Capítulo 10

Catalina não tinha conseguido dormir a noite toda e ainda estava com a impotência e a raiva da culpa por algo que ela não tinha cometido. As olheiras estavam muito evidentes, sinal das poucas horas de sono. Já eram 8h, estava tudo em total silêncio, um ambiente tenso. A governanta entrou no quarto e não conseguiu conter-se, abraçando sua senhorita enquanto chorava por ela.

"Minha querida governanta, você não deve chorar por mim. Quero que seja forte, nada vai me acontecer, eu te asseguro. Tudo isso precisa ser esclarecido, apenas te peço que confie em mim. Amanhã você deve renunciar a esse ducado. Leve esse dinheiro contigo, por favor. Tenha essa direção e essa carta. Amanhã, à tarde, um homem chamado Smith estará esperando você em uma carruagem que eu contratei. Dê a ele a direção que estou te dando, e ele te levará ao lugar que estou indicando. Quando chegar lá, pergunte pelo mordomo da família Crill e entregue essa carta pessoalmente a ele. Não deixe que mais ninguém leia."

"Minha senhorita Catalina, como me pede para deixá-la à própria sorte? Eu a criei por muitos anos, não gostaria de deixá-la sozinha, especialmente nesses momentos que afligem meu coração por sua situação."

"Não se preocupe comigo, governanta. Estarei bem. Apenas prometa que irá embora conforme estou ordenando."

"Eu prometo, minha menina. Estarei te esperando."

"Não se preocupe, governanta. Dentro de um ou dois meses, estarei ao seu lado. Não se preocupe mais. Agora vá arrumar suas coisas, leve apenas roupas para vários dias de viagem e queime tudo o que não puder levar. Se precisar de dinheiro, pegue apenas do saquinho que estou te dando."

Ambas as mulheres se abraçaram pela última vez, não poderiam mais se ver por um longo tempo.

Antes de sair, Rosita disse a Catalina que a família Castello e o duque Loret estavam reunidos no quarto de Aurora, e só faltava ela, Aurora tinha mandado chamá-la.

Os olhos de Catalina se tornaram roxo-purpura ao ouvir as palavras de sua governanta, o ambiente ficou hostil para sair de seu quarto, ela sabia que Aurora estava tramando algo. Por enquanto, ela não levantaria qualquer suspeita, mas as coisas não seriam tão fáceis.

Cata já estava batendo na porta do quarto de Aurora, um sinal fez com que ela entrasse. A cena que viu naquele momento a deixou nauseada, eles pareciam uma família realmente feliz ao lado da princesinha chorona de Aurora. O duque Loret sorria com um olhar terno e doce, dando-lhe um breve beijo nos lábios.

Os duques Castello observavam tudo o que estava acontecendo, a duquesa parecia feliz com a cena de amor e o senhor Carlos permanecia neutro.

Catalina fez uma pequena tossida para chamar a atenção.

"Mandaram me chamar, duques, duquesa e senhorita Aurora."

A primeira a falar foi Aurora.

"Sim, Catalina. Fui eu quem mandou te chamar, assim como meus pais e meu noivo."

"Quero pedir desculpas por tudo o que te disse ontem. Eu estava apenas irritada porque você tentava interferir entre meu noivo e eu, mas não era minha intenção machucar seus sentimentos. Por isso, quero que me perdoe. Se você me perdoar, eu também te perdoarei pelo que fez. Já falei com meu noivo e pedi para que não te acuse, afinal, você é minha irmã e eu não gostaria de te ver sofrer."

Aurora se levantou com a ajuda de Loret e foi em direção a Catalina, dando-lhe um abraço caloroso enquanto sussurrava em seu ouvido.

"Eu te avisei, vadia, isso é apenas o começo. Você pagará por ter tentado me tirar meu noivo."

Enquanto a abraçava, Aurora chorava mais alto para que todos acreditassem em sua atuação, o que ela não imaginava era que Catalina lhe pregaria uma boa peça.

Catalina se agarrou ao corpo de Aurora e começou a chorar alto, pedindo perdão por ter feito com que ela perdesse seu bebê. Disse que se arrependeria pelo resto da vida pelo que lhe fez e para tornar a cena mais convincente, Catalina se ajoelhou diante de Aurora para pedir perdão.

Agora era Catalina quem parecia lamentável, tocando o coração de qualquer um, já que entre as atrizes Catalina seria a melhor.

Loret viu a cena e seu coração se comoveu por um instante, mas com as palavras de Aurora mencionando novamente a morte do bebê, ele voltou a olhar Catalina com hostilidade.

O perdão já havia sido dado, tudo estava resolvido, agora os planos do casamento continuavam.

Cata não tinha mais nada para fazer, saiu do quarto pensando que muitos pagariam pela humilhação que lhe causaram, mesmo que fosse obrigada a fazer isso.

Aplicou o ditado de "se não pode vencê-los, junte-se a eles".

O casamento foi antecipado, agora seria daqui a um mês. Catalina conseguiu ouvir isso antes de sair, agora ela tinha apenas um mês para descobrir a verdade.

Catalina foi para seu quarto, tomou um banho rapidamente, pois antes de ir para o quarto de Aurora ela não havia se banhado. Quando terminou de se trocar, Loret entrou em seu quarto sem permissão, o que a surpreendeu. Ele a olhava como um lobo que encontrou sua presa, passando a língua pelos lábios. Sem esperar mais, ele encurralou Catalina segurando suas mãos enquanto beijava novamente seus lábios, reavivando a ferida dela. Parecia que se tornou um hábito para ele.

"Catalina, Catalina, talvez Aurora e seus pais tenham te perdoado pela morte do meu filho, mas eu não vou. Você pagará pelo que fez, eu mesmo serei seu carrasco."

"Você vai se arrepender, duque Loret, por essa humilhação que me fez, e será tarde demais quando perceber a verdade."

"Não me ameace, Catalina, ou serei ainda mais duro com você."

Após essa conversa, Loret saiu da mansão, ele precisava preparar seu traje para o próximo casamento.

Catalina limpou o rastro de sangue com gosto de ferro em seus lábios e decidiu escrever duas cartas diferentes, sem que ninguém percebesse. Ela levou a primeira carta ao escritório do duque, deixando-a em um lugar onde somente ele poderia encontrá-la.

A segunda carta seria deixada no duque Loret Torres.

Sem ser vista, ela voltou para seu quarto mais uma vez, vestiu-se como uma plebeia e saiu pela janela, com rumo desconhecido.

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