promessas

Há uma pequena comoção na entrada da cidade. O antigo líder está de volta, um pouco mais velho, mas está de volta. Sua barba rala, olhos amarelos tão chamativos da raça Corban, e tatuagens por todo o corpo. Aos 49 anos, ele mantém uma aparência jovem que encanta todas as fêmeas, especialmente por ser um homem solteiro.

Ele carrega um javali grande e gordo em suas costas, que deixa no chão ao entrar. As crianças correm em direção ao animal, mas são impedidas por ele.

— Agora não, filhotes. Hoje teremos uma festa, e o animal será o prato principal para todos. Deixem suas barriguinhas vazias para recebê-lo ao anoitecer, hum.

Os gritos de comemoração ecoam, mas silenciam quando Haellena, mãe de Khrnos, se aproxima com uma expressão preocupada.

— Bem-vindo de volta... — ela se curva levemente, e os olhos amarelos dele seguem cada movimento ousado dela. Ela continua tão linda quanto da última vez que o viu — Sinto muito por não termos preparado uma festa para sua chegada, mas desde que Khrnos se casou, tudo que causa preocupação é o relacionamento dele com sua esposa.

— O que aconteceu? — ele se aproxima, seu aroma másculo atraindo Haellena.

— Eles brigaram e agora estão se recuperando com Aluo. A casa está uma destruição, e estou pensando seriamente se seria correto entregar a casa afastada para eles.

— Onde está meu irmão?

— Caçando. Não faz ideia do que aconteceu na sua ausência. Os animais estão desaparecendo, então a caça está demorando mais do que o normal.

Ela guia-o até a residência, onde encontra Khrnos sentado e olhando para o nada, enquanto Ruby está desacordada e machucada.

— Que diabos está passando pela sua cabeça, Khrnos? Machucou sua fêmea em uma briga?

— Fiquei irritado e não consegui me controlar. Estou arrependido, mas o jeito dela me enlouquece. Tão desobediente, tão respondona e... — ele não consegue terminar, encarando-a deitada e sentindo um peso em seu coração.

— Seu pai te criou mal... — ele resmunga, sentando ao lado dele e batendo em suas costas — Tenho certeza de que ela é calma, mas você quer jogar álcool no fogo.

— Atiçá-la é a melhor coisa que já fiz. Ela é tão fofa e linda, fica ainda mais linda brava. Mas acabei perdendo a razão e me transformando, machuquei ela.

— E pelo visto, ela te machucou — ele observa a orelha faltando um pedaço.

— Essa garota quer me provocar — ele ri, e Arien o acompanha.

— Você pediu, nenhum dos dois saiu ganhando. Ambos perderam algo, mas você perdeu ainda mais, a orelha e a chance de conquistá-la.

— É como uma raposa enjaulada, tão arisca.

— Apaixonado...? — seu tio pergunta, e ele nega com a cabeça, sorrindo.

— Com um tesão enorme — os dois homens caem na risada, fazendo a ruiva se remexer na cama e abrir seus olhos, revelando duas pérolas azuis.

— Olá, sou Arien. Tio de Khrnos. É um prazer te conhecer — diz de forma gentil, enquanto se aproxima dela — Você parece ainda menor do que eu imaginei. Quantos centímetros você tem?

Ela fecha a cara automaticamente com o comentário, fazendo Arien pensar que de fato seu sobrinho havia se casado com uma mulher com pouca paciência, mas com uma aparência desconcertante.

— É um desprazer conhecer você, Arien. Seu nome é muito bem conhecido no mundo afora. E todas as vezes que ouvi falar de você nunca foram coisas boas.

— É realmente uma pena que muitos não conheçam a minha história verdadeira. Aqui sou conhecido como um herói, que lutou incansavelmente pelo seu povo e conquistou todas as terras que temos hoje.

— Claro, claro — ela revira os olhos e, em seguida, olha para seus braços cheios de marcas roxas e arranhões.

— Essas irão sair, mas a da sua coxa ficará cicatrizada para sempre — Khrnos diz, fazendo-a olhar para a marca coberta por um tecido molhado com remédio.

— Deveria me pedir desculpas... — ela rosna.

— Você vai me pedir também? Até porque quem começou a briga foi você, não eu. Acho injusto que eu tenha que pagar por algo que não iniciei.

— Não teria acontecido se não tivesse me feito ver você com uma puta em nossa cama, sem nem um dia de casados!

— Porra... — ele arregala os olhos — É a primeira vez que ouço você falar palavrão normalmente...

— Não tente mudar de assunto!

— Não estou mudando, você realmente falou palavrão. Fica ainda mais sexy falando assim.

— Eu percebi que não há mais espaço para mim aqui. Estou saindo. Nos falamos quando terminarem de brigar, pombinhos — ele sai do quarto.

— O que você ainda está fazendo aqui, Khrnos? Junte-se ao seu tio e me deixe em paz. Já estou cansada até de ver sua cara.

— Você teve sorte que os pontos não se abriram enquanto brigávamos. Podia ter piorado.

— E você se preocupa com isso? Pensei que tudo que importava para você era onde enfiar essa coisa sua — ela tenta levantar da cama, mas falha.

— Você é minha mulher, claro que me preocupo. Me preocupo principalmente porque nenhuma delas se compara a você — ele se aproxima dela, segurando seu rosto.

— Não vai me enrolar falando bonitinho. Aquela cena asquerosa ainda está rodando

em minha mente como se fosse um CD arranhado. Você me traiu, não esperou nem as núpcias acabarem para se deitar com outra em nossa cama — ela tira a mão dele do seu rosto em um tapa, o que faz o homem sorrir levemente.

— Não é bem uma traição se nenhum dos dois se gosta. E você não gosta de mim, e eu não gosto de você.

— Mas jurou no altar quando se casou comigo. Cumpra o que prometeu, ψεύτης (mentiroso).

— Então cumpra o que prometeu também. Ou acha que o que fez até agora é o suficiente?

— E o que eu prometi?

— Que seria completamente minha. Totalmente minha, fêmea.

— Nunca disse que seria sua, e só fiz dizer o que estava escrito no papel que me deram. Não vale tanta coisa se não for sincero.

— E no papel dizia que seria minha e eu seria seu — ele aproxima seu rosto.

— Sim — ela confirma contragosto.

— Sim — ele sussurra de volta, beijando ela.

......PERSONAGEM......

Nome: Arien Corban

Idade: 49