* Capítulo 01 - Infância Sofrida ...

É uma linda manhã de inverno! Um vento frio, brando, agita as folhas das laranjeiras úmidas pelo orvalho que cai do céu, enquanto os lírios no campo, estão cobertos pela névoa da manhã.

Pela janela do seu quarto, deitada em sua cama de madeira, Nanda contempla o sol que desponta em meio as folhas dos galhos da velha figueira! Na medida em que o vento bate em seus galhos, os raios atravessavam pelas frestas da janela e tocam-lhe o rosto.

...Nanda...

Gosto do brilho pálido das manhãs de inverno, do assovio do vento contra as árvores, e o telhado da casa. Gosto de segurar nas mãos, um copo de café quente, proporcionando calor, e aquecendo o frio em meus dedos gelados. Gosto da paz que essas manhãs frias transmitem, e de respirar a renovação que o inverno traz! Pode parecer loucura, mas... Gosto dos dias gelados, e de céus azuis!

Na primavera, gosto de caminhar entre as flores desse lindo jardim, que traz alegria e vida a esse campo, e admirar borboletas coloridas que decoram o céu!

Essas pequenas belezas as quais quase nunca damos atenção! E que foram criadas pelas mãos do grande autor da vida... Deus!

Sou do sorriso fácil, do abraço apertado, do amor demorado... E da fé que move montanhas!

Minha beleza está na minha essência, no meu caráter, e na minha simplicidade de viver a vida! Acredito em sonhos, não em utopia. Mas quando sonho, sonho alto... Estou aqui para viver, cair, aprender, levantar e seguir em frente quantas vêzes forem precisas.

Não me dou pela metade, não sou tua meio amiga... Ou sou tudo, ou sou nada! Não suporto meio termos! Sou boba, ingênua, mas não sou burra!

Menina dos olhos de mel, da pele morena e de riso sereno e sincero.

Tenho 23 anos, perdi o meu pai em um trágico acidente de caminhão, quando ainda era apenas uma garotinha. Desde então, a vida obrigou-me a trabalhar pelas ruas e sinaleiros de São Paulo, juntamente com a minha mãe, que, naquela época, carregava em seus braços o meu irmão caçula, e a minha irmã Amanda, dois anos mais nova que eu. Pelas avenidas e sinaleiros, vendíamos os artesanatos e os docinhos feitos por ela.

Resumidamente... Tive uma infância sofrida... Eram dias difíceis aqueles, os quais em sua grande maioria, não tínhamos o que comer, dormíamos por muitas das vezes em baixo dos viadutos da grande metrópole Paulista, e nos porões, dos enormes arranha-céus, da maior cidade da América do Sul. Dificilmente encontrávamos lugares nos albergues da cidade.

Após alguns meses que o meu pai se foi, conseguimos nos mudar para o interior do Estado de São Paulo e passamos a morar com os meus avós paternos em uma cidadezinha, muito pequena, na regiao de Ribeirão Preto, habitada por um povoado cujo coração não cabe no peito!

Com o pouco que tínhamos, fomos sobrevivendo...

Mas esse passado sofrido, foi deixado para trás! Para superar o passado é necessário viver o presente com a esperança de um futuro melhor.

Aprendi que não importa o quão sofrido tenha sido o passado, é possível superar tudo, quando seguramos firmes nas mãos de Deus!

Aprendi que não importa o tamanho das minhas dificuldades ou problemas, se a minha vontade de vencer, caminhar junto a com fé, Deus me levará a lugares altos!

Atualmente, moro com a minha mãe, que se chama Vera, a minha irmã Amanda e o meu irmão Matheus que é cadeirante.

Em um dia de muito trabalho pelos sinaleiros de Ribeirão Preto, Matheus foi atropelado na Avenida Francisco Junqueira, há 10 anos atrás! O acidente causou-lhe uma lesão medular, deixando-o paraplégico.

Com muita garra e determinação estou cursando o último ano em Direito, e hoje é o meu primeiro dia de trabalho em um escritório de advocacia, localizado no centro da pequena cidade onde moro!

...ΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩ...

Ao checar as horas em seu celular, Nanda se apressa em levantar da cama.

Sononolenta, ela expressa um sorriso lindo em seu rosto, ao se lembrar da noite anterior!

Nanda: Ai meu Deus! Eu não acredito que finalmente vou me casar! Obrigada Senhor! Ela agradece a Deus, com lágrimas nos olhos... Profundamente apaixonada.

