treinamento

— Você está com um brilho diferente hoje, Luna — a empregada fala enquanto ajuda Ruby a de vestir com algo leve, comum de todos os dias.

— Um brilho? — ela se auto avalia no espelho, olhando para seu rosto atentamente, mas não conseguindo identificar exatamente nada do que ela quis dizer com aquilo — Tem certeza, eu não vejo nada demais.

— Mas há de fato algo diferente, senhora. Até mesmo suas olheiras desapareceram. Desde o dia que acabou se machucando seu sono veio se tornando cada vez mais escasso, mas agora está quase como um lindo girassol olhando de volta para o sol.

— Se você está dizendo então irei acreditar, mas continuo sem ver — Ruby pega um pouco do mel rosado, passando em seus lábios delicadamente, deixando-os com um brilho.

Quando acaba de se arrumar, Ruby vai direto para a área de treinamento dos machos. Encontrando os pequenos filhotes se acostumando com toda aquela coisa dolorosa e os mais adultos sendo treinados para aprender a lutar.

É recebida por olhares de repulsão. Ela, como mulher, não era bem vinda alí.

— Luna, tudo bem? posso te ajudar em algo? — um homem com barba e de pelo menos 40 anos se aproxima.

— Estou bem sim. Tem algum problema eu estar aqui? — ela pergunta segurando a língua para não dizer nada demais.

— Problema, não tem. Mas não acho que aqui é o lugar adequado para você, luna.

— E por que não é adequado pra mim? Eu também sou uma de vocês, passei pelo mesmo processo, sofri o mesmo que todos sofreram. E agora você tá dizendo que não é o lugar para mim? Responda-me uma coisa, qual lugar é o lugar certo pra mim então?

— Com certeza deveria estar mais preocupada com os herdeiros do alfa.

— E eu me preocupo, sou eu que os darei a luz, mas também sou eu que vou liderar todos vocês agora.

Todos param o que estão fazendo e começam a rir dela, o que aumenta a fúria dela em relação a todos naquele lugar.

— Você é frágil demais para isso, querida. Por favor, apenas saia e vá descansar, esse não é um lugar adequado para uma fêmea.

— Me arrume seu melhor lutador — diz, começando a tirar o casaco de pelos.

— Como? — pergunta incrédulo.

— Me mostre o melhor lutador que você tem, eu vou acabar com ele e provar para você que eu não sou como as outras que vocês criaram.

Ele parece raciocinar, confuso e processando o que realmente ela estava pedindo. Ruby já estava posicionada e só esperava quem lutaria contra ela. O homem até cogitou a ideia de não permitir aquilo, mas a ideia de humilha-la na frente de todos não parecia tão mal.

— Vá até lá — ele manda um homem alto e com muitos músculos.

— Mas ela é a nossa...

— Apenas vá porra! apenas vá!

Contragosto ele anda até ela, e se prepara também para lutar. Ele é mais forte, mas seu tamanho o faz ter movimento pesados demais. Ela por outro lado era leve, seus movimentos são rápidos e preenche levemente a lacuna de força que ela tem.

Ele tenta acerta-la, mas ela desvia e chuta a canela dele, o homem rosna, indo pra cima dela, e ela continua a desviar até que se distrai quando ver que ao longe Khrnos se aproxima, seu rosto é acertado com tudo, ela quase caí no chão, mas se mantém de pé com a dor absurda tomando conta da sua face. Ela rosna e vai pra cima, ele tenta agarra-la, mas ela dar uma volta em seu corpo como se fosse uma cobra, agarrando seu pescoço com as coxas e puxando seu corpo com tudo pra trás. Ele cai com ela, o barulho preenche o lugar e a poeira sobe quando seus corpos estão no chão.

O homem tenta se soltar, mas o aperto se torna mais forte e ele precisa bater em sua perna quando o ar não pode mais passar por suas vias. Ela o está sufocando e todos olham para aquilo surpresos.

— Chega, Ruby! — Khrnos se aproxima deles em passos apressados — Eu falei-

— Já terminei ! — ela rosna para ele, soltando o homem que fica tossindo no chão. Ela levanta, limpando os lábios com o dorso da mão. O gosto metálico está mais presente em seus lábios agora, mas ela não se deixa ser atormentada pela dor.

— A partir de hoje eu os darei o treinamento adequado…

— Isso é um absurdo! — eles dizem.

— Se tivesse uma luta contra a minha cidade vocês teriam perdido. Lá as mulheres são guerreiras, as melhores de todas as regiões e nunca perdemos uma luta... — ela diz na cara de um dos que gritaram — Eu os ensinarei o que é lutar de verdade, tudo o que sabem fazer é chutar e dar socos, parecem αδύναμοι, deveriam ter vergonha de dizer que isso é um treinamento, são como filhotes!

— Não vou permitir — Khrnos intervém — Isso é muito perigoso pra você, pode se machucar e eu não vou deixar isso acontecer.

— Você não vai me impedir de fazer o que eu quero, Khrnos. Você querendo ou não também é um direito meu ser uma líder, e eu serei.

— Então vamos fazer um desafio — ele sorri, estendendo a mão — Se me der resultados deixarei que lide com eles da forma que quiser, mas se os resultados forem os mesmos então você nunca mais vai se intrometer nas questões que somente homens devem fazer.

— Só preciso de uma semana — aperta a mão dele — Vou provar pra você que seu maior erro foi duvidar do meu potencial. Não sou uma mulher qualquer.

— Nunca disse que era, só quero te proteger — ele acaricia o rosto dela — Você se machucou.

— Foi apenas um corte bobo — ela fala, mesmo ele não dando bola e acariciando delicadamente o corte com a ponta do dedo — Você fez coisas piores comigo, até deixou uma cicatriz em minha coxa.

— E você comeu um pedaço da minha orelha, estamos enpatados então.

— Deveria ter comido ela completamente — rosna e ele rosna de volta, mas não de raiva, só pra provocá-la.

— Deixe esse trabalho para mim, ruivinha. Eu que devo te comer completamente.

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