Ao anoitecer Ruby é ajudada a se vestir por uma empregada. Seu corpo é escondido por um vestido azul bebê com um tecido bem confortável e leve. É quase como se estivesse nas nuvens, mal dá pra perceber que está vestindo algo.
ela desce as escadas sem pressa, seu corpo ainda dói, principalmente a nova cicatriz adquirida pela briga com Khrnos. Em comparação, ele nem parece ferido, isso é tão injusto.
Ele a leva para o local em que a festa acontecerá. Há uma fogueira bem grande, lugares para se sentar e conversar e um enorme banquete preparado pelo próprio Arien.
— Fiquei sabendo que javali era sua comida favorita em sua cidade, espero que seja do seu agrado esse também.
— Mamãe te contou? — ela pergunta cutucando a carne assada com uma cara de insatisfação.
— Sim, ela queria que de alguma forma eu estivesse a par dos seus gostos e desejos. Espero que coma bastante para se recuperar logo.
Sexo...
Todo esse cuidado é pelo maldito sexo.
Luke bate no ombro dela, atraindo a atenção dela enquanto ele brinca com dois ossos em cada lado da boca, como se fosse uma enorme presa.
— Luke... — ela gargalha — Não brinque com a comida.
— Você é tão sem graça, ruivinha — ele bufa, largando os ossos no prato e cutucando ela na cintura para que a faça gargalhar pelas cócegas.
— I-irmao... N-nao! — a atenção de toda a mesa vão para eles, mas aqueles olhares não são de julgamentos. É a primeira vez que eles vêem Ruby sorrir e rir tanto, sequer pensaram que aquilo era possível.
Sendo a primeira vez que Khrnos a escuta rir, é como a mais bela melodia do mundo. Aquela sensação faz crescer o desejo de ouvi-la mais vezes.
— Os encontros em família são sempre inesquecíveis... — Arien diz amigável — A última vez que tive um momento com meu irmão foi a muitos anos atrás, quando você era só uma garotinha, não é mesmo Haellena?
— Eu não era uma garotinha, Arien. Já era uma mulher, a mulher que já esperava o primogênito do seu irmão.
Estranhamente aquele assunto deixou as coisas um pouco tensas, até mesmo quem não estava ouvindo a conversa na mesa olhou para eles com estranheza.
— A última coisa que vi antes de ir foi um pirralho cabeludo e muito estressado — Khrnos o olha com indignação, percebendo que o pirralho na verdade era ele.
— Posso perguntar o porquê de ter ido embora? — Ruby pergunta, se sentindo um pouco mais curiosa sobre o assunto.
— Claro que pode — ele apoia as mãos na mesa — Fui embora porque me apaixonei.
— E ficou com ela...?
— Não, não pude. Ela já tinha um homem e não arriscaria perder tudo do melhor para ficar comigo. No final nós éramos dois ambiciosos, eu, pelo o amor dela, e ela, por tudo que ele tinha.
— Eu faria uma guerra por ela, para que ela desejasse só a mim! — Luke deixa escapar.
— Luke? — pergunta surpresa, seu irmão não era de demonstrar aqueles sentimentos.
— Vê, seu irmão é como nós. Faria o possível e impossível somente para ter a mulher que ele deseja — Khrnos sussurra e ela sente a raiva subir para a cabeça.
— Bom, eu deixei-a a ir, mas estou pensando seriamente em caça-la novamente. Nossos momentos eram deliciosos demais para esquecer permanentemente, ela marcou minha pele com ferro em brasa.
Haellena não fez nada, mas dá pra perceber que há algo em seu olhar.
Mas aquilo é tudo, o assunto morre alí e cada um vai para seu lado. Durante a festa, a tensão entre Khrnos e Ruby permanece palpável, como uma chama que queima sob a superfície. Os olhares trocados entre eles contêm uma mistura de raiva, desejo e algo indefinido que nenhum dos dois está disposto a admitir.
Ruby, apesar de sua relutância, não consegue evitar notar que Khrnos parece diferente fora de suas brigas. Seus olhos amarelos, que antes a irritavam, agora têm um brilho intrigante, uma chama que incendeia uma parte dela que ela preferiria ignorar.
Khrnos, por sua vez, sente uma atração magnética por Ruby. Sua personalidade forte, sua língua afiada e até mesmo a maneira como ela o desafia despertam nele uma fascinação que não consegue ignorar. O ódio inicial se mistura com uma curiosidade surpreendente.
Durante a festa, em meio às danças e risadas, Khrnos encontra Ruby à margem, observando a fogueira com uma expressão distante. Ele se aproxima, ignorando as centelhas que voam entre eles.
— Por que está aqui sozinha? — ele pergunta, sua voz mais suave do que ela já ouviu.
— Não é da sua conta — ela responde, desviando o olhar. No entanto, a expressão dela não é tão convincente quanto suas palavras.
— Admita, Ruby, toda essa raiva que sentimos um pelo outro está cobrindo algo mais profundo.
Ela o encara, seus olhos azuis faiscando de desafio.
— Você é um idiota se acha que há algo mais profundo entre nós além de ódio.
Ele sorri de forma quase desafiadora.
— Talvez eu seja um idiota, mas você não pode negar que há uma faísca, algo que nos mantém presos, como se estivéssemos destinados a algo além de brigas incessantes.
Ruby revira os olhos, mas a sinceridade nas palavras de Khrnos mexe com ela de uma maneira que ela não quer admitir.
— Não seja ridículo. Somos como água e óleo, não misturamos.
— Mas, querida, é assim que se faz o tempero perfeito. — ele provoca, sorrindo.
— Que sorte — ela ri de forma irônica — Não somos um tempero, então automaticamente não haverá nada entre nós.
— Então também não somos como água e óleo, podemos nos juntar, raposinha. Podemos fazer o que quiser e nossa incompatibilidade não vai nos impedir.
— Nunca acontecerá nada. Eu te odeio e você me odeia, apenas fique longe de mim.
— Talvez, mas a atração entre nós é inegável. Você pode odiar tudo o que quiser, mas não pode ignorar o fato de que há algo aqui.
Ruby franze o cenho, sentindo-se desconfortável com a honestidade crua de suas palavras.
— Eu não sinto nada por você, Khrnos. Nada além de desprezo.
Ele sorri de maneira provocativa.
— Tem certeza? — ele aproxima o rosto do dela, pronto para beija-la.
Ruby sente suas bochechas quentes quando se afasta abruptamente dele. Seu coração acelerado, as mãos suadas e uma ansiedade crescente. Aquilo faz apenas o sorriso dele aumentar. Khrnos sabe os efeitos que tem nela e usará sempre que puder.
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Atualizado até capítulo 54
Comments
Lena Lima Lima
Tomara que esse ridículo sofresse muito para conquista lá,mesmo ela gostando dele não de o braços torcer.
2025-02-04
0
daddi
ele e um idiota traidor merece uma surra bem dada pois só machuca ela.
2025-01-29
0
Ana Regina Fernandes Raposo
EU ACHO QUE E IGUAL O TEMPO DAS CAVERNAS.
2024-12-03
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