Eu sou a mulher mais feliz desse mundo! Ela fala e comemora ao dar pulinhos de felicidade e bater palmas.

Enquanto arruma os lençóis na cama, Nanda faz a sua oração como de costume, e continua a falar com Deus!

Ao olhar no relógio de pilhas, pendurado na parede, se apressa. Afinal, hoje é o seu primeiro dia de trabalho em um escritório de advocacia e não poderá se atrasar.

Ela abre a porta do seu quarto, caminha até o banheiro no final do corredor, faz a sua higiene pessoal e toma um banho morno, pois a estação "quente" do chuveiro, está queimada.

Ao retornar para o seu quarto, ela se troca, faz uma linda maquiagem em seu rosto e solta os seus longos cabelos ondulados em tom chocolate.

Apressada, ela sai do quarto novamente, cantando e sorrindo, segue até a cozinha.

Vera], está sentada à mesa de madeira na cozinha, junto a Matheus, terminando de fazer uma oração.

Nanda: Bom dia família linda! Ela cumprimenta sorrindo ao se ajoelhar na frente de Matheus para acomodá-lo melhor na cadeira de rodas.

Matheus: Bom dia maninha! Ele cumprimenta-lhe carinhoso, acariciando-lhe os cabelos.

Obrigado! Agradece-lhe pela ajuda.

Vera: Oi meu amor! Bom dia! Cumprimenta-lhe carinhosa com um sorriso lindo no rosto.

Ao se levantar do chão, Nanda dança na frente de Matheus, em volta de sua cadeira de rodas.

Ela canta, dança, em seguida o beija, e permanece de pé atrás da cadeira, lhe acariciando os cabelos.

Vera se levanta da cadeira, caminha até a pia, e em pé, encostada na beirada do balcão, em um coador de pano, ela coa um café preto, moído por ela mesma, e coloca no bule.

Amanda entra pela porta da cozinha; nas mãos, ela traz uma forma com as torradas que havia acabado de preparar no fogão a lenha, e lhe diz:

Amanda: Bom dia dorminhoca! Fiquei te esperando até tarde da noite para conversarmos e você nunca que chegava!

Nanda: Estava na casa do Gustavo resolvendo algumas coisas!

Amanda ao ver a roupa que Nanda está vestida, diz-lhe:

Amanda: Ei? Eu conheço essa roupa! Sua folgada! Essa blusa é nova, Nanda! E essa calça, eu usei apenas uma vez! Ela briga sorrindo.

Nanda solta uma gargalhada e diz-lhe:

Nanda: Amandinha, eu estou sem roupas! Por favor, não briga vai! Ela pede-lhe docemente.

Você nem sai de casa!

Amanda: Eu sei meu amor! Você sabe que tudo que é meu é seu também!

Quero saber das novidades...

Vera: Conta filha! E aí? Deu certo o financiamento da casa? Pergunta-lhe empolgada ao se sentar ao lado de Amanda.

Nanda: Sim! Vamos ao banco para assinarmos toda a papelada, hoje na hora do almoço! Ela conta-lhes com grande alegria.

Todos comemoram sorrindo, e se abraçam.

Vera: Senta para comer um pedacinho de pão caseiro com manteiga filha! Final de mês você sabe como é... Peguei também um dos bolos da venda para tomarmos café!

Nanda: Dias melhores virão mamãe! Vou começar a trabalhar hoje, irei receber um bom salário, e aos finais de semana, continuo com a venda dos docinhos nas ruas e, assim, consigo ajudar um pouco mais nas despesas da casa!

Vera: Eu creio que virão! Mas agora você precisa pensar nos preparativos do casamento filha! Você sonha em se casar com o Gustavo, formar a sua família e ter os seus filhos!

Nanda: Sim mamãe, mas eu sonho em poder ajudá-la também!

Amanda: Esse mês começa a colheita da mandioca, eu vou ajudar a mamãe e vamos até a cidade vender! Você precisa realizar o seu sonho de se casar Nanda!

Nanda: Ao mesmo tempo que quero me casar, eu... Não saberei se irei conseguir ficar longe de vocês! Ela fala com grande emoção.

Vera: Oras filha! Você virá aqui quando quiser! O amor de vocês é tão lindo! Foram feitos um para o outro!

Nanda: Ah mamãe, eu o amo tanto! Ela fala ao sorrir, apaixonada!

