Conspiracy Pt.3

Adrian estava novamente parado no meio do que sobrou de seu reino. Nos seus sonhos, a casa que ele tinha amado tanto estava destruída, as paredes caídas e os quartos quebrados. Ele podia ouvir os ecos de uma felicidade que já não existia.

Ele via sua família, mas não como as pessoas amorosas que ele se lembrava. Eles estavam parados, pálidos e silenciosos, como se tivessem sido congelados no tempo. A mãe de Adrian estava de olhos fechados, e sua irmã estava caída, como se o vento tivesse levado todo o seu espírito inquieto.

Então, nas sombras, uma voz zombeteira sussurrava, dizendo que os descendentes de Norh eram fracos. “Não… isso não é verdade,” Adrian queria gritar, mas no sonho, sua voz não tinha força e as palavras desapareciam antes mesmo de poderem ser ouvidas.

De repente, ele acordou. Seu coração batia rápido e ele estava suando. O quarto estava meio claro, com a luz da manhã entrando devagar. Ele se sentia aliviado por ter escapado do sonho ruim, mas triste por saber que a realidade não era muito melhor.

Ele se levantou, tentando sacudir o medo. No cantinho do quarto, seu medalhão, o mesmo de sempre, dava a ele um pouco de conforto. Era um pedaço da sua antiga vida que ele ainda podia tocar. "Os descendentes de Norh?" ele disse baixinho.

Ele olhou para fora e viu o campo de treinamento onde Jaime estava. Era hora de esquecer os pesadelos e enfrentar o novo dia. Apesar das palavras da sombra no sonho, Adrian sabia que ser forte significava continuar tentando, mesmo quando tudo parecia impossível.

Com discrição, Adrian deixou a sala. Ele se dirigiu ao encontro de lord Bolton, que residia numa torre antiquada nos confins de Aurora. A torre, com seus musgos que contavam segredos antigos, erguia-se como uma recordação stoica do passado.

Adrian foi recebido com surpresa, pois não era comum que um homem de sua juventude e distinção fizesse um inquérito tão direto. “Lord Bolton,” iniciou Adrian, sua voz era firme apesar do queixo jovem, “existem rumores de que suas lealdades podem ter se realinhado, seria prudente para ambos se você esclarecer sua posição.”

A resposta veio com lentidão, pois lord Bolton era um homem que ponderava cada palavra como se fosse prata. “Jovem Adrian, eu sirvo Aurora e nada mais. As suspeitas que lançam sombras sobre meu nome são como nuvens passageiras, elas logo se dissiparão.”

Ainda assim, Adrian notou um brilho misterioso nos olhos de Bolton, um brilho que falava de segredos não compartilhados e intenções ocultas. “Sua palavra me basta por agora,” Adrian declarou, “mas esteja ciente de que a confiança é como cristal, e uma vez estilhaçada, suas peças jamais se juntam da mesma forma.”

Deixando a presença de Bolton, o desejo de vigilância aumentou em Adrian. ‘Manter os amigos por perto e os possíveis inimigos mais perto ainda’, pensou ele. Para tal, instruiu homens mais confiáveis a manter um olho discreto nas movimentações de Bolton.

Os dias que antecederam a Feira da Colheita foram de uma tensão que se podia quase mastigar. O som reconfortante de martelos e serras trabalhando encheu o ar, enquanto barricadas eram erguidas e guardas patrulhavam com uma frequência que falava de perigo iminente.

A feira, com suas tendas coloridas e aromas deliciosos, transcorreu com uma beleza que ameaçava ofuscar a crescente inquietação. Adrian, disfarçado entre os cidadãos, mantinha suas percepções aguçadas para qualquer sussurro de conspiração ou sinal de mal-estar.

Foi durante o evento que ele observou uma troca peculiar entre lord Bolton e um emissário desconhecido, cujo manto escuro mal cobria a cicatriz que atravessava seu rosto. Eles trocaram palavras rápidas e um pergaminho discretamente passou de mão em mão.

