Briga de irmãs

No dia seguinte, Alice acorda ainda com a vista pesada de tanto chorar pela noite anterior. Seu rosto já não arde mais, mas o peso da mão de Guilherme ainda ecoa por todo seu interior.

Ela levanta de sua cama e vai até seu closet pegar uma roupa confortável. Já que é domingo e está abafado, ela opta por um macaquinho leve.

Toma seu banho, se veste e decide descer para tomar café da manhã.

Ao sair do quarto, ela passa em frente ao quarto de Luna e sem aviso prévio entra sem bater.

Luna está saindo do banheiro enrolada na toalha.

Luna: O que faz aqui?

Alice: Foi você, não foi?

Luna: Eu o que?

Alice: Não se faça de sonsa, Luna. Foi você quem falou pro nosso pai onde eu estaria!

Luna: E se foi? Vai fazer o que? Me bater? -fala debochando

Alice: Não. Nunca te bati e agora não será diferente. Porém, escuta uma coisa… Esquece que eu existo. Esquece que sou sua irmã. Pq por sua causa, eu levei um tapa na cara do nosso pai.

Luna: Não venha me culpar pelas besteiras que você fez. Nosso pai e minha mãe me obrigaram a falar, e eu não ia ficar encrencada por sua causa.

Alice: Nossa mãe!!

Luna: Nossa, nada!! Ela é minha mãe e do Tavinho. Ela só te adotou pq você pediu, implorou. Ou acha que eu não lembro daquela cena patética do aniversário dela?

Alice: Ela teve o livre arbítrio de recusar, e mesmo assim não fez. Mas eu não vou ficar aqui discutindo com uma adolescente rebelde igual a você. Hoje sou eu quem choro pelo tapa que levei, mas amanhã poderá ser você.

Alice vira as costas para sair, mas para ao ouvir Luna esbravejar.

Luna: Você se acha superior so pelo fato de ser mais velha. Mas você é tão imatura quanto eu. Uma mulher de 25 anos que nem se quer manda na própria vida querer me dá lição de moral. Fala sério.

Alice: Tens razão quando diz que sou imatura, até pq estou aqui debatendo com você. Mas isso não anula o fato que a Luísa tmb e minha mãe, mesmo sendo adotiva. Então para de choramingar e aceita.

Luna: Ela não é sua mãe!! -grita

Nesse momento, Luísa que estava passando em frente ao quarto ouve a fala de sua filha e entra no ambiente

Luísa: O que está acontecendo aqui? Posso saber? -encara as duas

Luna corre até sua mãe se fazendo de vítima e a abraça

Luna: A Alice entrou aqui no meu quarto e começou a me acusar de coisas que não fiz.

Alice revira os olhos e se afasta

Luísa: Luna, eu ouvi o que você berrou. Aliás, a casa inteira ouviu. E pode ter certeza que eu sou tão mãe da Alice quanto sua e do Gustavo. O fato de eu até a adotado, não significa que eu seja menos mãe pra ela ou pra você. Então para com esse ciúme bobo, pq você não está mais na idade disso.

Alice respira fundo e deixa uma lágrima cair.

Luísa: Agora vai vestir sua roupa e descer pro café da manhã.

Luna: Mas mãe…

Luísa: Agora Luna!!

Luna vai para o closet se vestir. Luísa vai até Alice e abraça pelas costas.

Luísa: Vamos tomar café?

Alice: Estou sem fome, mãe.

Luísa: Não importa. Hoje é domingo e eu quero todos à mesa, como de costume.

Alice: Ele já acordou?

Luísa: Seu pai? Não sei. Não voltou pro quarto ontem a noite. Deve está dormindo no sofá do escritório. Provavelmente encheu a cara, como sempre faz quando está triste ou com raiva. Mas fique tranquila, teremos um café da manhã em paz, pq eu não vou admitir outra briga nessa casa.

Alice sorrir de cantinho e acompanha Luísa para a sala de jantar.

Tavinho já se encontra na mesa, Luísa beija sua cabeça e ouve reclamações do seu filho.

Tavinho: Já não era sem tempo. Estou faminto! -fala virando o suco no seu copo

Luísa rir e Alice senta em frente ao seu irmão.

