Instinto protetor

Rafael chega no escritório tudo parece deserto a não ser pela

sala de Vitor, desta vez assim que ele abre a porta ouve o amigo dizendo:

— Amanda, eu já não te falei para não fazer hora extra, ainda mais

hoje seu dia foi bem cansativo, vai para casa descansar.

— Hum Amanda, não sei, eu acho que sou mais bonito que ela.

— Rafael, eu pensei que fosse a Amanda, eu praticamente tenho que

mandá-la embora todos os dias, essa garota é única mesmo.

— É impressão minha ou você está elogiando uma pessoa.

— O que tem de estranho nisso, ela é muito competente e tem muita

determinação.

— Para uma pessoa normal não tem nada, mas eu nunca vi o senhor elogiar

uma funcionária, será que ela está ganhando este coração de gelo.

— Eu nem vou comentar.

— Então o dia da Amanda foi difícil hoje, isso explica por que meu

mozão me expulsou da loja para receber a amiga, deve estar desabafando.

— Você a viu, ela estava mal, não pode ser, quando conversamos ela

parecia bem.

— Agora eu tenho certeza, nossa Amanda entrou mesmo no seu coração.

— Que besteira é essa, eu sou responsável por ela de certa forma é

normal eu me preocupar já que ela teve alguns problemas no trabalho hoje.

— Eu te conheço e acredite em mim, tem algo diferente em você, mas

sua cabeça é tão dura que jamais o senhor vai concordar comigo, então esquece

isso e vamos comer.

— Comer não agora não dá, preciso terminar está analise.

— Certo, você tem meia-hora para terminar.

— Rafael, você pensa que sou uma máquina.

— Não é, será que me enganei.

— Muito engraçado, para sua sorte já estou terminando, acho que

hoje vou embora antes da meia-noite.

— Você chama isso de quase terminando, credo eu que não quero uma

vida assim, agora que tenho sorte no amor, vou pedir para meu cupido te dar uma

forcinha no amor.

— Eu pareço alguém com tempo para o amor.

— Fala isso para sua mãe Vitor.

— Porque falou nela está sabendo de alguma coisa, o que minha adorável

mãe está aprontando.

— Que isso não posso mais falar da sua mãe, porque você acha que tenho algo a dizer.

— Eu te conheço Rafael, você não iria falar o nome dela assim do nada se não tivesse algo para contar, vamos pode falar.

— Bom eu não tenho certeza, por enquanto são só rumores.

— Fala logo Rafael.

— Parece que ela está montando uma lista com as mulheres-solteiras

da cidade.

— Para que isso.

— Para quê? Jura que não sabe, certeza que é para o filhote dela

que se recusa a namorar.

— Não pode ser, ela acabou de marcar um encontro entre mim e a

Amanda, não faz sentido está lista.

— Amanda, que Amanda, espera a sua Amanda?

— Ela não é minha e sim ela mesma.

— Mas como? Quando? Por quê?

— Eu não te contei, a Amanda é filha da Luzia.

— Espera a Luzia sua boleira Querida?

— Sim as duas se encontraram domingo eu e a Amanda estávamos juntos,

elas combinaram o encontro para este sábado.

— Este sábado, como tudo isso aconteceu na sua vida pacata e você

não teve a consideração de me liga para contar?

— Eu não vi necessidade, eu só concordei com o encontro porque as

duas estavam muito animadas, tentar convencê-las do contrário daria muito

trabalho.

— Uma dúvida onde será o encontro?

— Onde mais naquele mesmo cinema que sempre levo meus encontros

arranjados.

— Ah, agora tudo faz sentido, todo mundo sabe que você escolhe

aquele cinema porque é uma privada e durante o encontro falso o senhor

aproveita para trabalhar.

— Como assim todo mundo sabe?

— Você acha mesmo que as garotas que você levou para lá não

reclamaram de forma como foram tratadas, cara nem para disfarçar seu zero

interesse nelas, que amador.

— Eu não sabia disso, elas nunca me falaram nada.

— E elas tiveram a chance depois do “encontro” o senhor já

bloqueava o número delas para não te incomodarem.

— Verdade, mas não tem como a minha mãe saber disso, ou será que

tem?

— Eu não duvido, sua mãe para estas coisas tem um sexto sentido impressionante.

— Nossa se ela estiver mesmo fazer uma lista das mulheres

solteiras da cidade eu vou estar encrencado, ela vai consumir metade do meu

tempo com essa besteira.

— Então aproveita que a sua Amanda é muita gata, e enrola ela

quanto mais tempo fingir interesse, menos sua mãe vai te incomodar.

— Não, eu não posso fazer isso com ela, ela é minha funcionária

nós vemos todo dia ainda mais agora que ela vai estar diretamente sobre minha

responsabilidade, não posso misturar as coisas.

— Como assim sobre sua responsabilidade?

— O Pedro não lidou bem com a rejeição da Amanda e perdeu o

controle, eu tive que me segurar para não o demitir.

— Demitir seu melhor gerente, devido à sua estagiária, sério

você quase fez isso?

— Ele estava errado, qual o problema agora, sim, ele é um excelente

gerente, mas não pode tratar as pessoas assim.

— Tá, vou fingir que acredito, o Pedro foi o gerente que mais te aguentou,

nunca reclamou dele, mesmo ele só chegando atrasado, agora pela Amanda

você já até cogitou a possibilidade de demissão. Uau estou impressionado realmente

o amor muda as pessoas.

— Agora chega de gracinha, vamos comer, acho que a fome está te

fazendo pensar demais.

— Certo vamos comer, se esta é sua forma de mudar de assunto tudo

bem.

Vitor se senta no sofá e enquanto come começa a pensar nas coisas

que Rafael falou a maioria é besteira para ele, mas uma coisa é fato tem um instinto

dentro dele que o impulsiona a proteger a Amanda, qual será o motivo.

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