Não era nenhuma novidade já começar o dia brigando com Patrick,
estava se tornando um hábito e eu até chamaria de um tipo maluco de
preliminar, se no fim rolasse algo entre nós, mas tudo o que continuava a
acontecer era ele se afastar mais e mais.
Eu não achei que ele ia negar o que a mãe lhe pediu, ela dar uma
indicação nada discreta de que deveríamos ter uma lua de mel, me animou,
depois da noite que tivemos, um tempo longe e sozinhos poderia ajudar.
Mas para a minha surpresa, ele não só recusou como saiu da mesa no
mesmo segundo.
— Ele vai reconsiderar Sophie, assim que pensar melhor na proposta
ele vai aceitar essa ideia. — o pai dele foi o primeiro a falar, colocando um
fim ao silêncio incomodo que ficou.
— Claro que vai! Vou pedir para arrumarem a casa na ilha. — Audrey
complementou e eu me perdi naquelas palavras.
— Ilha? — não podia ser, eu acho que tinha entendido errado. Eles
eram donos de uma ilha?
— Ah sim querida, só mudar de lugar não é o suficiente, um lugar quente e paradisíaco é o que vocês precisam! — ela continuou a falar, como
se fosse algo corriqueiro. — Patrick não vai lá há muito tempo e ele
costumava adorar, a saída dessa montanha vai fazer bem em vários sentidos.
Aquilo me trouxe de volta o pensamento da noite passada, eu
precisava descobrir o que tinha acontecido no passado dele, em especial
com a primeira esposa. Eu só conseguiria entender um pouco mais de
Patrick depois de saber sobre a vida dele.
— Tudo bem, eu vou dar uma saída para resolver algumas coisas e
vou deixar vocês duas sozinhas, me parece que tem muito a conversar. —
James se curvou ao lado da mulher e plantou um beijo rápido nos lábios
dela. — Volto a tempo para o almoço. Tenham um bom dia!
Observei a cena na minha frente, eles formavam um casal lindo e
ainda eram apaixonados mesmo depois de todos esses anos de casamento.
Não consegui evitar que a pergunta brotasse em minha mente: quando eu
teria isso?
Mas tinha prioridades ali, se queria ter um casamento daqueles, eu
precisava conhecer meu marido primeiro.
— Agora que estamos sozinhas, eu queria fazer umas perguntas a
você. — eu disse baixinho, para que só nós duas pudéssemos ouvir, não
queria ninguém, em especial meu maridinho, me ouvisse perguntando da
sua vida. — O que aconteceu com Patrick? E a esposa dele do primeiro
casamento, onde ela está?
As perguntas a surpreenderam, Audrey ficou ali do outro lado da
mesa, paralisada de boca aberta sem saber como me responder.
Eu não tinha ideia que o assunto era tão delicado assim, mas o som de
passos se aproximando pareceu fazê-la voltar a si. Audrey se levantou
dando a volta na mesa, e meu primeiro pensamento foi de que ela iria
embora como o filho, mas ao invés disso ela estendeu a mão para mim e eu
a segui.
Assim que entramos na biblioteca, Audrey fechou a porta e se virou
para mim, a expressão mais séria que já vi no rosto dela, e só me dizia que a
conversa não ia ser nada boa.
— O que eu vou te contar vai ficar aqui e somente aqui! Patrick não pode sonhar que te contei sobre isso. — eu concordei com a cabeça antes mesmo de saber o que era. — Patrick amava Emily, tanto que chegava a ser cego a tudo o que ela fazia. Nós a conhecíamos, também acreditávamos nela, só não sabíamos que a vagabunda estava aplicando um golpe com os
pais. Ela nunca gostou dele, só queria o dinheiro da nossa família e
começou a arrancar dele cada vez mais e mais.
Agora eu entendia a ficção dele em achar que eu era uma interesseira,
ele devia pensar que assim como ela eu só estava atrás do seu dinheiro. E eu
nem podia julgá-lo depois de eu ter me casado com ele por um contrato que
envolvia muito dinheiro, mesmo que esse dinheiro não tenha vindo para as
minhas mãos.
— Muita coisa fez mais sentido agora. — murmurei, dando a deixa
para ela continuar.
— Nós percebemos antes de Patrick, tentamos alertá-lo, mas foi
quando eles tiveram um filho. — minha boca caiu aberta em choque,
Patrick teve um filho, um filho com a esposa que não o amava? Mas onde
estava essa criança agora? E se ele já tinha um herdeiro porque se casou
comigo? — Posso ver nos seus olhos muitas dúvidas surgindo, mas te peço
que me deixe terminar de contar. O filho era tudo para ele, Patrick se tornou
ainda mais cego para as artimanhas daquela maldita, até que foi tarde de
mais, Emily armou uma emboscada para ele sabendo que se o marido
morresse ela ficaria com a casa, uma gorda pensão, as ações da empresa e o
seguro de vida dele. — meu estômago se revirou com aquelas palavras.
Quem era capaz disso? — Emily não se importou com ele e nem com o
filho que estava no carro, o menino só tinha dez meses de vida e...