Adrian não perdeu tempo. Assim que o emissário partiu, seguindo por um beco apertado, Adrian, com a habilidade de um predador, seguiu furtivamente. A sombra da inevitável confrontação aumentava a cada passo e, no escuro da noite, o verdadeiro jogo de Malor começaria a ser revelado.

Adrian manteve uma distância segura, sua mão direita repousava sobre a empunhadura de sua espada prateada, uma obra-prima da metalurgia. O punho forjado com o símbolo de uma serpente negra parecia vivo sob o luar, pronto para desferir seu veneno letal.

O emissário parou frente a uma porta enferrujada e golpeou a superfície de madeira com um padrão de batidas que fez Adrian franzir a testa. Será um código? Ele memorizou o ritmo antes do homem desaparecer para dentro da estrutura decrépita.

Respirando fundo, Adrian esperou alguns momentos. Sua mente estava afiada, cada sentido ampliado pelo treinamento e o perigo iminente. Com um movimento sutil, ele seguiu, adentrando o limiar depois de repetir as batidas.

O interior era uma taverna abandonada, cheia de sombras e enigmas. O emissário conversava com uma figura encapuzada, a cicatriz na face agora clara sob a fraca luz de uma vela solitária. Adrian se esgueirou para mais perto, usando as sombras como aliadas, até que as palavras cochichadas dos homens se tornaram claras.

“Tudo está pronto para amanhã, na hora da véspera, o plano de Malor será posto em prática e a guarda estará…” a voz do emissário foi interrompida.

Adrian sentiu algo. Seu instinto o empurrou para esquivar-se e, quando o fez, uma lâmina cortou o ar ondesua cabeça estivera. Seus reflexos responderam com uma precisão mortal. A espada prateada, com o símbolo da serpente, escapuliu da bainha, sua lâmina zumbindo um canto letal enquanto se movia em resposta.

A taverna explodiu em violência. O emissário sacou sua própria arma, uma cimitarra com entalhes estranhos, e a figura encapuzada levantou-se bruscamente, um arco pequeno em mãos. As lâminas colidiam com faíscas e estrondo, cada golpe de Adrian era calculado e letal.

A serpente no punho parecia insuflar a espada com algum tipo de fúria antiga, sua lâmina movendo-se com uma graciosidade predatória. Um golpe giratório, e ele espalmou a lâmina adversária para o lado, abrindo guarda para um avanço ágil. A prata brilhou em um arco descendente que foi bloqueado no último segundo, mas a força do impacto fez o emissário vacilar.

No meio da luta, uma flecha zunia em direção a Adrian, desviada num último segundo com o largo da lâmina, provocando um tinido metálico. Com uma estocada arrojada, Adrian aproveitou o desequilíbrio do inimigo e encurtou a distância, a ponta de sua espada encontrando a abertura sob as costelas do emissário.

A figura encapuzada soltou uma praga ao ver o companheiro tombar e recuou nos seus passos, preparando outra flecha. Mas, o tempo não estava a seu favor. Com um salto felino, Adrian lançou-se contra o arqueiro antes que a corda fosse puxada. A luta corpo-a-corpo era desajeitada, mas Adrian, com sua formação militar, tinha supremacia.

Ao final, a serpente negra bebeu mais uma vez antes que Adrian a retornasse à bainha. O silêncio caiu sobre a taverna, pesado como um veredicto.

Adrian recolheu o pergaminho do chão sujo e o desenrolou, franzindo o cenho ao decifrar as anotações que confirmavam o pior: um ataque à Aurora durante a Feira e uma lista de guardas subornados. Com o pulso ainda acelerado pela adrenalina, ele sabia que o raiar do dia traria consigo uma tempestade. E ele precisava ser o farol, a luz que guiaria Aurora através da escuridão traçada por Malor.

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