Capitulo 5

No dia seguinte, Mark abre a porta para pegar o jornal como faz todos os dias, mas ele não estava lá.

― Ué...

Ele franze as sobrancelhas sem entender. Ele olha a hora e vê que já era para estar ali.

― Será que aconteceu alguma coisa com o entregador?

Ele volta para dentro do apartamento e olha a janela.

“Pode ser.... está nevando bastante, apesar que isso nunca aconteceu antes...”

Ele suspira, sua rotina já estava estragada.

Ele faz seu café e olha a paisagem quase branca naquele silêncio que ele tanto gosta.

“Silêncio...”

Ele pensa saboreando aquele momento.

“Parece que a vizinha não ligou o som...”.

Por um momento ele acha estranho, mas logo dá de ombros imaginando que a conversa com o Guy tinha dado certo e logo sai para trabalhar.

À noite, quando ele chega em seu andar ele percebe o silêncio e sorri. Tudo estava voltando a normalidade e ele curtia muito isso.

Os dias seguintes se passaram no total silêncio do jeito que ele gostava, ainda mais quando trabalhava no fim de semana, porém, o jornal dele não estava sendo entregue. Ele já estava achando aquilo muito estranho e resolve perguntar ao síndico antes de ir trabalhar na segunda.

Tinham sido dias tão corridos que ele nem teve a chance de ir se desculpar com a vizinha ainda, mas daria um jeito de ir lá hoje.

― Oi Roger, como vai?

― Senhor Evans, vou bem e o senhor? ― O síndico pergunta guardando o jornal que estava lendo.

Mark estreita os olhos ao ver o jornal.

― Bem também... esse jornal, é de hoje? ― Ele pergunta desconfiado.

― É sim. Pelo que vi, não tem nada de interessante rs. ― O síndico informa simpático e Mark apenas assente. ― O senhor precisa de alguma coisa?

― O garoto que entrega o jornal, não tem subido para deixar nos apartamentos? É que todo ano deixo uma gorjeta para ele e não o vi ainda.

― Sim, ele tem subido sim! Porém, ele tem vindo mais cedo. Quer que avise para bater em sua porta amanhã?

― Ah, sim. Claro. Agradeço se pedir.

― Certo. Pode deixar!

Mark se despede do síndico e vai para o estacionamento já entendendo a situação.

“Aquela garota! Tenho certeza que ela está pegando o meu jornal! ”.

Ele pensa furioso e promete que assim que voltar, vai ter uma boa conversa com ela e dessa vez, Guy não iria apaziguar nada!

...****************...

Nathali chega em seu apartamento e resolve pôr em ação o que estava planejando.

Antes ela perguntou ao síndico, se podia fazer algumas modificações na entrada do seu cantinho e ele dissera que só não podia mexer na estrutura, de resto estava liberado.

Ela entra e coloca uma camiseta e macacão velhos. Prende o cabelo em um coque frouxo e vai para a entrada do seu apartamento com uma escada.

...********************...

Mark chega no seu andar e assim que as portas do elevador se abrem, ele sente um cheiro forte de tinta.

Ele franze as sobrancelhas e anda devagar até chegar no meio do corredor que dá para os dois apartamentos e não acredita no que vê.

Lá estava sua vizinha em cima de uma escada pintando a fachada do apartamento dela de lilás, mas isso não foi o surpreendente e sim a quantidade de jornais espalhados pelo chão.

“Os meus jornais!”

― Mas o que pensa que está fazendo?? ― Ele pergunta olhando ainda incrédulo os jornais no chão, incluindo o de hoje.

― Ué, pintando. Não está vendo?? ― Ela pergunta sarcástica olhando para baixo.

― Esses... esses jornais são meus! ― Mark estava tão nervoso que quase não conseguia falar.

― Ah, sim. Eu peguei os seus também. Afinal, quem lê jornal nos dias de hoje? ― Ela fala totalmente inocente e debochada ao mesmo tempo. ― Ah, espero que não se importe Mark.

Mark olha para ela que mesmo com aquela roupa velha e algumas manchas de tintas no rosto, continuava linda.

Ele pigarreia e olha sério para ela.

― Só pode ser piada... você e o Guy devem ter combinado para me tirar do sério... só pode!

― Ah o Guy.... ― Ela faz um olhar sonhador que o irrita profundamente. ― Além de educadíssimo é um gato! Devia ter chamado ele para me ajudar a pintar, aposto que ele toparia!

Mark fica olhando-a sem acreditar naquilo tudo ainda. Quando ele ia retrucar, ela continua.

― Você teria o contado dele para me passar? Nem lembrei de pegar com ele rs.

― Escuta aqui sua...

De repente, Nathali se desequilibra e solta um gritinho ao cair da escada, mas Mark pensa rápido e a segura antes que estatelasse no chão.

Ela o olha com os olhos arregalados pelo susto e ele consegue ver umas nuances verdes na íris dela.

Eles se olham uns segundos em silêncio, mas logo ela se recompõe se soltando dele.

Mark estava tão atônito por sentir o calor dela em seus braços que resmunga algo que ela não entende e simplesmente se vira indo para o apartamento dele sem nem olhar para trás.

― Obrigada hein? ― Ela grita antes de ele fechar a porta e cai na risada.

“Ótimo! 1x0 para mim! ”

Ela lembra dos braços musculosos dele a segurando forte, mas sem aperta-la e se arrepia inteira.

...*********************...

Mark entra furioso no apartamento dele ainda ouvindo a risada dela e abre o aplicativo de entregas.

― Se ela acha que vai ficar assim, ela está muito enganada!

Ele escolhe o quer e paga a mais para ser entregue no dia seguinte no escritório dele.

― Pronto. Você quer guerra, é guerra que terá!

Ele pensa no corpo esguio dela em seus braços e balança a cabeça tentando afastar as lembranças.

― Foco, Mark! Não pense em nada além do que pode!

Ele tira a roupa e vai para o banho já ansioso pelo o dia seguinte.

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