Luísa pede licença e vai até o escritório. Ela encontra Guilherme jogado no sofá, algumas garrafas de uísque largado pela sala. Ela revira os olhos e bate nos pés do seu marido, ele acorda assustado

Guilherme: O que!? O que foi?

Luísa: Em 5 minutos quero você na mesa para o nosso café da manhã. Vai lavar esse rosto, e colocar alguma dignidade no corpo.

Ela sai sem deixá-lo falar. Guilherme já sabe que sua esposa está com raiva pela sua atitude. Então, ele respira fundo e faz o que ela ordenou, em busca de não brigar mais.

Ao voltar pra sala de jantar, Luísa ver seus três filhos sentados. Alice está quieta, enquanto Luna e Tavinho conversam.

Ela se senta, pega a garrafa de café e se serve.

Guilherme logo chega e senta na sua cadeira. Cumprimenta todos, mas aAlice não responde.

O café é dado início. Tavinho nota o clima tenso entre todos e decide quebrar o silêncio.

Tavinho: Pai, amanhã posso ir a empresa depois da escola?

Guilherme: Pra que? -pergunta sem olhar pro filho

Tavinho: Tenho um trabalho para entregar até o fim da semana. É sobre os empreendimentos de nossos pais.

Guilherme: Ok. Pedirei ao James para ir buscá-lo.

Luísa: Pera aí, é pra entregar até o fim da semana?? E quando foi passado esse trabalho?

Tavinho: A dois meses!!

Luísa: Dois meses? E agora que você tá correndo atrás disso?? Tá maluco, garoto? -fala incrédula

Alice rir em silêncio, vendo sua mãe surtar com seu irmão.

Luna: É mentira dele, mãe. A professora passou na semana passada.

Guilherme: E você, senhorita? Se bem me lembro, você tmb e da sala do seu irmão. E o seu trabalho? Já está em andamento?

Luna: Não senhor!! Ele já está pronto.

Luísa: Como assim já está pronto?

Luna: Não precisei de cola, como meu irmão. -fala debochando - Pois sei bem sobre o seu trabalho. E escrevi sobre sua história. 10 páginas perfeitas sobre a grande e renomada Fisioterapeuta Luísa Alencar Mendes.

Luísa: Ok sabichona. Então quero revisar o seu trabalho todo e ter certeza que está perfeito mesmo.

Luna: Ok.

Guilherme: O senhor também, Gustavo. Quero esse trabalho pronto em 3 dias e quero revisar, antes que seja entregue.

Tavinho: 3 dias?? Pai, não vai da tempo!!

Guilherme: Você teve 2 semanas para fazer e Não fez, agora aguente as consequências. 3 dias!!

Tavinho ficou emburrado e Luna riu da cara dele.

Maria entra na sala para repor o suco e nota que Alice ainda não comeu nada.

Maria: A comida está ruim, minha menina? -pegunta tirando Alice do transe

Alice: Ah não, não Maria. Está uma delícia.

Maria: Como sabe se não comeu nada? -fala mostrando que pegou Alice no flagra

Alice: Desculpe. Estou sem fome!

Luísa: Filha, você precisa comer. Por favor…

Alice: Tudo bem. Maria pode fazer um suco de abacaxi com hortelã e levar lá no jardim pra mim?

Maria: Claro, minha menina. Já já eu levo.

Alice ama suco de abacaxi com hortelã. Sua avó Luciana quem lhe fazia e ela amou desde a primeira vez que experimentou.

Alice pede licença a todos e vai para o jardim. O único lugar que lhe trás paz.

Ela senta no banco de madeira e aprecia as flores que estão ali, lindas e perfumadas.

Ainda na sala…

Luísa: Vá conversar com ela, Guilherme.

Guilherme: Pq? Ela parece muito bem.

Luísa revira os olhos e pede que os filhos se retirem da mesa para uma conversa com seu esposo. Ambos seguem para seus quartos.

Luísa: Guilherme, você esta sendo infantil. Ela é sua filha. Sua primogênita. Para com esse orgulho bobo!

Guilherme: E pq ela não vem falar ? Ah Luísa, não. Não tô com cabeça pra brigar mais.

Luísa: Claro, está com a cabeça cheia de uísque. Não deve ter cabeça para nada mesmo.

Luísa sai da mesa com raiva e segue para seu quarto. Guilherme fica pensativo na mesa.

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