Daphny Ortega
Depois das horas de choro abafadas pelas paredes de um quarto escuro Daphny se permitiu dormir, fechou os olhos e se viu ainda criança deitada sobre a grama verde do esplendoroso jardim da mansão em que foi criada, a jovem estava ali por um terrível acaso, Daphny era italiana considerada um prodígio foi aprovada em todas as universidades nas quais se candidatou, com apenas dezesseis anos já se destacava nos primeiros semestres do curso de medicina como a melhor aluna da turma e isso lhe rendeu algumas oportunidades que ela ferozmente agarrou, Daphny Ortega e um grupo grande de profissionais foi escolhido para integrar o primeiro comboio médico enviado ao Iraque pós guerra, o intuito era cuidar dos feridos e evitar então o maior número de baixas possíveis , a princípio a ideia não foi bem aceita pelos Ortega, Vinda de um berço de ouro Daphny tinha um futuro promissor pela frente, tudo caminhava para que ela assumisse os negócios prósperos e bem sucedidos da família mas por algum motivo isso nunca a interessou, a jovem linda e altruísta jamais se beneficiou do poder aquisitivo da família para conseguir algo, após a morte do irmão mais velho, Kenny, nas mãos da máfia italiana a família ruiu e a jovem menina não se permitiu afundar com ela.
Era o início de um inverno longo quando Daphny e o comboio médico deixou a Itália, ao pisar pela primeira vez no ocidente ela soube que jamais se esqueceria das coisas que veria no Iraque, soldados desmembrados, amputados e com traumas que transcendiam seu entendimento, Daphny se dedicou o quanto pode, talvez até mais do que sua pouca idade permitia, dizem que pregos que se destacam levam marteladas e isso não era mentira, Daphny chamou a atenção das pessoas erradas,para ser mais específica de um grupo de guerrilheiros e mercenários do exército inimigo que viram com bons olhos trazer para si a bela mulher a quem chamavam de "Sekhmet" A deusa da cura na mitologia egípcia.
Aquela era uma noite fria como qualquer outra nos desertos do oriente, Daphny não havia se acostumado com o clima do lugar, se sentia muito melhor nas tendas de atendimento médico que nos alojamentos preparados para receber a equipe, já cochilava em uma das macas vazias quando o acampamento foi invadido, o barulho alto dos tiros e os gritos de desespero dos feridos não assustaram a jovem, a menina ainda muito ingênua para perceber o perígo emitente diante de seus olhos sequer exitou ao enfrentar os líderes do ataque, naquela noite Daphny conheceu de perto o que era a crueldade humana, as dores e torturas, os abusos que sofreu nas mãos daqueles homens seriam traumas que carregaria por uma vida inteira.
Já havia se passado duas semanas quando Daphny e os outros prisioneiros de guerra foram levadas do Iraque a uma cidade no Egito chamada Dahab, vendidos a mercenários egípcios foram trancados nos fundos de uma taberna, enquanto os homens foram separados e levados para trabalho escravo nas minas de ferro, Daphny e outras três mulheres do grupo de médicas vindas da Itália aguardavam amarradas a cordas de alpinismo as sessões de abuso e torturas diárias que sofriam , os corpos marcados por manchas roxas e mordidas profundas eram a prova de todas as atrocidades pelas quais haviam passado, Daphny lutava para se manter acordada, não tinha mais forças para permanecer de pé, os pouco mais de cinquenta quilos distribuídos em seu pequeno corpo mion estavam se esvaindo rapidamente, os enormes olhos azuis em sua face pareciam ainda maiores por sua expressão assustada, quando a porta se abriu e por ela entrou três homens jovens ela quis chorar, não eram os habituais soldados que estavam ali para subjuga-la como faziam no Iraque, esses homens eram diferentes, assustadores ao ponto de temer por sua frágil vida, os olhos de Daphny varreram sultilmente os três, a coragem que possuía antes de todo aquele pesadelo ainda estava ali, enraizada em sua alma, Daphny sentiu seu rosto ser tocado, ergueu a cabeça vendo diante dela um enorme homem," Habib" como era chamado pelos dois outros rapazes tinha o corpo completamente tomado por tatuagens, cobria o rosto com um hijab deixando a mostra apenas os sombrios olhos negros.
Daphny tremeu ao olha-lo, de todas as atrocidades pelas quais passou desde que foi sequestrada, abusada e vendida, a possibilidade de estar em posse daquele homem foi o que mais a desesperou, a muralha de músculos coberta por rabiscos em um tom escuro tinha mãos enormes que se usadas para espanca-la como muitos fizeram nos últimos dias iria mata-la, Daphny fechou os olhos, implorou para que aquilo fosse apenas um pesadelo e foi arrancada de suas súplicas pela voz rouca que ecoou pela taberna como um estrondoso trovão.
— É minha.
Ele disse, não precisou abrir os olhos para saber que ele se referia a ela, como um bárbaro ele a içou do chão, cortou com uma adaga as cordas que envolviam seu pulso e a jogou sobre os ombros, Daphny tentava a todo custo cobrir a nudez que envergonhava, os olhos de todos os homens naquele lugar estavam sobre ela mas se deciparam quando "Habib", arrancou de sua cabeça o hijab, o homem que carregava nos olhos um vazio malefício a cobriu com seu manto, o gesto semelhante a um animal marcando seu território foi compreendido imediatamente por todos, ninguém com um pingo de sanidade e inteligência se arriscaria a olhar tempo demais para algo que pertencesse ao rei do Egito, Daphny não disse nenhuma palavra, não adiantaria, no fundo se preparava para o que acreditava ser o seu fim eminente o que ela não esperava era que o rei estava ali por um motivo, havia chegado a hora do dono das areias do deserto trazer ao mundo o herdeiro que um dia governaria em seu lugar, e ela, por ironia do destino ou não havia sido escolhida para gerar o filho do mais poderoso homem do Egito.
Daphny Ortega
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Atualizado até capítulo 68
Comments
Ivanilde T. Serra
O príncipe Benjamin
2025-01-24
1
Ivanilde T. Serra
O honem das cavernas
2025-01-24
0
Zilda Marques
Sinta tanta tristeza em saber que essas atrocidades acontecem em todo canto do mundo 😭😭😭😭😭
2024-08-15
9