10. Capítulo

Fernanda me deixou sem palavras com o que me disse ao pegar meu celular nas mãos. Já adianto que gostei de ouvir ela me chamando de seu, mas odiei o que veio depois. 

Almoçar na casa dos sogros? Péssimo! 

Fernanda levantou até mais cedo na manhã seguinte. Sei disso porque ela me acordou também e escolheu a roupa que vou usar para encontrar os seus pais. O estranho é que eu não me lembro de ter visto esses dois no nosso casamento. Tive até que deixá-la dançar com um amigo na parte que era para ser com o seu pai. Então, eu não entendo porque ela quer me enfiar em um encontro desse com pessoas que não se importam. 

Hugo: Prazer em conhecê-lo, sou Hugo. 

Danilo: Prazer, Hugo. Me chamo Danilo.

Estando na frente desses senhores eu quase posso entender o porquê eles não foram no casamento de sua filha comigo. Eles são como o meu pai antes do divórcio. Viva com o telefone nas mãos e ausente em todos os momentos da família. Assim é Hugo e Bella.

Observando Bella, eu posso entender de onde veio a beleza da minha esposa. Ela é uma mulher muito delicada em seu cabelo preto e seu rosto quase sem maquiagem. Seus olhos eram pretos e brilhantes também. Fernanda, perto dela parece ser menos autoritária e também parece ser mais carinhosa quando fala de mim com a sua mãe. Eu fico com Hugo na sala de estar bebendo um drink e conversando sobre esportes sempre que ele larga o celular e olha nos meus olhos. Penso que já disse três vezes que acho o Cristiano Ronaldo o melhor jogador do mundo.

Hugo: E do que trabalha? 

Danilo: Trabalho em uma empresa de publicidade, senhor.

Hugo revira os olhos com bastante ironia e eu me envergonho de ter revelado essa verdade.

Foi aí que minha esposa resolveu sentar do meu lado e a mãe dela do lado do marido. Estranhamente, Hugo guardou o celular e não o pegou mais, mesmo com o som de notificação chegando a todo momento em que conversamos sobre o casamento. 

Hugo: Fernanda disse que achamos que vocês precisam trazer um herdeiro à vida? 

Bella: Hugo, não seja indelicado. 

Encaro a Fernanda bem do meu lado e tento entender como vamos fazer um herdeiro sem nem nos beijamos na boca. Ela parece com vergonha do próprio pai ter tocado nesse assunto e eu ainda fico esperando respostas.

Danilo: Um herdeiro nosso? 

Fernanda pega em minhas mãos. 

Fernanda: Sim, mas eu disse para ele que estamos nos curtindo ainda. 

Danilo: Verdade, estamos nos curtindo ainda.

Não sei o que deu em mim para me virar aquele homem e mentir também. Talvez seja porque eu desejo muito chegar a esse ponto de intimidade com a minha esposa. Talvez também seja porque eu sonho em um dia ser pai de um menino que vou fazer de mini eu. 

Na casa dos pais de Fernanda, nós almoçamos depois desse assunto inconveniente de quando vamos fazer esse filho e tomamos um café antes de entrarmos no carro e irmos embora de volta para casa. Fernanda até voltou a pegar na minha mão no carro, pediu desculpas pelo o pai dela, mas eu que estava no volante só mostrei que estava tudo bem com o meu sorriso e o carinho lhe fiz na mão descansada em minha perna. 

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