Criatura

Ruby saiu de perto dele com seu corpo queimando, sim, porque cada minuto, cada segundo ao lado de Khrnos sua pele queimava, sua pele desejava-o sem parar.

Passou todas as coisas que aqueles garotos metidos a macho precisavam saber para melhorarem sua aptidão a luta, e todos soltavam gemidos de dor e cansaço 30 minutos depois, suados e com cada músculo tremendo.

— 5 minutos de descanso. Bebam água, deitem, façam o que quiser, mas quero todos aqui daqui a cinco minutos, com as forças recuperadas pois o que está por vim será ainda pior. O dia ainda não acabou.

Algo se move na floresta, algo de errado está acontecendo, Ruby se move rapidamente até lá. E tudo que escuta é o som das aves ao longe até que um choramingo é escutado. Ela corre, vendo uma criatura estranha prestes a abocanhar um filhote.

Ruby se transforma e imediatamente pula para salvar o filhote. Seu corpo é acertado pelas garras, mas seus dentes apertam com força o colarinho de pele do bebê, não o soltando ainda que ferida. Ela o arremessa para longe, para que caia em uma distância segura enquanto fica na mira da fera com pescoço tão longo e a cabeça deformada com vários dentes pontiagudos.

— Corra! — ela grita para o filhote que levanta cambaleando e errando as patas enquanto começa a correr desengonçado para fora da floresta — Estou lascada...

Está encurralada e ferida, e muito mais ainda assustada, pois nunca viu uma coisa como aquela em toda sua vida. O medo do desconhecido nunca foi tão real para ela como está sendo agora.

Ela cria forças para correr, pois sabe que nem todas as suas habilidades poderiam salva-la daquela coisa.

 Ela corre, passando pelas árvores e deixando seu rastro com o sangue que pinga no chão sem parar. Ela escuta rosnados, mais e mais, sem forças para olhar para trás e ver quantos estão atrás dela agora.

Logo a frente há um penhasco, sua única chance, sua única escolha. Cair contra a água e ser levada pela correnteza ou ser encurralada por aqueles monstros e acabar morrendo de alguma forma horrível. Ela pula, olhando para cima uma última vez, vendo a boca do monstro abrir e ele esticar o longo pescoço, prestes a engolir sua cabeça.

Khrnos está descansando quando escuta gritos, ele levanta preocupado e vai correndo ver o que está acontecendo. Ver uma mulher agarrar seu filhote com força enquanto ele chora em seus braços.

— O que aconteceu?

— A criança foi atacada por algo desconhecido e não sabemos o que é, não parece nada do que já vimos.

— Onde está Ruby ? — ela deveria estar aqui a 5 minutos e até agora não voltou — Oslo, o homem que estava treinando os alfas antes de Ruby anda até eles.

— Alguém viu Ruby ? — seu coração aperta de ansiedade.

— Eu vi ela indo em direção a floresta — um dos homens fala.

— M-muue de bebelos de fugo... — o filhote que começa a tomar a forma humana fala.

Khrnos se abaixa na altura dele, se segurando para não perder a cabeça.

— Você viu uma mulher com cabelos de fogo na floresta ? — ele confirma e o alfa suspira — Vou atrás dela.

— Não acho uma boa idéia — Luke — Acho que todos estão assustados com a coisa, não sabemos o que é e do que é capaz. Você é o líder, deve ficar aqui e tomar as rédeas da situação enquanto eu vou atrás da minha irmã.

— Nem pensar — rosna — Ela é a minha mulher!

— Filho, escute — Haellena segura o rosto dele — Seu pai não está aqui para te ajudar a tomar as decisões, só você pode decidir pela coisa certa a se fazer e nesse momento é pensar em todos que estão aqui. Só temos você.

— Você não vai Luke. Está na minha cidade, na minha alcatéia, no meu território. Querem que eu haja como líder então eu agirei. Não sabemos quem é nosso inimigo, ele é diferente, muito maior que todos nós e por ser algo diferente não sabemos sua fraqueza, nós somos a presa aqui e não eles, então esperaremos e observaremos por enquanto.

— E enquanto isso minha irmã está lá fora, sozinha e talvez até mesmo ferida. Talvez esse tempo para observar acabe matando ela. Precisamos rastrea-la!

— E nós vamos! Ela é a minha mulher e eu não a deixarei para trás. Estou preocupado, estou furioso! E jogaria tudo pelo ar para ter ela aqui novamente, mas não vou, vou esperar e sei que ela será forte o suficiente para sobreviver até lá.

— E se não sobreviver ?

— Me enterrarei com ela em um caixão — ele diz sério. Todos ficaram em silêncio apenas para ouvir a discussão.

— Precisamos nos organizar. Não sabemos se vão nos atacar, quantos são ou o que são então não vamos fechar os olhos nem por um segundo. A incerteza é a nossa única esperança, precisamos acreditar em todas as possibilidades possíveis — Arien diz enquanto se aproxima deles.

— Arien, você foi o melhor lutador e líder das batalhas de território, por favor, guie meu filho e proteja nosso povo — Haellena pede baixo, talvez envergonhada o suficiente para olhá-lo nos olhos.

— Não confia em seu filho para esse missão?

Khrnos apenas escuta. Sabe que sua mãe não está duvidando, apenas garantindo que fosse bem aconselhado por alguém que esteve em muitas batalhas, diferente dele, que é inexperiente.

— O contrário. Sei do que meu filho é capaz, mas sei que será ainda mais forte tendo você ao lado dele. Não é sua primeira vez tendo que passar por coisas assim.

— Ajudarei no que for necessário. Eu nasci aqui e cresci aqui. Vou proteger minhas terras e a minha história.

— Obrigada...

— Tio, será um enorme prazer ver você finalmente na ativa novamente depois de anos — Khrnos diz tentando se manter calmo.

— Vamos nos reunir na casa principal para nos planejar, peço para que todos fiquem em suas casas até segunda ordem. Longe das janelas e bem armados para caso alguma coisa aconteça. Protejam as fêmeas, suas mulheres e filhos. Não sabemos o que está por vim.

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