Ele Me Tem Desde Criança

Ele Me Tem Desde Criança

Capítulo primeiro

Capítulo 1 — De volta à origem

Katherine Rowan Salazar, 22 anos, 1,68 de altura.

Estou sentada em um canto, chorando. As lágrimas não escorrem apenas por saudade do que vivi, mas pela dor de não reconhecer mais a garota doce e alegre que um dia fui. Tudo o que resta agora é esse vazio esmagador no peito. A vontade de gritar me consome.

Sua testa está encostada na minha. Ele me empurra contra a parede, os olhos carregando a mesma angústia que transborda em mim.

Onze meses antes...

Estou voltando para o país onde mais sofri. De volta para perto do desgraçado do meu pai.

Sim, eu o odeio.

Ele é o responsável por tudo que me tornei — por tudo que perdi. Aquele homem imundo destruiu partes de mim que eu valorizava mais do que a própria vida. Mas, ao mesmo tempo, estou voltando para perto do meu primeiro amor... e da minha família.

Quando digo “amor”, não é força de expressão. Nós vivemos tudo — literalmente tudo — o que um casal adulto pode viver. E, apesar de me arrepender de certas escolhas, a dor da separação foi tão profunda que quase perdi o controle da minha própria sanidade.

Fui forçada a escrever uma carta de despedida. Uma carta mais cruel do que qualquer golpe.

Depois disso, meu pai começou a me torturar psicologicamente. Durante anos. Sempre me jogando na cara o fato de minha mãe ter sido judia — como se isso fosse uma ofensa.

O ódio dele é cego, doentio... lembra Hitler em sua forma mais pura.

E pensar que um homem tão poderoso deveria ser exemplo. Mas eu, mesmo sendo sua filha, me recuso a me ver nele.

De volta ao presente...

O silêncio no avião é sufocante. A ansiedade me corrói por dentro.

Como será que estão todos?

Minha mãe... meu irmão mais velho... os amigos que deixei para trás...

Será que ainda lembram de mim?

Sou interrompida pelo anúncio da aeromoça:

— Senhores passageiros, estamos passando por uma turbulência. Por favor, afivelem os cintos.

De novo, isso...

A náusea volta com mais força. Quando finalmente aterrissamos, sigo para a esteira de bagagens — e, no caminho, esbarro em um homem.

— Olha por onde anda! — ele diz com arrogância.

Levanto o olhar e lanço meu típico olhar frio, sem responder. Mas ele insiste:

— Não vai falar nada, não, esquisita?

Pego minha mochila e sigo em frente, ignorando. Mas ele agarra meu braço. Instintivamente, revido com um golpe direto no nariz. Meu treino diário na academia fez valer o movimento. Ele recua com dor.

— Você tá maluca?!

É o mesmo homem de antes. E mesmo agora, com sangue no rosto, ele continua com aquele tom provocativo.

— Só não te reviro no chão porque é mulher.

— Para de ser chato, caralho. E me deixa em paz.

Ele ainda tenta responder algo, mas viro as costas sem me importar.

TSK... Tinha que ter um idiota pra me atormentar logo na chegada.

Quando pego minha mala, sigo em direção à saída do aeroporto.

Na escada rolante, avisto minha mãe. Ao lado dela, três pessoas. Um homem, uma moça... e uma criança.

O homem me encara com intensidade. Aquele olhar... é familiar demais.

Meu coração para por um instante.

É ele. Dante.

Meu “melhor amigo” de infância.

O menino pelo qual fui capaz de quase morrer. O mesmo que agora me olha como se pudesse enxergar o fundo da minha alma.

Repito para mim mesma que esse olhar não me afeta mais — mas é mentira. As minhas pernas tremem.

Passei mais de seis anos no México. Seis anos de provações. Não posso me deixar abalar agora.

Sou agente da S.W.A.T. Voltei ao país por uma missão extremamente sigilosa. Qualquer erro pode comprometer tudo. Me matriculei em uma faculdade de administração como fachada.

Desvio o olhar. Se eu continuar o encarando, vou cair ali mesmo.

