capítulo 19

Isabela a empurra e começa a limpar seus lábios. A mulher vendo aquilo, não acredita.

— Você é gay ou é bi?

— Nenhum dos dois. Eu apenas não gosto de repetir o prato. Se me conhecesse bem, saberia disso. — Ela joga essa, pois já ouviu o Thiago falar algo parecido. A mulher abaixa a cabeça triste, e Isabela tenta confortá-la, mas desiste, pois sabe que o coração de gelo do Thiago jamais faria isso.

Ela coloca a mão na maçaneta da porta e sai, deixando a mulher lá em prantos. Isabela sobe para o escritório de Thiago, e assim que entra, fecha a porta com tudo, fechando os olhos e respirando rápido.

— O que está acontecendo? — Thiago pergunta preocupado vendo ela naquela situação.

— Você e seus rolos, quase fui estuprada lá embaixo, por uma de suas ex. Olha, agora mais do que nunca, tudo que eu quero é trocar de corpo. Eu não gosto dessa situação. Se todas elas inventarem de me assediar juntas, eu tô ferrada. E o pior, não tem lei que prenda uma estupradora.

Thiago a percebe bem irritada. Ela vai até a cadeira e se senta, tremendo a perna de nervoso. Thiago se aproxima, se abaixa perto dela e olha em seus olhos.

— Infelizmente, ainda temos alguns dias para a troca de corpos, então você vai ter que se acostumar com os assédios. Eu sei como é, eu passava por isso sempre. Mas, tudo que elas querem é te dar prazer. Aceite o prazer que elas têm a lhe oferecer, e depois dispense. Lembra quando você gozou lá no banheiro? Então, é esse serviço que elas irão fazer em você.

— Você é um nojento. Agora, mais ainda quero a troca de corpo. Jamais eu iria usar uma pessoa dessa forma, só para saciar meu desejo sexual. Eu vou pra casa, porque sua cara tá me embrulhando o estômago.

— E como vai embora se não sabe dirigir?

— Eu sou o Senhor Thiago Aiken. Qualquer segurança vai dirigir para mim. Não se preocupe.

Ela se levanta e sai do escritório, indo para a saída. Como ela havia falado, chama um dos seguranças para levá-la até o apartamento de Thiago, com a desculpa de que não estava bem para dirigir. Ela dispensa o segurança assim que ele coloca o carro no estacionamento do prédio e vai direto para o banho.

Thiago fica ainda no escritório, resolvendo algumas coisas. Ele ficou muito chateado com as palavras de Isabela. Não é ele que atiça as mulheres, são elas que vêm até ele precisando de carinho. Ele apenas cede, e assim ambos se divertem, mas não passa disso. Tudo é só diversão.

Ele se levanta e segue para a saída para ir embora, mas vê que o carro não está do lado de fora esperando por ele. Ele fica irritado, mas nem pode reclamar. Quem é Isabela para fazer isso com ele?

Realmente, ela está se apossando do corpo dele, como se já fosse a dona de tudo. Ele chama um dos seguranças e manda deixá-lo em casa, mas o segurança diz que não pode sair do seu posto.

Ele respira fundo e acaba chamando um táxi. Mais uma vez, ele é barrado na portaria, só passa depois de Isabela liberar a entrada dele. Ele entra tirando o sapato e vai até o quarto. Não a encontra lá e vai até a varanda, onde ela está debruçada olhando para a cidade.

— Não tem motivos para você ficar com raiva, Isabela. Eu sou assim, e não pode mudar. Você tem o seu jeito, você se guardou porque tem um propósito para isso. Já eu não tenho que guardar. Não fiz promessa a ninguém para fazer isso.

Ela fica muda, não responde, fingindo que ele não está ali. Ele solta um suspiro pesado por ser ignorado e se aproxima dela, ficando ao seu lado.

— Olha, eu sei que você gosta dessas coisas de contos de fadas, princesa, príncipe encantado e um final feliz. Mas não é assim na vida real. Não existe nada disso. Você está em uma bolha que criou na sua mente. Mas quando abrir os olhos, verá que não é assim que as coisas são ultimamente.

— Claro, porque ser solitário é mais divertido, não é? Acha mesmo que só a mulher leva a fama de galinha se ela se envolve com vários homens?

— Sim, pois o homem lava a mão e está limpo. Se eu chegar lá na agência e perguntar quem quer casar comigo, todas as mulheres vão levantar a mão. Todas vão aceitar sem nenhum problema.

— Exatamente, mas isso porque você é o dono da empresa. Elas conhecem você pelo que a imprensa fala, pela sua conta bancária. Ninguém vai se casar com você por amor, porque você não sabe o que é isso. Já que é movido pelo dinheiro.

Ela se vira para entrar, e ele segura em seu braço.

— Acha que eu não consigo uma mulher que me ame, por eu ser quem eu sou e não pelo que eu tenho?

— Eu estou no seu corpo, e vou fazer o teste. Você vai ver quantas mulheres vão querer se casar com o Senhor Aiken, se você não tiver dinheiro nenhum.

— E você, Isabela, aceita se casar comigo? — Ele fala, já começando o teste por ela. Isabela solta um sorriso irônico para ele e responde.

— Eu jamais me casaria com um tropeço de gente como você. Usar as mulheres para o prazer próprio. Não sabe amar e nem se divertir fora da cama. A vida é mais que isso, não é só sexo e dinheiro. A vida é para ser vivida como se fosse os últimos dias, pois quando ela acaba, você não leva dinheiro nenhum no seu caixão. A única coisa que você vai deixar é um monte de parentes brigando, se matando para ter aquilo que você se matou para conquistar. Vão chorar no seu caixão até a terra te cobrir, e depois, você será uma fotografia na parede ou dentro de uma gaveta. Ninguém vai nem se lembrar que um dia você existiu. Estou casada, vou dormir rezando para essa semana acabar logo e chegar o final de semana. Boa noite.

Ela solta do agarre dele, vai para a cama, e ele ainda fica ali, olhando para a cidade, refletindo sobre tudo que Isabela acabou de falar para ele.

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