Bianca me deixou falando sozinho naquele corredor, e confesso que fiquei parado por alguns minutos, tentando pensar em algo ou fazer qualquer coisa para que ela entenda que estou aqui por ela e quero ficar com ela. No entanto, ela insiste em usar insultos que a menosprezam para me afastar, mesmo que tenha sido isso que me atraiu nela. Bianca não sabe, mas na noite em que ela e Deive se conheceram, eu estava na boate em que ela dançava como stripper, no mesmo local onde Deive, Caio e eu estávamos.
Quando saí com aquela mulher, a vi entrar abalada e sentar no balcão do bar. Era a stripper que eu havia visto dançando alguns minutos antes, mas naquele momento não dei muita atenção e acabei esquecendo desse detalhe até vê-la na casa da Lina. Foi lá que presenciei o que ela e Deive fizeram no banheiro, mas não me envolvi naquele momento, pois o foco não era eu. No entanto, hoje em dia, lembro disso e sinto ciúmes e raiva. Se eu tivesse ido até o bar, talvez as coisas tivessem sido diferentes.
Decidi sair do corredor e ir para o saguão do hotel, pois estava decidido a dizer algumas verdades a ela e não a deixaria falar. Fiquei sentado naqueles enormes sofás, esperando por ela e sua amiga, e ela parecia distraída. Disse tudo o que queria e saí andando, mas posso jurar que senti seu sorriso atrás de mim. Sorri de volta e fui para o carro. Acho que ganhei alguns pontos com ela...
Fui para o endereço que Mikaela me enviou do centro de tratamento contra o câncer e, ao chegar lá, conversei com o médico responsável por seu tratamento, que estava conduzindo todo o procedimento. Ele deixou claro que não poderia mentir para a paciente, pois isso seria antiético.
— Doutor, não estou pedindo para que minta, mas a mulher que o senhor trata é a mulher que eu amo. Só quero pagar por todo o tratamento, e ela não pode saber que fui eu... — expliquei, buscando convencê-lo.
— Eu entendo, senhor, mas o pagamento do tratamento pode ser feito anonimamente ao centro. — ele respondeu.
— Eu sei, e farei isso de forma anônima, mas se disser que houve um doador, ela saberá que fui eu e recusará. O senhor não vai se encrencar, eu assumo a responsabilidade por tudo. Assino até um termo se quiser. — tentei argumentar.
— Isso é completamente antiético... — a assistente nos interrompeu.
— Pablo, quantos homens apaixonados vêm aqui e pedem para você ter empatia? — Lisa, a assistente, perguntou.
— Lisa, posso perder minha licença... — ele respondeu preocupado.
— Eu sei, mas quantos vêm aqui e dizem essas palavras? — ela retrucou.
— Tá, me convenceu, mas você pagará por qualquer dano que possa ser causado a mim por te ajudar. — ele disse apontando o dedo para mim.
— Eu arco com tudo. Não se preocupe, dinheiro não é um problema. Obrigado, Pablo. Mas uma coisa, quando é a próxima sessão de quimioterapia dela?
— Amanhã...
— Tem como eu estar aqui sem que ela me veja? — Lisa me olhou confusa.
— Porque você quer ficar aqui? — perguntou.
— Só quero estar presente, mesmo que ela não queira. Só quero ficar ao seu lado.
Lisa soltou um sorriso diferente, como se estivesse emocionada, e percebi em seus olhos que eu estava fazendo a coisa certa.
— Amanhã ela chega às 9:00 horas, esteja aqui às 8:30, eu te ajudo. — disse Lisa.
— Lisa!
— Não me olhe assim, Pablo. Se tivesse me amado um dia, teria feito isso. — senti a tensão.
— Não precisa jogar sempre na minha cara que te traí... — interrompi a discussão deles.
— Olha só, não ligo para a briga de vocês. Vocês vão me ajudar ou não? — eles se entreolharam e responderam juntos.
— Vamos.
Lisa pegou o celular e ligou para Bianca. Não acredito como ela foi criativa ao inventar toda essa história de estudos e avanços. Não era exatamente uma invenção, mas também não era a verdade. Ela disse que Bianca se emocionou do outro lado da linha. Os resultados realmente ajudam a ciência, mas ela não foi selecionada. Saí do escritório de Pablo muito agradecido e agora com novos amigos, pois ele me convidou para tomar uma cerveja junto com Lisa.
Voltei para o meu hotel e fiquei deitado lá, talvez esperando o sono chegar até mim, mas ele não vinha. Sentia meu coração doer, então soltei um pequeno sorriso. Eu estava apaixonado, queria ficar com ela. Decidi então ligar a TV para ver o que estava acontecendo. Lá estava a notícia de um atentado a um banco, e o delegado do caso era o mesmo para quem dei meu depoimento. Ou seja, Lina e Deive estavam com problemas. Decidi desligar a televisão. Já faziam dois meses que saí de lá. Quis ligar para Deive, mas não consegui.
Voltei a deitar e pensar que no dia seguinte seria uma das sessões de Bianca, e meu coração doeu novamente. Não sei se conseguiria vê-la sofrer e não estar lá para segurar sua mão. Não consegui dormir. O dia amanheceu e eu estava acordado. Resolvi levantar e tomar um banho para seguir até o centro. Cheguei lá às 8:30, como combinado. Lisa me levou para um pequeno quartinho que havia dentro do consultório de Pablo. Acredito que era lá que eles se pegavam, mas era o lugar de descanso dele. Eu conseguiria ouvir toda a conversa com o médico e assistir ao tratamento de longe quando ela estivesse na sala de tratamento. Sentado naquela cama no quartinho, que parecia mais um retângulo com uma cama, olhei para a parede e esperei.
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Atualizado até capítulo 63
Comments
Maria Izabel
Autora vc arrasa mesmo lendo que uma narração de tudo o que eles passaram durante o tratamento da Bianca vc nos transportar para dentro da história vivendo esses momentos difíceis e de superação
2023-11-10
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