Hoje nós iremos a consulta médica, com o neurologista, as meninas conseguiram antecipar!

O Gu é muito teimoso mamãe! Você acredita que trabalha na área da saúde, e odeia ir ao médico!

Essa dor de cabeça dele que não sara! Ela fala preocupada ao passar as mãos no rosto.

Vera: Deve ser a preocupação com a compra da casa filha! Você vai ver, assim que vocês assinarem os papéis ele vai ficar mais tranquilo e tudo ficará bem! Tenha tenha fé em Deus! Ela fala ao se levantar da cadeira e acariciar o ombro de Nanda.

Nanda: Eu nao vejo a hora de fazer amor mamãe! Ela fala ao soltar uma gargalhada.

Amanda: Eita fogo na pirikita! Sossega o facho hein, segurou até agora, segura até o casamento sua doida!

Matheus: Vai começar as conversas doidas!

Em paz e harmonia, os quatro tomam o café e conversam sobre o casamento, vestido de noiva e planejam até uma pequena festa para os amigos mais próximos e familiares.

Nanda: O Gu tá chegando aí! Ela fala ao ouvir o barulho do fusquinha que estala o escapamento enferrujado quando para.

Matheus: Da porteira principal já da pra saber que é ele! Esses estalos são inconfundíveis! Ele fala ao soltar uma gargalhada.

Vera: Filha, pede para ele descer um pouco!

Nanda: Já estamos atrasados mamãe! Hoje é o meu primeiro dia no trabalho!

Vamos Maninho, é dia de fisioterapia! Ela fala ao empurrar Matheus na cadeira de rodas.

Amanda: Deixa eu ir falar oi pro meu cunhado gato! Ela fala carinhosa, ao se levantar da cadeira com o pé amarrado com arame.

Amanda abre a porta da casa e corre para cumprimentar o cunhado que está encostado no carro.

Amanda: Oi príncipe! Ela o cumprimenta sorrindo com um abraço apertado e carinhoso.

Gustavo: Bom dia minha princesa! Ele a cumprimenta com um sorriso lindo, em seguida beija-lhe o rosto.

Cadê a minha Rainha? Ele pergunta-lhe apaixonado pela sua amada.

Amanda: Tá vindo aí! Parabéns pela conquista da casa! Vocês são merecedores!

Gustavo: Obrigado Amandinha! Eu não vejo a hora de me casar com a sua irmã! Ele fala apaixonado.

Nanda abre a porta de madeira da sala; sorrindo e apaixonada, corre em direção ao seu amado!

Ele a olha apaixonado, acaricia-lhe o rosto e expressa um sorriso lindo.

Ao pular em seu colo, Nanda, acricia-lhe o rosto e mergulha profundamente dentro daqueles olhos azuis.

Nanda: Eu te amo... Te amo... Ela fala ao encher-lhe de beijinhos.

Gustavo: Eu também minha princesa! Ele fala com um sorriso lindo ao acariciá-la.

Matheus: Ei! Me ajudem aqui! Ele grita sorrindo.

Gustavo: Amor, o Matheus! Você o deixou na porta!

Eu vou lá buscá-lo.

Nanda: Eu te ajudo a colocá-lo no carro amor!

Vera caminha em direção a eles e os três colocam Matheus dentro do fusca.

Gustavo: Aí! Ele expressa dor ao sentir fortes dores na cabeça.

Amor tem remédio aí pra dor de cabeça?

Vera: Espera aí filho, eu vou buscar!

Nanda: Achei que tivesse melhorado as suas dores!

Gustavo: Não! Pelo contrário, as dores estão se intensificando a cada dia mais! Estou começando a ficar preocupado Nanda!

Nanda: Hoje iremos a consulta médica Gu!

Gustavo: Caramba... Esqueci a minha carteira em casa e o carro está acabando a gasolina. Ele fala ao colocar as mãos no bolso de sua calça.

Nanda: Mas você acha que dá pra chegarmos até um posto de gasolina? Eu tenho o dinheiro dos docinhos que vendi ontem!

Gustavo: Eu não sei! Eu tenho alguns pacientes para atender agora na parte da manhã e, estou esquecendo muitas coisas! É como se a minha memória estivesse desaparecendo.

Gustavo é Fisioterapeuta.

Vera: Creia que Deus, irá curá-lo filho!

Gustavo: Obrigado Dona Vera, mas você sabe que... Desde que a minha avó se foi eu não consigo mais acreditar em Deus!

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