Capítulo 18

Dois dias depois, Dexter entra na sede do conselho onde ele pediu que Santiago os reunisse para falar sobre a exigência de Octavius.

Como de costume, cada Don pode entrar apenas com dois seguranças, então ele levou Léo e Charles.

Assim que chegam próximos a sala de audiência, Octavius se aproxima.

― Olha se não é o corajoso que quer me roubar Isabelle. ― Ele debocha colocando a mão na lapela do terno de Dexter.

Ele o olha com frieza e pega no pulso de Octavius apertando com força, fazendo-o gemer e se ajoelhar de dor.

Os homens de Octavius tentam intervir, mas Léo e Charles já estavam apontando as armas para eles. Armas que fariam um buraco enorme no peito deles.

― Primeiro: Isabelle não é um objeto para ser “roubado”. ― Dexter torce mais o pulso dele. ― Segundo: Se não quiser que arranque seus dedos com um alicate, não toque em mim novamente. ― Ele torce mais ainda e Octavius já suava com a dor. ― E terceiro: eu realmente tenho coragem de fazer o que eu disse, então, não teste a minha paciência.

Dexter estava a ponto de quebrar o pulso de Octavius, quando sente a mão de Léo pegar em sua mão livre.

― Chefe... sabe que não pode fazer isso aqui... ― Ele fala em um sussurro sabendo bem como as regras funcionam naquele mundo.

Dexter respira fundo e solta Octavius que agarra seu pulso dolorido suado de dor.

― Você quase quebrou meu pulso! Com quem pensa que está falando?? Você vai pagar por cada insulto, seu infeliz!!!

Dexter não se intimida com o olhar cheio de ódio dele.

― Vou adorar quando esse dia chegar. ― Dexter zomba e logo um dos carrascos do conselho chega para verificar o que estava acontecendo.

Ali era um lugar neutro, então, ninguém podia ferir ou matar alguém, exceto se houvesse algum atentado, como aconteceu com Don Santiago na casa dele. Isso valia em qualquer lugar que fizessem a reunião.

Fora disso, qualquer um que quebrasse essa regra, estava literalmente ferrad0, pois o carrasco, iria dar um jeitinho de relembrar as regras.

― Algum problema aqui? ― O carrasco pergunta olhando com desprezo para Octavius.

― Nenhum, carrasco. Só estamos tentando chegar na audiência, mas tem lixo obstruindo a passagem. ― Dexter zomba e Léo faz questão de rir, deixando Octavius ainda mais furioso.

― Por aqui, Don Milano. Vou acompanhá-lo até o seu lugar.

― Gracias.

Dexter acompanha o carrasco até o lado direito da audiência. Lá estava todo o conselho com suas poses de soberba e poder.

De longe, Dexter avista Don Santiago que lhe olha com pesar. Ele dá um leve sorriso, para demonstrar que estava tudo sob controle.

Alguns começam a murmurar achando um absurdo Dexter contestar a reivindicação de um mafioso da casa mais influente da Itália.

Só por esse motivo, por se tratar de um aliado fortíssimo, muitos não iriam querer ir contra ele.

Assim que Octavius entra e se senta do lado oposto, Don Silas Mendez começa a audiência, já que Don Santiago, por ser membro direto de uma das partes, não poderia presidir a corte.

― Don Dexter Milano, pediu uma audiência com todos do conselho. Sendo assim, a palavra está com o senhor.

― Vou ser breve. Octavius quer reivindicar Isabelle Santiago que já está prometida a mim. E eu, não vou aceitar.

― Eu não sabia que ela estava noiva. ― Octavius responde debochado. ― Mas isso não importa. Eu a vejo como uma ótima candidata para ser a senhora da Irmandade. E como é apenas noiva, acredito que não haverá problemas em cancelar esse noivado.

― Haverá sim. Isabelle não está disponível. Ela se casará comigo.

