Capítulo 13

...Antônia…...

Aquela manhã eu sair da casa da Milene com coração na mão, sei que tudo que o Esdras fez com ela não se faz com mulher alguma, mas o que a Milene quer fazer não é certo.

Infelizmente não posso fazer nada, irei guardar segredo e ajudar da forma que puder, não irei deixar a minha amiga e nem a criança passar por dificuldades…Ainda mais tendo apenas a Marcela para ajudar! A quela mulher não nasceu pra ser mãe.

...Milene Bernardi…...

O dia está sendo péssimo, não consigo tirar a sensação de estar no fundo do poço do meu peito, as vezes esqueço que carrego uma criança no meu ventre e penso em beber para tirar essa angústia, mas logo me vem a lembrança do motivo pelo qual eu estou triste.

Milene: Droga mãe, não sabe bater na porta?

Minha mãe entra no quarto e me pega no flagra chorando, seco os meus olhos rápidamente e reclamo por ela nunca bater na porta, na verdade esqueci de trancar depois que Antonia saiu.

Marcela: Vai ficar trancada nesse quarto o dia todo?

Milene: Desde quando se importa?

Marcela: É claro que me importo, caso contrário não teria vindo aqui saber como está.

Ela sentou do meu lado e colocou meu cabelo para trás. Permaneci de cabeça baixa olhando para o chão.

Marcela: Milene, eu engravidei com 17 anos e não tinha uma mãe ao meu lado, apenas uma irmã que me ajudou, porém tinha as obrigações dela também…

Olhei para ela.

Marcela: Quando eu descobri a gravidez, um aborto foi a primeira coisa que veio na minha cabeça…e eu tentei, mas não consegui…já era tarde, eu corria muito mais ricos que você, pois eu estava anêmica e não aguentaria.

Milene: Foi tão ruim assim pra você?

Marcela: Claro que sim, eu era muito nova e seu pai vivia pelo mundo fazendo merda…Eu era a mais bonita da escola aquela época, nem mesmo a sua tia Vitória que era mais velha era tão conhecida quanto eu.

Ela sorriu fraco.

Milene: Quando tentou o aborto, o meu pai sabia?

Marcela: Não, ele nunca soube…a única que tive coragem de contar foi para a Vitória. Quando contei ela disse que eu teria o bebê e quando nascesse cuidaria pra mim poder estudar, trabalhar…mas não era só isso que eu queria Milene, eu queria minha liberdade de volta! Foi uma gravidez horrível, tive várias crises e tentei me matar várias e várias vezes…depois que você nasceu eu decidi aceitar o pedido do seu pai e fui morar com ele, pois já era maior de idade…confesso que não sentia aquele amor que todas diziam sentir após o nascimento do filho, de certa forma eu sentia como se você fosse a culpada por eu estar levando aquela vida chinfrim…Depois que seu pai morreu eu me casei com outro homem, brigamos e você passou a morar com sua tia Vitória, que inclusive cuidou bem mais de você.

Ela respirou fundo e olhou pra mim.

Marcela: Me responde Milene, se tivesse que escolher entre mim e a Vitória para ser sua mãe, quem você escolheria?

Milene: Mãe, por favor…que coisa mais sem sentido.

Levantei ficando de costas para ela.

Marcela: Viu só, é ela.

Ela levantou ficando bem próxima a mim e segura meu ombro.

Marcela: Sabe o que isso quer dizer Milene?

Milene: O que quer dizer mãe?

Marcela: Essa criança vai complicar a sua vida minha filha, ainda mais você não querendo contar ao pai, tenho certeza que é um pobretão ou talvez você nem conhece…Além disso o Edgard está de quatro por você filha, acha que esse homem vai te aceitar com filho?

Decido entrar no jogo dela pra saber até onde ela é capaz de chegar.

Viro de frente pra ela.

Milene: Tem toda razão mãe, mas agora já engravidei e não tenho coragem de abortar.

Marcela: Escuta Milene, podemos viajar e passar alguns meses fora até você ter essa criança, o Edgar com certeza espera pois é um louco apaixonado, depois que a criança nascer a gente deixa em um orfanato ou podemos lucrar com isso.

Milene: Ah…lucrar?

Marcela: Claro garota, sabe quanto esses milionário pagam para ter um filho que acabou de nascer?

Sorrio ironicamente enquando as lágrimas caem dos meus olhos.

Milene: Pois fique sabendo mamãe, que eu jamais venderia ou abandonaria essa criança…E eu não tô nem aí para o Edgard, já disse que não quero nada com ele e não você que vai me obrigar.

Saio da frete dela e direto para o notbook na cama.

Marcela: Espero que quando se arrependa, não seja tarde demais.

Ela saiu do quarto batendo a porta e eu já podia desabar em lágrimas. Estou mais sentimental que o normal ultimamente.

Depois de secar as lágrimas, volto a abrir o notebook e pesquiso em quais países eu posso continuar estudando pela minha faculdade transferindo a bolsa de estudos.

Não há mais nada que me prenda no Brasil! Preciso recomeçar uma nova vida com o meu filho bem longe daqui. Bem longe do Esdras, da minha mãe, de todos!

Depois de quase uma hora procurando, descubro que os EUA seria a melhor opção pra mim no momento. Checo minha conta bancária e vajo que daria pra sobreviver pelo menos um ano sem emprego, apenas focando nos estudos e no meu filho.

Aperto no botão para finalizar o pedido de transferência. Apartir de hoje, eu, Milene Bernardi, sou uma nova mulher.

...Esdras Bernardi…...

Depois que a Milene foi embora da festa eu voltei para o quarto e bebi para tentar aliviar toda aquela angústia que eu sentia.

Não acordei a Samira propositalmente na noite da festa, mas no dia seguinte fui surpreendido por ela me acordando e pedindo para que eu levantasse.

Tomo banho, visto uma roupa que ela mesma disse para eu vestir e desço com as nossas malas. Oficialmente hoje, eu dou início a minha própria desgraça, uma vida mentirosa, artificial e miseravelmente ruim.

Entramos no jatinho e seguimos viajem para Dubai, lugar escolhido por Samira. Nos primeiros minutos de viagem já me sinto enjoado da voz dela, mas tenho que suportar.

É inevitável não pensar nela…Fico imaginando o que será que ela está fazendo agora…E se ela passou a noite com ele?

Mesmo me esforçando para não pensar nela, Milene está presa em minha mente.

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