Fúria

Enquanto continuei trabalhando, as horas pareciam voar. O foco em minhas tarefas e a determinação em evitar pensar nas fofocas do refeitório me ajudaram a superar o constrangimento.

No entanto, à medida que o dia chegava ao fim, minha amiga, Laura, subiu ao andar do presidente para se despedir. O edifício ficou silencioso e deserto, e eu me vi sozinha, aguardando o Sr. Diamond, que havia pedido que eu esperasse por ele até tarde.

Soltei um suspiro resignado, lembrando das palavras reconfortantes de Laura. Agora, só me restava aguardar a conversa com o Sr. Diamond e torcer para que a noite passasse sem grandes complicações.

Fiquei surpresa quando o Sr. Diamond rompeu da porta do elevador, parecendo visivelmente furioso. Ele me chamou em sua sala, e, sem rodeios, entregou uma sacola para mim.

Sua voz era cortante quando ele disse: "Isadora, quero aquele terno da sacola limpo amanhã no primeiro horário, às 6 horas, para ser mais exato."

Eu assenti, sentindo-me pressionada pela urgência e pela intensidade de sua exigência.Não ousei questioná-lo, sabendo que a tarefa seria pior se fizesse isso.

Diante da exigência do Sr. Diamond, respondi com um simples "Sim, Sr.," mantendo meu queixo erguido em um gesto de obediência respeitosa. Por fora, estava calma e controlada, mas por dentro minha mente gritava de desespero.

Enquanto ele se virava e retornava à sua mesa, maldizendo-o até a última geração em meus pensamentos, eu me perguntava freneticamente onde encontraria uma lavanderia que estivesse aberta tão tarde e que pudesse atender às demandas de um empresário impetuoso. A tarefa à minha frente parecia quase impossível, mas eu estava determinada a cumprir a ordem do Sr. Diamond, não importava o quê.

O Sr. Diamond olhou para o relógio em seu pulso e, com um sorriso cínico no rosto, disse: "Está tarde, Isadora. Eu posso dar uma carona para você."

Meu coração deu um salto quando ele ofereceu sua ajuda de maneira tão inesperada. Aceitei a carona sem pensar muito, e ambos descemos juntos pelo elevador.

Eu apertava as alças da sacola com força, com uma sensação de inquietação crescente, sem compreender completamente suas intenções. O Sr. Diamond era um homem sombrio, e sua atitude me deixava com um sentimento ambíguo de desconforto e curiosidade.

Enquanto caminhávamos em direção ao estacionamento, me repreendi mentalmente por ter aceitado a carona. Não conseguia entender por que havia dito sim tão prontamente. Seria medo? Afinal, estávamos só nós dois naquela situação.

Minha mente estava repleta de dúvidas e preocupações, mas eu não tinha coragem de questionar as intenções do Sr. Diamond.

Chegamos ao carro, um luxuoso Aston Martin que reluzia à luz do luar. Enquanto observava o veículo caro, um motorista, aparentemente surgindo do nada, se aproximou e gentilmente abriu a porta do carro para nós, como se estivéssemos prestes a embarcar em uma jornada de grande importância.

O cenário era incrivelmente surreal, e eu me sentia como se tivesse entrado em um mundo completamente diferente, um mundo onde as regras eram ditadas por aqueles com poder e influência.

Apesar de ter crescido em meio à riqueza, algo que meus pais sempre me proporcionaram, a presença de um motorista particular era um luxo que minha família nunca tinha adotado.

Meus pais eram pessoas simples e trabalhadoras, e sempre a ensinou a valorizar a simplicidade e a humildade.

Ao entrar no luxuoso Aston Martin de Dominic e experimentar a presença do motorista particular, uma sensação de desconforto se apoderou de mim. Aquilo reafirmou o quanto Dominic era mesquinho e pomposo, gostando de manter todos ao seu redor submissos a ele.

À medida que o carro entrou em movimento, um silêncio ensurdecedor pairou no ambiente, criando uma atmosfera tensa que era difícil de ignorar. Estava claro que aquela carona não seria apenas uma viagem comum, mas uma experiência que poderia ter implicações profundas e inesperadas em minha vida.