Adam
P.O.V.
A garota de cabelos castanhos está ali, sentada, alheia ao furor que causa em mim. Seus olhos cor de chocolate são um mistério cruel, e eu me pergunto que pensamentos ela esconde por trás desse olhar curioso. Maldita seja a minha impotência por não ter ativado meu dom ainda. Em poucos dias, completarei dezoito anos e, finalmente, serei o Alfa. A luta é inevitável; o ciclo de cem anos exige que eu destrone meu pai em um duelo até a morte. E, honestamente? Mal posso esperar para vê-lo desaparecer de uma vez por todas.
O homem pequeno ao meu lado, quase calvo, se dirige a todos com um tom altivo e forçado, e eu me permito um sorriso frio, carregado de desprezo.
"Pode sentar ao lado da Aurora. Aurora, levante a mão para que Adam possa te ver."
A garota levanta a mão, e eu me movo em sua direção. Risinhos e murmúrios de admiração ecoam ao meu redor, mas eu não dou a mínima. Mal sabem elas que eu só tenho olhos para minha companheira ou companheiro. Eu não faço questão do seu gênero, contanto que esse ser seja meu, de corpo e alma.
Aproximo-me e sinto o perfume dela — uma mistura doce e viciante de chocolate e morango, uma fragrância que parece me consumir. Não posso evitar o pequeno tremor que a sua presença provoca em mim. Sento-me ao seu lado, tentando sufocar o desejo esmagador que se forma em meu peito.
Ela me olha com uma expressão de surpresa, e o vento, entrando pela janela, intensifica o aroma dela, inundando a sala com seu perfume hipnótico. Não posso desviar o olhar. Cada detalhe do rosto dela me fascina. Suas sardas são como constelações em sua pele pálida, e os hematomas e cortes em seu rosto despertam uma fúria primitiva dentro de mim.
Quem teve a audácia de feri-la?
A raiva e o desejo se misturam em mim, e eu nem percebo que estou apertando minha mão em um punho até sentir um toque leve em minha pele.
"Você está bem? Algum problema?" Sua voz é uma melodia doce e perturbadora que eu mal consigo suportar.
Sinto a mão dela apertar a minha com uma suavidade áspera, uma mistura de ternura e dor. Suas mãos deveriam ser suaves e intactas, como as de qualquer outra garota, e não o que eu vejo agora. Eu retiro minha mão bruscamente, e o olhar de espanto dela me atravessa, mas eu permaneço em silêncio, lutando para manter a distância que nem eu mesmo desejo. Como seu colega de classe, minha proximidade com ela será um tormento constante.
O tempo se arrasta como uma eternidade, cada minuto é uma tortura. Olho para o relógio acima do quadro, marcando exatamente 8:50. Suspiro e deixo minha cabeça cair sobre a mesa, tentando me concentrar nas palavras entediantes do professor.
"Para este trabalho, vocês farão duplas. Escolham um colega ao lado, e nada de reclamações. Esse é o último trabalho desse ano. Depois disso, estão livres para seguir suas vidas."
O desagrado dos alunos é uma sinfonia de frustração, mas o professor ignora os protestos e distribui os papéis com as instruções. A menina ao meu lado pega um dos papéis que o professor lhe entrega.
"Bom, em minha casa é que não vamos fazer esse trabalho." Ela suspira, desviando o olhar.
Não digo nada. Levanto a cabeça e tomo o papel das mãos dela, lendo o que está escrito: uma pintura inspirada em algo que você ama. Interessante. Leio o nome dela: Aurora Lee. Então é assim que ela se chama.
"Tem como você parar de ser rude e pelo menos responder?" Ela revira os olhos, e essa atitude apenas a torna ainda mais irresistível.
Ela se aproxima e o perfume dela atinge meu olfato com uma força ainda maior. Coloco a mão no nariz, tentando me afastar, mas sem sucesso. Finalmente, o sinal toca e eu me levanto sem uma palavra, pegando minha mochila e saindo da sala.
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Atualizado até capítulo 53
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