Dominike

Entro no elevador executivo que dá acesso ao andar da sala do papai. Essa bendita empresa, por ser de fachada deveria ser menor! Para que gastar dinheiro nessa estrutura gigantesca?

— O que faz aqui? — tia Anália me para no andar da sala dela. Ela deve ter visto eu chegando. Aperto o botão de elevador para fechar as portas o mais rápido possível. — Alexa! — quando a portas fecham respiro fundo escutando ela praguejar.

Desço do elevador e meu pai já estava vindo ao meu encontro. Ele já disse repetidas vezes que não é para eu vir aqui, que é perigoso.

Com a sua aura arrogante normal, dessa vez carregada de fúria, me joga sobre o ombro sem nem mesmo me cumprimentar.

Convoca o elevador mais uma vez.

Até que me surge uma ideia e seguro a mão do meu pai. Ele se vira para mim.

Meu pai tem sensibilidade nas mãos, mesmo calejadas.

— E se eu conseguisse alguém para cuidar de mim?

Ele processa a informação por dois segundos até me responder.

— Alexa ele te expulsaria da casa dele com dois dias.

— Pai, o senhor tem que ser mais gentil!

— É a verdade. Por que quer recorrer a ele sendo que o odeia? — a porta do elevador abre e ele me coloca dentro escolhendo o andar.

— Porque me convém. — digo com descaro estridente.

Meu pai sorri e faz com com que as portas fechem.

— Tchau, Alexa. Sua falta ao curso hoje custará na sua mesada.

Merda.

...****************...

Eu quero sair da casa dos meus pais. Eu quero constituir uma vida. Já procurei empregos, mas sou um completo desastre. O motivo não é minha criação ou mei conhecimento e meu tato, porque minhas irmãs tem os mesmos mimos que eu, ainda assim, elas já tiveram a carteira assinada três vezes com 17 anos, e eu tenho um ótimo currículo.

A minha carteira está em branco até hoje!

Em compensação faço tudo que meus pais mandam. Eles mandaram eu fazer o curso de administração, estou fazendo.

Eu tenho curso de sete línguas, e latim, quase todas são fluentes. Tenho cursos na área de estética, matemática básica, informática avançada, TI, 40 horas de programação, didático é o que não falta no meu currículo. Até de costura eu tenho curso.

Todos com mais de 85% de aproveitamento em todos que já concluí.

Agora estou fazendo de administração.

Conhecimento teórico não me falta, o que me falta é prática.

— Mãe, pede pro papai.

— O que Alexa? — minha mãe abaixa os arquivos cansada. — Não era para você estar no curso?

— Quero ir para Roma mãe! Eu sou só uma cabeção sem utilidade!

— Não fala assim, filha. Você é muito inteligente, e nós temos muito orgulho de você.

— Orgulho de que mãe? Vários certificados sem função? Eu não consigo nem mesmo um emprego!

— Em que ir para Roma vai te ajudar?

— A esquecer essa realidade medíocre! Conhecer novas portas, pessoas, novos métodos, novas histórias. — ela reflete por um momento.

— Vou conversar com seu pai. Mas ainda acho que é difícil. Não tem como deixar você sozinha num local que não conhece sendo tão ingênua.

— Eu posso pedir para ele...

— Dominike? — assenti. — Alexa, não perturbe o coitado. Sem contar que ele é mais velho que você, e sempre age de forma petulante com ele. Não sei porque, pois é muito educada com todos, ele é a exceção.

— Ele é arrogante.

— Seu pai também.

— Mas é diferente.

Eu não quero ter meu pai sobre meu controle.

10 anos atrás

— Papai! — corro e pulo no seu colo.

— Alexa, podemos conversar depois? Estou resolvendo negócios. — ele acaricia meu rosto, apenas deito no seu ombro. Para que ele prossiga.

— DOMINIKE! — assusto com o grito de um dos homens qual o papai conversava. — Está mais que atrasado. — olho para ver o que estava havendo.

O homem alto, de cabelos negros mais cacheados que o meu e do papai, semelhante do grisalho que lhe dava esporro por seu atraso.

Foi a primeira vez que nos encontramos. E ele já era bem mais velho que eu, com seus 22 anos.

Entendi a conversa até pararem de falar inglês.

Como toda menina, o achei bonito. Quando ele encontrou meus olhos sorriu brilhantemente. Ele tinha a confiança do meu pai, que nunca me entregava a quem me pedia. Por essa vez, permitiu.

Uma pessoa maravilhosa.

Ele passou um tempo visitando nossa casa. Sempre brincou comigo e com meus irmãos depois de resolver negócios.

Quando foi que começamos a denegrir uma relação tão fofa?

Não me lembro ao certo o motivo, mas sempre que vejo Dominike, minha vontade é de mata-lo. Nem eu sei o que ele me fez, ele muito menos sabe o que fez a mim.

Mas o que nós dois temos certeza é que temos uma história mal contada, e que brigamos a cada 10 minutos.

Nunca perdendo a intimidade e diz o quer na cara um do outro. Até mesmo assuntos que se dizem não ser para amigos, o que dirá inimigos.

A última vez que nos vimos foi a dois anos, que discutimos sobre ele beijar Naty. O chamei de tudo, menos de santo. Até de pedófilo o chamei, sabendo que ele nunca encostaria numa criança e que Naty já tinha dezoito.

Ele se magoou com isso, e foi embora no outro dia. Não mandei mais mensagem, que o fazia, nem mesmo ele. Cortamos contato.

O que guardo na minha mente até hoje, são as palavras dele.

”Você está com ciúmes!? Porque sua revolta não tem sentido algum se não for esse o motivo!."

Que garota não se revolta ao ver uma tosca prepotente interesseira beijando seu amigo de infância?

Assim como fico ao lado da Naty por conveniência, ela faz o mesmo comigo. Porém meu irmão, Victor e Dominike estão alá da linha que ela pode chamar de limite da nossa "parceria".

Eu o odeio. Porque ele deixou de me entender, e abriu mão de mim. Ele não tem o direito de entrar na minha vida e sair quando ele quer.

Fazia um tempo que não pensava em você, Dominike Gaspari Martin, amigo.

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