Todos começam a murmurar achando Dexter louco por contrariar o regente da Irmandade.

Octavius ri sem humor deixando todos atentos.

― Não importa. Eu a quero. Você terá que procurar por outra esposa.

― Pois vai ficar querendo. Não vou te dar Isabelle. Ainda mais se for para matá-la como fez com sua última esposa.

Don Silas levanta as sobrancelhas surpreso e olha para Octavius.

― Mas que absurdo! ― Octavius grita se levantando. ― Isso é uma mentira! Como ousa falar isso??

Todos murmuram chocados e alguns em reprovação com o desenrolar da história.

― Silêncio! ― Don Silas tenta pôr ordem. ― Sabe que isso é muito sério, Don Milano. Acusar um Don de algo tão grave. Ainda mais sendo da Irmandade.

― Eu sei bem como as leis da máfia funcionam, Don Silas. ― Dexter fala extremamente calmo. ― Tanto que sei que, é terminantemente desonroso matar a sua própria esposa. Ou a regra mudou? Não aceitam divórcio, mas assassinato sim?

― Mas é claro que não! ― Don Silas fala meio exaltado. ― Isso é inadmissível!

― Pois então, chegou até a mim que esse covarde que se diz homem, espancava a esposa. Um dia, a espancou tanto que a levou a morte. O senhor me conhece e sabe bem o que isso significa para mim.

― Isso é mentira! ― Octavius reage ainda mais raivoso. ― Eu só corrigia minha esposa! Isso é direito meu, caso ela merecesse! Ela flertava com todos os homens que aparecia! Nada mais justo que lembrá-la de seu devido lugar! Ela morreu sim, mas em um acidente!

― Muito conveniente, não? ― Dexter debocha.

― Seu desgraçado! Vou te matar! ― Octavius tenta avançar nele, mas o seu próprio segurança, Ludy, o impede.

― Se acalme senhor. Ou vai arranjar problemas... ― Ludy aconselha e ele se acalma um pouco.

― Você não passa de um covarde que quer se aproveitar da situação para falar merda! Isabelle vale tanto assim? Deve ser boa na cama, pelo visto. ― Octavius provoca querendo que Dexter fosse para cima dele.

Dexter se levanta com uma fúria tão grande, que até os conselheiros engolem em seco já prevendo uma guerra.

― Se não quiser que arranque sua língua, meça suas palavras ao se dirigir a ela. E nunca, nunca mais me chame de covarde, pois posso ser tudo de ruim nessa vida, mas covarde, isso eu não sou.

Octavius vê a fúria nos olhos de Dexter e até dá um passo para trás com um certo medo.

Ele conhecia bem Dexter, o Anjo da Morte, sabia bem que quem ousasse entrar em seu caminho, virava pó. Há alguns anos, Octavius até tentou recrutá-lo para servir a Irmandade, mas Dexter virara Don Milano e chefes de máfias, não podem servir na linha de frente.

― Se ousar falar mais uma palavra sobre minha filha, Octavius, juro que atiro em você até virar peneira! ― Don Santiago se levanta furioso e tenta avançar para cima dele, mas um dos carrascos o segura firme.

― Já chega senhores! ― Silas tenta acalmar os ânimos e faz com que todos voltem a se sentar. ― Vamos nos acalmar. Tem como provar as suas alegações, senhor Milano?

― Infelizmente, não. Ainda. Mas isso é só questão de tempo. ― Dexter fala olhando desafiadoramente para Octavius.

― Se não tem como provar, vamos voltar ao que interessa. Vamos deliberar.

Silas começa a falar com os outros do conselho para tomarem uma decisão, alguns gesticulam, outros riem, outros negam com a cabeça.

Dexter sabia bem que tudo aquilo não passava de encenação. Ele sabe melhor do que ninguém, como são as regras daquele mundo. Ninguém iria se indispor com o regente da Irmandade.

“Parece que a máfia conhecerá o verdadeiro Dexter...”

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