Minto para mim mesma que ele não está bonito. Mas, puta que pariu... ele está mais lindo do que qualquer homem que já vi.

Alto, corpo definido sem exagero. O rosto parece esculpido. Cabelos negros, lisos, caindo sobre os olhos. Mas é o olhar... aquele olhar maldito... que me desmonta.

Com o rosto neutro, cumprimento minha madrasta, Maria.

— Oi, mãe.

Ela não perde tempo. Me abraça forte, calorosa. Me surpreendo. Sempre me tratou com frieza, favorecendo meus irmãos. Isso é estranho.

— Esperou muito? — pergunto.

— Esperaria a eternidade, filha...

— É... então tá.

Ela me olha com tristeza. Se eu demonstrar incômodo, ela vai voltar ao modo cruel. E não quero entrar no teatrinho dela, não com tantas testemunhas por perto.

— Não vai cumprimentar seus amigos de infância?

Merda.

Presto atenção nas outras duas pessoas. Uma delas é...

— Oi, Kate! É a Lisa. Não tá me reconhecendo?

Lisa. Uma das responsáveis por transformar minha vida em um inferno quando descobriu o que eu e o irmão estávamos fazendo.

— Desculpa... eu realmente não reconheci vocês.

Dante dá um sorriso debochado, carregado de desprezo.

— Já se passaram mais de seis anos, não é mesmo, Lisa?

— Foram sete, na verdade — ele diz, firme, como se quisesse que eu sentisse cada segundo da nossa separação.

Ele me odeia. Sei disso. E tem motivos. Eu o ignorei. Nunca respondi suas cartas. Nunca voltei.

— Já que terminaram as apresentações, vamos logo. Tenho que buscar minha namorada.

Namorada.

Fingir que isso não me afeta é quase impossível. O peito aperta. Dante está sério, distante.

— Como sempre com essa carranca — comenta Lisa, tentando aliviar o clima. — Não liga pra ele, Kate.

Sigo com eles. Mas algo me incomoda. Nenhum agente apareceu para confirmar minha chegada. Minha missão é secreta demais pra falhas assim. Por isso, inventei a matrícula na faculdade. Preciso me manter sob o radar.

Chegando ao carro, Dante abre o porta-malas e coloca minhas malas sem sequer olhar em minha direção.

— Vai na frente, Kate — diz Lisa, empurrando-me gentilmente.

— Não precisa, eu prefiro ir atrás.

— É bom mesmo — Dante diz seco. — Minha namorada não ia gostar.

— É só um banco, seu otário — rebate Lisa.

— Tanto faz.

Me sento no banco de trás, mas Lisa insiste e me empurra para o da frente. Dante evita meu olhar durante o caminho. Até que finalmente chegamos à casa.

Recebo uma mensagem:

— Já chegou?

Percebo Dante observando, então desligo a tela e apenas respondo:

— Sim. Só não me mande mensagens agora.

Ao entrar, vejo meus irmãos. Meu coração quase explode de saudade. Eles correm em minha direção, me esmagando em um abraço coletivo.

Cinco irmãos.

O mais velho, Jonathan Hades.

Depois eu.

Depois os gêmeos, Dave e Alice.

Depois a pequena Seo-yoon — ou Ana, como chamamos.

E por fim, minha favorita: Miriam. Minha bebê.

Somos um escândalo de nacionalidades, graças ao histórico amoroso do meu pai.

Mas somos únicos.

E, por um instante, naquela confusão de braços e risos... eu me sinto viva de novo.

Quando olho para trás...

Dante e Lisa já foram embora.

Capítulo revisado...

continua...

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Comments

Luci

Luci

Começando agora

2024-03-02

0

Tsuruko Takara Alexandre

Tsuruko Takara Alexandre

estória=uma escrita de imaginação Não verídica
história=são fatos reais

2024-02-02

2

Tsuruko Takara Alexandre

Tsuruko Takara Alexandre

Ainda é início da estória. Não tenho ideia do que vai ser.

2024-02-02

0

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