Conspiracy

Numa manhã clara de céus abertos, após treinar com a dedicação de sempre, Adrian foi chamado à presença do rei e da rainha. O sol destacava o brilho no piso do salão, mas o clima era de seriedade. A convocação veio com a suavidade do amanhecer, mas carregava o peso de um crepúsculo. Ao adentrar, o brilho suave das tochas nos castiçais de prata iluminava os rostos sombrios de Rei Valorian e Rainha Elara. Seus olhares encontravam o jovem cavaleiro, carregados de expectativa e temor.

“Adrian,” começou o rei, com uma voz firme que ressoava pelas paredes de pedra, “o vento trouxe aos nossos ouvidos uma melodia de rebelião. Malor respira traição e convence os corações de nossa gente a negarem suas fidelidades.”

Adrian sentiu o frio da tensão no ar, e uma inquietação cresceu dentro dele. “Majestade, sei que Malor tem sido uma presença nos rumores, mas fico surpreso que ele tenha conseguido tanto apoio.”

Resumo: Nos últimos dois anos, Malor vinha silenciosamente reunindo um contingente de insatisfeitos nos subterrâneos de Aurora. Seu objetivo final era audacioso: derrubar a monarquia e tomar para si o trono, prometendo uma nova era sem coroas ou títulos. A rebelião crescia em segredo, com Malor como a mente por trás de cada plano e promessa de mudança.

“A surpresa é a arma dos desatentos,” interjectou a rainha, com um olhar significativo. “E nós não nos podemos dar a esse luxo. Sua voz é persuasiva, seu carisma, inegável. Já foram dois anos de preparação, e se não atuarmos agora, tememos que o golpe seja inevitável.”

Adrian absorvia cada palavra, sentindo o peso delas como se carregasse nas costas as próprias muralhas da cidade. “E qual é o meu papel? Como desejam que eu aja nesta situação delicada?”

Valorian se levantou, caminhando até a grande janela que dava vista para o reino que jurara proteger. “É simples e ao mesmo terrivelmente complexo, Adrian. Você deve encontrar Malor. Avaliar as proporções dessa conspiração. E então…” Ele hesitou por um momento, olhando para as árvores balançando com a brisa lá fora, como se buscasse nelas alguma solução pacífica. “Você poderia ter que silenciar essa voz de revolta. Com ação direta e permanente.”

As palavras caíram como uma sentença nos ouvidos do jovem cavaleiro, que sentiu um calafrio percorrer sua espinha. “E se eu conseguir encontrar uma solução que não envolva derramar sangue? Uma forma de trazer Malor à razão sem a necessidade de… eliminar a ameaça?”

A rainha, que até então permanecera com a expressão grave, permitiu-se um vislumbre de esperança. “Ninguém aqui deseja a morte, Adrian. Nós preferíamos celebrar sua sagacidade e misericórdia se você conseguisse evitar tal ato final. Mas você deve entender que a prioridade é a segurança de Aurora e de seu povo.”

Adrian assentiu, percebendo a magnitude da tarefa que lhe era confiada. “Farei o que for possível para restaurar a paz sem violência”, prometeu, a determinação firmada em cada sílaba pronunciada.

Com mais sombras do que luz para ajudá-lo no caminho, Adrian partiu. Havia a possibilidade de dialogar com Malor, de entender suas razões e, quem sabe, até de aplacar a tempestade antes que ela arrasasse os alicerces do reino. Contudo, se as palavras falhassem, um golpe mais sombrio poderia tornar-se o custo necessário para a manutenção da paz.

Nos dias que se seguiram àquele encontro com o rei e a rainha, Adrian mergulhou nos bairros movimentados de Aurora. Sua busca por Malor era persistente e precisa, como um jogador de xadrez que antecipa os movimentos do adversário. Com o passar das horas, os traços de Malor começaram a emergir. Adrian não se precipitava. Observava. Escutava. As pessoas da cidade não viam nele nada além do cavaleiro leal a serviço do reino, ignorantes de sua verdadeira missão. Era nos pequenos detalhes que Adrian encontrava pistas. Um borrão incomum em um pergaminho, um intervalo prolongado nas batidas de um martelo na forja, um olhar que se desviava um segundo a mais que o necessário… Todas essas nuances construíam o perfil de Malor para ele, peça por peça.

