Cap. 4

...Amara Follen...

Eu ainda poço ouvi-lo correr em minha direção, o medo dilacerando minha alma, me encorajava a correr ainda mais, minha pele sendo arranhada e cortada pelos espinhos e galhos secos do bosque, me causavam uma dor e uma ardência desagradável, o sangue que escorria pelos meus ferimentos mancharam o fino tecido branco do vestido de mangas longas que envolvia meu corpo, meus pés descalços, já estavam a sucumbir a dor das pedras pontiagudas que os rasgavam.

Meu pânico se tornou ainda maior, quando a estrada havia em minha frente se desfez, me deixando a beira de um penhasco, me virei para retornar pelo caminho que havia feito, mas o imenso lobo caminhava em minha direção em forma lenta e majestosa, ele havia diminuído a distância entre nós, o ar quente que saia de seu focinho atingia meu pescoço, me enviando ondas de calafrio por todo o meu corpo, quando ele virou meu rosto com seu focinho me obrigando a olha-lo nos olhos uma pontada de dor invadiu o meu crânio, me senti fundida ao lobo telepaticamente em um elo invisível, nesse momento pude ouvir sua voz altiva a dizer-me: Liberte-Me.

Acordei molhada de suor, meu corpo estava febril e eu me sentia ainda mais fraca que nos outros dias, para não preocupar meu pai devido a minha condição, decidi sair mais cedo para academia, por sorte encontrei Kyra, que também havia chegado mais cedo, ao menos teria companheiro até iniciar as aulas.

— Amara?

O que houve? Sua aparência está ainda pior que ontem.

— Acho que peguei um resfriado por caminhar ao sereno ontem.

—Amara, fiz uma pausa e respirei fundo antes de continuar.

Sabes que sou uma bruxa, correto?

— Sim, tenho ciência disso.

— Eu não toquei no assunto com você antes, pois queria que se sentisse a vontade em me falar, mas você não tem muito tempo, você precisa fazer o seu lobo emergir.

— Então, você sabe sobre o meu lobo?

— Eu soube no instante em que te vi, você nem ao menos foi capaz de detectar a minha magia com seu olfato.

Não se sinta envergonhada, estou disposta a te ajudar.

— Me ajudar?

Como me ajudaria? E por qual motivo faria isso? nós mal nos conhecemos.

— Eu não preciso de motivos pra ajudar alguém, ao contrário do que muitos pensam, nos bruxas só tentamos equilibrar a balança sobrenatural. E se você aceitar, posso encontrar uma maneira de te ajudar.

— Obrigada pela ajuda, e me desculpe se em algum momento eu fui rude, só não estou acostumada com alguém tentando me ajudar.

— Não se preocupe, só espero que possamos ser amigas no final.

— Claro.

—Bom dia meninas, caíram da cama hoje?

— Bom dia Mia! Respondeu Kyra.

— Penso que foi você quem caiu da cama, é você quem sempre chega atrasada. Retrucou Amara.

— Aí que chata você. Risos

Meninas vocês foram embora da festa mais cedo ontem e perderam, a Lina se oferecendo para o Alfa gato.

— Você ficou até tarde?

— Claro Amara, você pensou mesmo que eu iria embora após permitirem a entrada da ralé no castelo? Fiquei até depois do bolo, onde é que já se viu sair de uma festa de aniversário sem nem ao menos comer o bolo. (Risos) Peguem.

— O que é isso? perguntou Amara com uma sobrancelha arqueada.

— O que mais seria? Bolo ué.

— Podem comer a minha parte eu não como doce.

— Vocês bruxas são tão sinistras, não consigo confiar em quem não gosta de doce.Você ao menos gosta de café? Ou também só toma chá de ervas duvidosas?

— (Risos) Não se preocupe, sou viciada em café.

— Ufa, menos mal.

Amara, você reparou no Alfa Brandon?

Ele tem uma beleza surreal.

— Eu não o vi, ele estava bem afastado de onde nós estávamos sentadas, e para ser

Sincera não tenho menor interesse em conhecer, quanto mais longe nos mantivermos dos alfas melhor.

— Pelo visto vai ser difícil de nos mantermos longe, olhem só quem está vindo na nossa di ção.

— Olha só o que temos aqui, um grupinho de esquisitonas. Espero que tenham se divertido na minha festa, pois será a última vez que seres como vocês, participaram de um evento de tal magnitude. Porém, se forem boas garotas e limparem a poeira dos meus sapatos, posso convidar vocês para um novo evento.

— Prefiro comer lama, a limpar os teus sapatos.

Não me interessa as suas festas idiotas.

— Cuidado com a língua bruxa, ou podes acabar com a cabeça fincada numa estaca.

Ameaçou Vick.

— Antes disso, te transformo em um coelho, só para ver os lobos de sua alcatéia lhe caçar e lhe devorar os ossos.

Agora vamos meninas, não devemos desperdiçar o nosso tempo de aula.

— Arg, essa bruxa me causa arrepios.

— Sim, é melhor não nos metermos com ela, não sabemos do que essa bruxa maldita é capaz. Mas ainda vou dar um jeito nela.

...Brandon Scott...

Não consegui dormir bem noite passada, e nem mesmo consigo concentrar-me no que o Alfa Hanks fala, a minha mente insisti em relembrar a mulher misteriosa da noite passada, numa breve caminhada pelo castelo pude sentir, um fraco perfume de lavanda pelo ar, mas que logo se perdeu por entre os infinitos corredores do castelo.

— Brandon?

— Sim, Alfa Hanks? Peço desculpas por minha distração, estava a pensar em alguns assuntos sobre a minha alcatéia.

— Não se preocupe, sei bem como é isso.

Estava a perguntar se existe alguma objeção da sua parte, quanto a nossa aliança?

— Não há nenhuma objeção, sei muito bem os benefícios dessa aliança, Lina é a Luna perfeita, tenho plena consciência disso, porém gostaria de ter um pouco mais de tempo para conhecê-la melhor, afinal a conheci ontem, gostaria de criar ao menos, um elo de afinidade maior.

— Sendo assim, o que achas de passar uma temporada connosco? Assim vocês podem adquirir um pouco mais de afinidade.

— Não vejo nenhum problema quanto a isso, afinal meu pai ainda é o Alfa da alcatéia do Norte e pode muito bem se virar sem minha presença.

— Sendo assim, vou pedir que lhe preparem um quarto ainda melhor.

— Não há necessidade, me sinto confortável no quarto que estou.

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