Que segunda-feira

Amanda acorda cedo como de costume, mas desta vez ela pensa será

que deveria se atrasar intencionalmente, ela ainda não sabe como encarar o

chefe depois da vergonha que sua mãe a fez passar, no fim ela decide chegar no

mesmo horário que todos os funcionários assim evitaria o constrangimento, porém

assim que toma a decisão ouve sua mãe batendo na porta:

— Filha não esquece o bolo do Vitor, já deixei ele embrulhado está

em cima da mesa ao lado da chave do seu carro.

Amanda corre até porta.

— Mãe acho que não é uma boa ideia levar o bolo para ele hoje,

afinal ontem mesmo ele comeu muito na confeitaria, acredito que ele vai querer

mais.

— Você não conhece o Vitor se deixar ele come este bolo todo dia,

várias vezes ao dia, sabe filha quando eu o conheci ele comia meu bolo após o

almoço, lanche da tarde e janta, se não tivesse meu bolo ele nem comia a

comida, pensando bem naquela época ele era tão magrinho que tristeza ver um

rapaz tão belo com um semblante tão sofrido. Enfim pode levar eu já o avisei

ontem que ia mandar um pedaço por você.

— Sério, mãe, nossa, não é porque seu bolo é bom que você pode sair

por aí engordando as pessoas.

— Amanda Diniz Fonseca não me irrita logo de manhã, leva o bolo

dele e não esquece do encontro esta semana será mesmo longa.

Sua mãe se vira e sai cantarolando uma música bem antiga, Amanda

agora não tem mais opção, o jeito é ir mais cedo entregar o bolo antes que os

outros cheguem e entendam errado.

Ela termina de se arrumar, toma um café e sai no horário de

costume, mas assim que chega no escritório se depara com uma surpresa

inesperada, Pedro já está na frente do escritório, esperando provavelmente por

ela, assim que a vê, ele acena e vai ao seu encontro:

— Bom dia minha linda, hoje eu vim especialmente mais cedo para

passarmos um tempinho juntos, essa sacola eu conheço essa confeitaria o

chefinho sempre compra lá, não me diga que é para mim.

— Bom dia, Pedro, me desculpa, este é uma encomenda, eu só vou

entregar.

— Está pensando em trocar de profissão, virar entregadora ou é só

um extra.

— Na verdade, minha mãe é a dona desta confeitaria, este bolo é

encomenda para o senhor Vitor.

— Não brinca, quer dizer que a cliente preferida do chefinho é sua

mãe, nossa quantas coincidências, então foi ela que te indicou para trabalhar

aqui.

— Não, ela nem sabia, eu contei ontem e eu também não fazia ideia

que os dois se conheciam, por favor eu quero te pedir para não contar para

ninguém, não quero que pensem nada errado sobre mim.

— Não se preocupe, minha linda, sua vida pessoal só interessa a mim,

por falar em pessoal eu fiquei esperando sua ligação depois daquele beijo eu

fiquei com gostinho de quero mais, que tal uma volta antes do expediente

começar.

Vitor chega na empresa e de longe a vista Amanda conversando com

Pedro e fica surpreso ao ver que seu gerente chegou cedo, “será que os dois tem

alguma coisa, isto com certeza vai gerar muita confusão, está Amanda é uma

caixa de pandora nunca se sabe o que esperar, eu só espero não ter mais

problemas ainda.”

Ele cumprimenta os dois e segue seu caminho, assim que chega ao

elevador vê Amanda correndo, ela chega ofegante, assim que recupera o folego

olha para ele e levanta a mão mostrando a sacola.

— Imagino que este seja o bolo que sua mãe mandou para mim.

— Isso mesmo, e eu virei a entregadora.

— Obrigada.

— Você vai mesmo comer o bolo.

— Porque não comeria.

— É que ontem e hoje o mesmo bolo não fica enjoado.

— Este bolo da sua mãe é o melhor do mundo, eu nunca enjoo dele e

sempre me sinto muito bem quando o como.

— Ela me disse isso, confesso que não acreditei, mas enfim não é

da minha conta, aqui pega seu bolo.

— Eu vou falar só para confirmar, não quero que me entenda errado

não tenho interesse nenhum em você como mulher te tenho como uma excelente

funcionária nada mais que isso.

— Eu sei, não precisa se preocupar, só vamos a este encontro por causa

de nossas mães, eu tenho quase certeza que você não é quem estou procurando e

acredite, eu falo por experiência.

— Que bom e sobre o Pedro não sei qual a relação que tem, mas ele

é um ótimo gerente, espero que eu não venha a ter problemas com ele por sua causa.

— Não precisa se preocupar com isto também, nós não temos nem

teremos nada, ele também não é quem estou procurando, disto tenho certeza, infelizmente.

— Você é bem estranha, enfim obrigada pelo bolo, não precisa mais

trazer eu posso ir à loja da sua mãe ou pedir para alguém buscar, não quero

que ninguém me entenda mal.

Assim que termina de falar, as portas se abrem e ele sai, deixando

Amanda de boca-aberta, “Nossa, eu realmente não fui com a cara dele, ele pode

até ser legal como chefe, mas como pessoa tem muito que evoluir.”

Amanda se acalma e vai até a cozinha conversar com Maria, depois

de um tempo ela sai, e vê Pedro em sua mesa, ele estava segurando dois copos de

café.

— Olha aqui minha linda, sei que gosta de café, por isso fui

comprar especialmente para você, que tal irmos até a escada para provarmos com

calma esta delicia.

— Vamos, sim, preciso mesmo conversar com você.

Ele abre um sorriso já imaginando coisas, assim que chega na

escada ele tenta a beijar, mas desta vez Amanda recua e fala.

— Pedro, foi ótimo nosso encontro, mas não vai acontecer mais

nada entre nós, me desculpa.

— Como assim Amanda foi tão bom, aquele beijo foi maravilhoso, o

que está acontecendo, eu não entendi nada nem agora, nem sua fuga naquele dia.

— Me desculpa mesmo, é difícil explicar, mas uma coisa é certeza

não vai rolar mais nada, sinto muito se te deixei confuso.

— Espera, isto está me parecendo familiar, será que o universo

resolveu se vingar de mim, depois de tantas mulheres que choraram por minha

causa agora a única que me despertou algo me dispensa assim.

— Sinto muito mesmo, espero que isso não afete nossa relação de

trabalho.

— Espera é devido ao Vitor, você trouxe bolo, ele já conheceu

sua mãe, Amanda acredite em mim, eu sou uma escolha muito melhor, o Vitor não

quer nada com ninguém.

— Pedro não é nada disso, não me entenda errado, eu só não senti

nada nem no beijo, nem por você, eu tenho que ir agora sinto muito de verdade.

Amanda sai dali sentindo muita raiva das insinuações de Pedro e pena

como ela poderia imaginar que um pegador como ele se apaixonaria tão fácil, “isso

tudo é uma loucura, será que é o universo equilibrando minha vida devolvendo

meus desejos e tirando minha paz de espírito.”

Assim foi o restante do dia, Vitor a ignorando ainda mais, Pedro

nem olhando em seu rosto, e Miranda a rondando querendo saber o que aconteceu,

"deve ser por isso que Roberta não gosta que eu misturo minha bagunçada vida

pessoal com o trabalho, agora eu realmente a entendo, espero que amanhã seja

melhor" ela pensa.

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