Audrey perdeu a voz e o queixo dela tremeu com o esforço que ela
fazia para não chorar. Eu não me aguentei mais e a abracei, a apertei em
meus braços querendo arrancar aquela dor, querendo fazer não só ela, mas a
Patrick também esquecer essa dor.
— Eu sinto muito, sinto muito mesmo que tenham passado por isso.
— eu tinha perdido meus pais, mas era tão nova, que a dor tinha se tornado
uma companheira silenciosa ao longo dos anos. Mas perder um filho e um
neto daquela forma, sabendo que poderia ter evitado... não conseguia nem
pensar em como eles se sentiam.
— Ela estava tão obcecada pelo dinheiro que não se importou em matar o próprio filho! — Audrey cuspiu sua revolta se afastando de mim.
— Patrick só sobreviveu porque não estava usando o cinto de segurança como sempre, ele estava dirigindo e quando o caminhão atingiu o carro ele
foi arremessado para fora, a pancada foi tão grande que ele ficou em coma
por um mês, achávamos que ele não... que ele não fosse sobreviver. — ela
mordeu os lábios contendo o choro, mas eu estendi minhas mãos segurando
as dela e mostrando que não precisava se conter perto de mim. — O carro
capotou e explodiu, o bebê... foi planejado para que ninguém sobrevivesse,
se Patrick estivesse usando o cinto no momento da batida ele não teria
sobrevivido.
— Mas ele sobreviveu! Seu filho está vivo e bem! — a lembrei
apertando a mão dela, mas sentia como se estivesse tentando afirmar aquilo
para mim mesma também.
— Quando ele atravessou o vidro e foi arrastado no asfalto, seu rosto
foi rasgado ficando deformado, como ele insisti em dizer. — ela falou,
respondendo uma pergunta que eu nem tinha feito e mudando de assunto.
— Um lado conseguiu ser consertado com cirurgias, não era tão horrível
assim, mas o outro Patrick passou a detestar, mesmo com os enxertos de
pele e todas as cirurgias que se forçou a passar ele se sente um monstro,
uma besta deformada.
Agora eu entendia muito mais as atitudes dele, Patrick esteve em
tanto sofrimento, passando por um inferno por uma mulher que ele amava e
que só estava atrás do seu dinheiro.
Aquilo era uma coisa que ficaria gravada na minha mente,
especialmente a parte do bebê, não me surpreenderia se ele nunca mais
quisesse ter filhos, depois de perder um de forma tão horrível, deve ter
destroçado seu coração.
Mas enquanto eu repassava as coisas que Audrey disse, uma coisa me
veio a cabeça.
— Onde ela está depois disso? Emily está na cadeia? Morreu? O que
aconteceu com ela?
— Bem a vadia fugiu com o que conseguiu, me desculpe por xingar
querida, mas ela tirou muito dinheiro, mesmo que nós tenhamos conseguido
cancelar várias coisas que ela o fez assinar. Porém, nunca mais a vimos, ela desapareceu do mapa, Patrick chegou a colocar investigadores atrás dela,
mas ela parece ter sumido do planeta.
Meu coração se apertou ainda mais, ele tinha que conviver com o
fantasma daquela mulher ainda presente, ela não pagou pelo mal que
causou, não estava nem sequer presa, ao contrário, a mulher que destruiu
sua vida estava vivendo por aí com o dinheiro dele, um dinheiro banhado
no sangue do próprio filho.
Aquilo ficou na minha cabeça pelo resto do dia, o fato de eu não ter
visto Patrick também não me ajudou a pensar em coisas boas. Foi um dia
longo, triste e frio.
Já estava dormindo quando um barulho na minha porta me despertou,
eu enfiei a mão em baixo do travesseiro, encontrando a mesma faca que
trouxe da casa do meu tio. Me virei pronta para atacar quando senti um peso
sobre minha cama, mas uma mão grande segurou meu pulso no ar antes que
eu conseguisse acertar em algo.
— Mas que porra é essa? — Patrick questionou quando as luzes se
acenderam e os olhos dele se focaram na minha mão. — Por que tem isso
nas mãos?
— Achei que... pudesse ser um ladrão ou algo assim. — era uma
desculpa bem ridícula, mas eu não estava pronta para compartilhar isso com
ele.
— Um bandido aqui? Vamos conversar depois sobre isso, eu só passei
aqui para lhe dizer que vamos sair amanhã de manhã. — ele se curvou e
plantou um beijo na minha testa, mas diferente do perfume que eu estava
acostumada, senti um cheiro feminino misturado a álcool e charutos.
— Aonde nós vamos? — perguntei quando ele chegou a porta, só lá
eu não sentia o cheiro do perfume estranho.
— Para nossa lua de mel!
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Atualizado até capítulo 54
Comments
Socorro D'Oliveira
Não gostei autora.Só falta dizer que gozou pensando nela.
2024-07-25
2
Raquel Martins
Não acredito que ele traiu ela😞
2024-05-16
3
Lucky
palhaço
2024-05-03
0