Subo as escadas correndo e vou direto para o meu quarto, pego o meu celular que estava no carregador e o ligo enquanto procuro uma mala pequena e começo a jogar algumas coisas dentro, as minhas mãos tremem de nervoso e o meu rosto está banhado de lágrimas, quem elas pensam que são para me humilharem assim?
Eu que não fico mais nenhum minuto nessa casa, viver assim está fora de cogitação , arrumo algumas coisas apressada e desço as escadas com a minha mala e o telefone na mão, Maria ao me vê e pergunta o que está a acontecer e eu só digo que falo com ela depois, entro no meu carro e saio cantando pneus o mais rápido que posso, dirijo sem rumo até chegar ao Parque do Ibirapuera, esse lugar sempre me fez bem, a minha cabeça parecia querer explodir a qualquer momento, pego o celular, o ligando e tem inúmeras chamadas perdidas do Roberto agora estava a tocar e era Maria, sei que ela ficou preocupada, mas não estou com cabeça para explicar nada a ela agora, vejo que tem mensagens do Fábio e do Ângelo também, envio a mesma mensagem para ambos, apenas avisando que estou bem e que não se preocupem, mais tarde eu falo com eles.
Outra vez o telefone começa a chamar e dessa vez é Roberto , eu apenas recuso a chamada e depois bloqueio o número, eu só quero paz nesse momento, desço do carro e começo a caminhar observando o lugar ando por vários quilómetros até a minha barriga arder de fome, olho bem ao redor procurando algo para comer e vejo um carrinho de cachorro-quente mais a frente, ainda bem que tinha dinheiro na minha bolsa, fui até lá e comprei dois cachorrãos e um refrigerante, passo por um senhorzinho e dou um para ele enquanto caminho até um banco próximo que estava vago.
Me sento abrindo a minha latinha de refrigerante e vejo de rabo de olho o senhor que ajudei se levantar e vir até onde estou .
— Posso sentar-me aqui ? A voz dele era fraca
_ Fique a vontade. Digo a olhar pro homem sujo e fedendo um pouco.
_ sabe minha filha as vezes precisamos perder tudo pra poder recomeçar. O homem diz enquanto como o meu lanche em silêncio.
Olho para ele e os meus olhos já se enchem de lágrimas
- eu estava com fome e apareceu você para dar-me comida, Deus nunca desampara quem é bom.
_ Bom, então eu não sou uma pessoa boa. Digo a limpar o canto da boca com o guardanapo de papel
_ você é sim meu anjo, ajudou-me sem nem mesmo eu pedir
_ Só fiz o que era certo. falo engolindo o choro
_ as vezes nós precisamos ser como jó, que teve tudo tirado de si, mas não perdeu a fé e com isso ganhou tudo em dobro, pode estar a doer agora, mas tudo o que tem passado está-lhe fortalecendo para os dias bons.
Olhei pro mendigo e o abracei eu lhe dei de comer e ele me deu palavras de conforto, voltei pro meu carro e peguei o celular novamente tinha muitas chamadas perdidas de diversos números , alguns conhecidos e outros não , muitas mensagens que eu ignorei então liguei pra Rose , me sentia tão aliviada depois da conversa com aquele senhor que só precisava de algum lugar pra dormir.
Rose me atendeu no segundo toque , sendo amável como sempre , contei pra ela toda a situação e ela ficou chocada , pedi que ela se acalmasse pois eu estava bem , apenas precisava de um lugar pra ficar até resolver minha situação . prontamente ela me cedeu o apartamento na Vila Mariana , esse era o lar da Anne e eu praticamente já morava lá , Rose apenas teve receio que lugar não me fizesse bem mas eu sabia que ali era o melhor lugar onde eu poderia estar.
_ tudo bem querida ! se você diz que vai ficar bem lá pode ir. Você ainda tem as chaves?
_ tenho sim Rose, muito obrigado
_ se precisar de qualquer coisa me avise imediatamente ouviu?
_ sim Rose! muito obrigada mesmo e por favor não comenta com ninguém que eu estou lá , principalmente com o Roberto
_ sabe que não concordo com isso né querida? mas eu não posso me meter na sua vida assim ,então não vou comentar.
_ muito obrigada tia Rose , eu te amo muito
_ nós também te amamos menina . Juízo viu
kassie solta uma gargalhada gostosa e responde
_ Sempre tia. Esse era o Conselho que Rose sempre dava para as suas filhas. Sim filhas porque Rose tinha um carinho tão grande por kassie que a considerava como uma filha.
Depois da permissão de Rose , ela vai até o apartamento, ele estava limpo e continuava do mesmo jeito que da última vez que esteve ali e outra lembrança veio a sua mente :
Anne sorria enquanto kassie vestia mais uma roupa
_escolhe qualquer uma kassie ! é só uma festa da faculdade você não vai casar hoje.
Anne era sempre tão decidida e direta , se ela dissesse que era aquilo era aquilo e pronto já kassie era super indecisa e sempre buscava várias opções antes de decidir
_ ajuda aqui vai ! qual ficou melhor ?
_ o primeiro que você vestiu foi o melhor .
_ então eu tive todo esse trabalho pra nada?
_ você é perfeita amiga , não importa o que vista vai ficar linda e gostosa , com certeza vai ter um monte de marmanjo querendo tirar esse vestido do seu corpo lá na festa.
_ Para Anne , você me deixa envergonhada .
_ Acho lindo quando você fica vermelha assim.
Jogo uma almofada na Anne que joga outra em mim e começamos uma guerra de travesseiros. Com nós duas era sempre assim,tudo terminava em um guerra de travesseiros e em pizza também.
fim da lembrança
_ eu sinto tanto a sua falta amiga!
vou até o meu quarto cheia de nostalgia, abro a porta e jogo-me na cama apagando em seguida.
Amanhã será um novo dia e um novo recomeço pra mim, já está mais que na hora de começar a dar a volta por cima.
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Atualizado até capítulo 106
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