não era brincadeira, mas também falar sobre tempo de namoro não era muito do seu lugar de fala já que nem isso ela teve antes de se casar. A relação dela e do seu ex-marido foi de "oi" para "aceito" e depois começou a longa jornada e história de amor da sua vida.

Bia tomou o seu delicioso banho lavando com um sabonete de aroma South France com um cheiro amadeirado e logo saiu do banho se vestindo.

Embora a cultura e os costumes locais não fossem muito adaptados ao banho diário, Bia fazia questão de manter a sua higiene.

Ela foi até o seu closet ao lado do seu quarto para se arrumar para ir até à galeria de artes, que era onde ela trabalhava atualmente e quando terminou de se vestir, ela colocou um par de brincos argolinhas em suas orelhas e se perfumou com seu J'Adore que até mesmo o vizinho do outro lado sentia seu aroma nada discreto. Ela pegou sua bolsa vermelha para junta-la a sua vestimenta formada por sua refinada calça preta e sua t-shirt da mesma categoria.

Ela pegou a sua escova e formou algumas ondas onduladas sobre os seus cabelos e depois finalizou colocando uma quantidade pequena de óleo reparador na palma das suas mãos e esfregou sobre os fios super hidratados.

Bia estava resolvida consigo mesma e não tinha mais medo de se amar e tentar ser sua melhor versão. Sua única repulsa era sobre seus amores e sentimentos.

Ela não era mais aquela menina de dezoito anos insegura e impulsiva, agora aos seus quase vinte e dois anos ela buscava a sua independência e a sua melhor versão na vida.

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Comments

Geane Ribiro Porto

Geane Ribiro Porto

história linda autora só não demora pra atualizar pôr favor quero ver o reencontro dos dois

2024-01-08

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