Sem nome.

— Você não é um Demônio, não? Ou você não vai me comer, não?

Ele estendeu a mão e cobriu a bola verde brilhante com a mão, como se a estivesse escondendo.

— Ambos.

— O que você é então?

— Algo que não planeja te machucar.

Ele respondeu.

— Você não precisa ter medo. Vou ajudá-la a se sentir melhor.

— O que você é?

Lenore pressionou com mais firmeza, não gostando que ele estivesse fugindo dela.

O raio de luz entrando permitiu que ela visse que ele suspirou pesadamente, seus ombros levantando em uma grande respiração antes de soar fora dele.

— Eu sou alguém sem nome.

— Sem nome?

Suas sobrancelhas se uniram ainda mais, e seus lábios se franziram junto com elas.

— Nunca ouvi falar de alguma coisa sem nome.

— Sou uma criatura da floresta. É como os Demônios nos chamam.

— E os humanos?

Ele estendeu a mão para pegar algo raso do chão e mergulhou no balde, então ele ofereceu a ela. Ela pensou ter visto o brilho de algo preto e liso, mas mais importante, afiado nas pontas de seus dedos segurando a borda da tigela.

Sua mão era tão grande que quase engoliu a parte de baixo completamente.

— Você deveria beber mais água. Eu ainda tenho a comida que você não comeria antes.

Lenore não sabia onde estava deitada, mas tinha paredes finas como se estivesse em algum tipo de recesso com peles para amortecê-lo.

Não era uma cama, ela percebeu. Ela não sabia o que era, mas ele estava ao pé dela.

— Estou cansada demais para chegar tão longe.

Uma mentira completa.

Bem, ela pensou que poderia ser uma mentira, já que ela nem tentou.

Ela só queria que esse ser da floresta se aproximasse para que ela pudesse vê-lo.

Ele se inclinou mais para o lado e apenas diminuiu a distância em alguns centímetros enquanto se inclinava para longe. Ela não aceitou o que ele estava oferecendo.

Quando ele percebeu que ela não iria, ele puxou o braço para trás e o segurou na frente dele. Ela pensou que ele poderia estar olhando para a tigela de água.

— Você ainda está muito fraca para beber sozinha?

Ele parecia desapontado, talvez até um pouco consternado.

Lenore ergueu o queixo desafiadoramente.

— Sim.

Ele ficou quieto e imóvel, olhando para a tigela que refletia as luzes verdes.

Então ele soltou outro grande suspiro.

— Acho que não há outro jeito então.

Ele começou a se aproximar lentamente, parecendo estar rastejando com uma única mão e ambos os pés. Algo bateu levemente contra o chão junto com seus movimentos, em vez do bater de pés ou sapatos.

Ele se moveu na frente da luz, obstruindo sua visão, enquanto se aproximava dela. Houve um momento em que ela pensou ter visto chifres no topo de sua cabeça.

Seus lábios se separaram em um suspiro quando ela percebeu que aquelas luzes verdes não eram luzes, mas estavam flutuando em seu rosto como olhos.

Orbes brilhantes que destacavam o rosto sem carne de um crânio de lobo.

— Você é um...

Antes que ela pudesse terminar a frase, ele já havia colocado a mão grande na parte de trás do crânio dela e forçado a cabeça dela para trás para que ele pudesse colocar a tigela em seus lábios entreabertos.

Ele derramou o conteúdo em sua boca. Ela engoliu para não se afogar quando seus olhos se arregalaram, olhando para ele.

Ela agarrou a manga da camisa dele, aquelas orbes verdes pareciam olhar diretamente para sua alma como se estivessem procurando todos os seus pecados.