viva

— como anda as pistas? — Khrnos pergunta para seu tio, tentando manter a calma.

— Ainda não encontramos nada, não estão mais por aqui, deixaram somente as pegadas. São o dobro do tamanho das nossas.

— Então a suspeita estava certa. Eles estavam aqui por causa de Ruby. Ela está em perigo, e nesse momento podem estar perseguindo ela, não podemos só ficar aqui e esperar pelo corpo dela chegando em nossas mãos.

— Talvez seja melhor assim... — Khrnos bate com as mãos sobre a mesa enquanto rosna. Sua mãe que até então só escutava de longe se aproxima para tentar acalma-lo.

— Você pode até não querer entender, Khrnos, mas se realmente estão atrás dela, trazer ela pra cá trará somente problemas, eles virão atrás dela e consequentemente todos estarão em perigo juntos.

— Não vou abandonar ela!

— Pra quem não queria se casar você parece muito relutante agora. O que foi? A boceta foi tão gostosa que se apaixonou?

Naquele momento Khrnos vira a mesa com tudo por cima do seu tio, indo pra cima dele completamente descontrolado enquanto sua mãe de desespera pois sabe que não teria força suficiente para parar seu filho e muito menos Arien.

— Parem vocês dois! — eles não dão ouvidos e agora estão se agarrando no chão.

— Você está apaixonado seu maldito idiota... — Arien fala sorrindo mesmo com o lábio cortado — Já estive assim e sei como é, mas você é um homem e deve pensar como um. Se trazer ela todos estarão em perigo. Você vai conseguir proteger todos ao mesmo tempo?

— Eu vou! Vou proteger ela e todos do que está nos rodeando.

— Então vá buscar sua fêmea, seu idiota — ele empurra Khrnos de cima de si. O alfa se transforma e sai correndo para fora. Arien se senta no chão, encarando Haellena.

— Você está péssimo...

— Eu deixei ele bater em mim — ele deu de ombros — Acho que ele estava mesmo precisando esvaziar aquela raiva.

— Não sabemos o que é a criatura, tem certeza que vai deixar ele ir sozinho atrás dela?

— Não tenho porque me preocupar. Khrnos não é inconsequente, ele sabe o que precisa fazer e o momento de ser cauteloso.

— Eu realmente espero que sim — ela se abaixa começando a limpar o lábio ferido dele.

Khrnos, impulsionado pela preocupação e um crescente sentimento de desespero, corre pela floresta escura e densa. Os galhos se emaranham em seus cabelos enquanto ele força seu caminho através da vegetação. As palavras de sua mãe e as ações impulsivas de seu tio Arien ainda ecoam em sua mente, mas sua determinação em encontrar Ruby não vacila.

Ao chegar ao penhasco, ele para abruptamente, observando a paisagem abaixo. O som do vento nas árvores é acompanhado pelo rugir distante de correntezas violentas. Seu coração aperta, temendo o pior para Ruby. As pegadas indicam que ela chegou até ali, mas o que aconteceu depois é incerto.

— Ruby... — ele sussurra perdendo a esperança.

Os olhos treinados de Khrnos, guiados pela luz fraca da lua, detectam manchas vermelhas na terra úmida. Seu coração acelera, e ele desce a encosta íngreme do penhasco, ignorando os perigos iminentes. O terreno irregular não é páreo para a determinação do alfa, que alcança o solo abaixo com agilidade impressionante.

A floresta se fecha em volta dele, mas Khrnos segue as manchas vermelhas, agora mais evidentes na terra molhada. Cada marca parece uma gota de desespero, e ele se recusa a aceitar a possibilidade de perdê-la. A esperança, no entanto, está prestes a ser reacendida.

Entre os arbustos, Khrnos avista Ruby, exausta e ferida, mas viva. Um suspiro de alívio escapa de seus lábios, e ele se aproxima dela com passos rápidos. Ruby, ao ouvir sua chegada, ergue os olhos cansados para encontrá-lo.

— Khrnos... eu... eu...

— Shh, não fale agora. Estou aqui. — Ele a envolve com cuidado, sentindo o alívio de tê-la encontrado. Ruby se agarra a ele, e suas lágrimas misturam-se à chuva que ainda cai.

Enquanto ele a segura, Khrnos examina suas feridas. A criatura que os perseguiu deixou marcas profundas, mas nada que não possa ser curado com o tempo. A ferida em sua lateral, onde o besouro azul agiu, mostra sinais de cicatrização. O alívio se mistura à raiva latente contra aqueles que ousaram ferir sua companheira.

— Eles estão atrás de nós... — Ruby sussurra, tentando encontrar forças para falar.

— Eu sei. Mas não vamos deixar que nos atinjam. — Khrnos afasta os cabelos molhados do rosto dela. — Vamos encontrar um lugar seguro, e eu vou garantir que ninguém mais ouse tocá-la.

Juntos, eles se afastam do penhasco, deixando para trás o rastro da perseguição. O caminho à frente é incerto, mas a determinação de Khrnos não vacila. Ele carrega Ruby nos braços, protegendo-a do perigo iminente. Enquanto avançam pela floresta, a chuva diminui, e o luar pálido ilumina seu caminho.

Em um claro entre as árvores, Khrnos encontra uma pequena cabana abandonada. Ela pode não ser impenetrável, mas oferece um esconderijo temporário. Com cuidado, ele a coloca sobre uma cama improvisada, garantindo que esteja confortável. Ruby, envolta por cobertores surrados, olha para ele com gratidão nos olhos.

— Eu já havia achado esse cabana, mas precisei sair para comer. Estava faminta e com sede, não podia mais aguentar.

— Demorei demais. Eu sei... — ele suspira — Você sempre exibe esse seu jeito bravo por onde passa, como pude pensar que estaria morta.

— Eu sei me virar do meu jeito... — ele respira fundo — Mas confesso que ter que fazer isso sozinha é muita mais difícil.

— Está assumindo que se estivesse comigo, teria sido muito melhor? — ele provoca.

— Eu não disse que seria você, poderia ser qualquer pessoa... — ela vira a cara e ele ri dela.

Ruby pensou seriamente se deveria dizer sobre a gravidez, mas optou por não dizer naquele momento. Tem coisas muito mais preocupantes lá fora.

— Está tudo bem? — ele pergunta preocupado.

— Está sim. Acho que vou dormir, estou cansada...

— Pode dormir, não vou deixar nada acontecer com você, Ruby. — Ele promete, pressionando um beijo suave em sua testa.

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