Adrian tinha uma habilidade notável de se misturar aos variados círculos sociais de Aurora. Comerciantes, artesãos e camponeses, eram todos fontes valiosas de informações, e ele sabia como extrair o que precisava com um bate-papo amigável ou um gesto de generosidade casual. Ele também dedicava momentos ao estudo, reavaliando estratégias históricas de confronto e diplomacia, aprendendo com os erros e sucessos dos que vieram antes dele. Isso tudo, somado à sua habilidade natural de decifrar enigmas e prever comportamentos, fazia de Adrian não apenas um cavaleiro, mas um verdadeiro detetive das intenções humanas.

Certa tarde, enquanto se refrescava com uma jarra d’água fresca na praça principal, uma conversa capturou sua atenção. Um velho pescador, cuja pele carcomida pelo sal testemunhava anos de mar e vento, falava com um jovem aprendiz sobre um encontro secreto nas antigas ruínas ao norte da cidade. Adrian sabia que esse lugar poderia ser o refúgio perfeito para alguém como Malor e seus seguidores.

Silenciosamente agradecendo ao acaso – ou talvez ao destino – Adrian finalizou sua bebida e se dirigiu para a mencionada localização. Os dias de procura meticulosa valeram a pena, pensou, enquanto as pedras milenares das ruínas brotaviam no horizonte diante dele. Era ali que as respostas se escondiam, era ali que o futuro de Aurora seria decidido.

Ao alcançar o local onde as antigas ruínas de Aldar se erguiam à frente, Adrian sentiu a pulsação da história nas veias envelhecidas daquele lugar esquecido. Abandonadas e retomadas pelo abraço da natureza, as paredes desgastadas guardavam segredos de outro tempo. Agora, elas podiam estar abrigando a chave para desvendar a trama de Malor.

O cavaleiro se moveu com o mesmo cuidado com que se aproximaria de um animal selvagem. Seus olhos percorriam as sombras que dançavam entre as colunas quebradas. Estava atento a qualquer movimento, a qualquer sinal de que não estava sozinho.

Adrian sabia que seu maior trunfo era sua capacidade de observação. Notou pegadas recém-feitas, uma confusão de passos que falavam de reuniões secretas. As marcas o guiavam, sussurrando histórias dos que aqui estiveram antes dele. Seguiu-as com paciência até parar, ouvindo reverberações de vozes que escapavam de um corredor quase totalmente tomado por trepadeiras.

Com cautela, sem fazer barulho, posicionou-se onde poderia ouvir e observar sem ser visto. Ficou claro que algumas daquelas vozes carregavam o peso da liderança, e ele presumiu que uma delas pertenceria a Malor. As palavras eram carregadas de urgência e esperança, discutindo os próximos passos de sua rebelião.

Adrian permaneceu quieto, como uma sombra entre as outras, absorvendo cada fragmento da conversa. O que ele ouvia lhe dava mais clareza – não era apenas um plano de rebelião, mas uma visão de futuro que Malor e seus seguidores partilhavam. Adrian começou a entender o tecido daquela luta, a trama complexa de descontentamento e desejo por mudança que os unia.

Com a noite ganhando força, era hora de retirar-se antes de ser notado. Havia muito a considerar, e ele precisava levar aqueles novos fragmentos de informação aos reis. Aquele encontro furtivo nas ruínas de Aldar havia sido uma janela para a alma dos rebeldes, um vislumbre das motivações que os incitavam a insurgir contra o trono de Aurora.

Adrian retomou o caminho de volta, a lua cheia iluminando seus pensamentos. Ele precisava planejar cuidadosamente o que fazer a seguir. A solução para evitar a violência talvez estivesse nas próprias palavras que ele escutou naquela noite – palavras que falavam de injustiça e sonhos, palavras que ele, inteligentemente, usaria para encontrar uma solução que mantivesse a paz. E com isso, Aurora poderia amanhecer sem o temor da guerra batendo à sua porta.

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