Capítulo 19

Já faz um tempo que estamos viajando, a noite chegou e alguns soldados começaram a montar acampamento para podermos descansar.

- Senhorita, seu pai nos encarregou de cuidar da senhorita o tempo todo. - disse um soldado.

- Não se preocupe, sei cuidar de mim mesma. - eu disse.

- Certo, mas mesmo assim faremos a vigília noturna por precaução. - ele disse, fazendo uma reverência e se virando.

- A senhorita deveria descansar, já é muito tarde. Partiremos pela manhã, então aproveite. - disse Sara.

- Está bem, Sara, descanse agora, pode ir. - eu disse, enviando-a para outra tenda.

Amanhã enfrentarei meu destino. Se eu conseguir evitar todos eles, ficarei bem. Assim que tudo isso passar, poderei ter uma vida pacífica.

Agora é melhor descansar, não quero chegar ao ducado com sono.

(rugh!! rughg!!!)

Que diabos! Por que a marca começou a doer...? Ouvem-se vários murmúrios, até alguns gritos.

Saio da tenda para ver o que está acontecendo lá fora.

- Senhorita, volte para dentro, pode ser perigoso! - disse um soldado, me parando.

- O que está acontecendo? - perguntei confusa.

- Um lobo branco apareceu na colina, é só isso. Agora vá descansar, senhorita. - ele disse.

- Mas ele não atacou? - perguntei.

- Na verdade, não. Ele apenas ficou nos olhando. - ele disse.

Olhei por um momento para a colina e era verdade. Lá estava um lobo grande com pelagem branca nos observando... mas seus olhos estão mais voltados para mim.

É a coisa mais estranha que já vi... Sinto como se alguém estivesse me puxando para dentro.

- Senhorita, já é hora de dormir. Esse lobo irá embora em breve. O mais provável é que ele seja do Império Rousel. - disse Sara.

- A que você se refere? - perguntei confusa.

- Bem, ouvi dizer que esse império foi abençoado por um Deus, dando a eles o poder de se transformar em lobos. Cada pessoa que nasce naquele lugar tem o poder de se transformar em lobo, tanto homens quanto mulheres. - ela disse.

- Eu não sabia disso... - eu disse. Na história original, eles não contam sobre isso, mas sim sobre um mito de lobos... Mas o mais estranho aqui é que o Império Rousel é o império que declara guerra contra o império da história. É de lá que vem o imperador que se apaixona pela protagonista, mas foi morto por ela mesma.

Mas por que um lobo estaria aqui? Eles não pertencem ao outro império?

- É hora de dormir, então descanse. - disse Sara.

Eu não tive escolha a não ser ir para a cama... Vou deixar esse assunto de lado por enquanto.

(Na manhã seguinte)

Já estamos partindo. Eles empacotaram tudo e já estamos indo... Perguntei a alguns soldados o que tinha acontecido com o lobo e eles me disseram que ele ficou um bom tempo e depois foi embora.

Mas agora que me lembro, me pareceu ter sentido algo dentro de mim, não sei o que é, mas senti.

(Depois de um tempo)

Já estamos chegando, dá para ver a vila e alguns camponeses... Passando pela vila, dá para dizer que mudou um pouco, aumentaram mais coisas...

Finalmente chegamos! Depois de uma longa viagem, estamos no ducado. Ao sair da carruagem, vi meu pai em frente à mansão, junto com os criados.

- Bom dia, pai. - eu disse com uma reverência.

- Você está aqui, Dennis! Como você cresceu! Você não é mais uma garotinha, já está uma mulher! - disse meu pai, se aproximando de mim.

- É verdade, pai, não sou mais uma menina de 15 anos. - eu disse.

- Fico feliz que você esteja aqui, venha, vamos entrar. Você deve estar muito cansada da viagem. - ele disse, me indicando o caminho para que eu pudesse passar.

Vi a mansão. Nada mudou. Cada coisa que estava nesta mansão continua em seu lugar... Uma criada me acompanhou até meu quarto. Ao entrar e ver meu quarto, não havia nenhum vestígio de poeira ou sujeira.

- O duque sempre nos mandou limpar seu quarto, embora ele não fosse mais usado. - disse a empregada.

- Sério que ele fez isso? - eu disse.

A criada assentiu e depois saiu, me deixando sozinha aqui... Caminhei em direção a algumas gavetas e as abri. Como imaginei, estava lá o diário que usei quando passei meus primeiros anos aqui.

É este diário que me acompanhou por longos anos, em que eu não sabia o que fazer aqui, em um mundo que não é meu, mas mesmo assim estou vivendo.

- Senhorita, seu pai a manda chamá-la. - disse Sara.

- Está bem... Tire a tarde de folga, Sara. Você deve estar cansada. - eu disse, vendo as olheiras sob seus olhos.

- Obrigada, senhorita! - disse ela.

- Não precisa agradecer, você merece. - eu disse, para poder sair do quarto e ir para a escritório do meu pai.

(toc toc)

- Entre. - disse uma voz do interior da sala.

Abri a porta... Vendo aos poucos o interior, preocupada com o que está por vir, fiquei um pouco surpresa com quem é.

- Obrigado por vir, Dennis... Depois disso, você poderá descansar. - disse meu pai de seu assento.

- Quem é ele, pai? - eu disse, me dirigindo ao homem que estava ao lado do meu pai.

- Este é seu tio Dennis, meu irmão mais velho, Luis. - disse meu pai, me apresentando ao homem. - Eu o fiz vir por esta razão... Seu tio ficará por algumas semanas no ducado.

- Entendo. - eu disse confusa. Ele não é o pai da Rebeca? O que ele está fazendo aqui? Droga, a história mudou. O que eu devo fazer agora?

- É um prazer conhecê-la, Dennis. Seu pai me falou muito sobre você. - ele disse com um sorriso nada amigável.

Eu apenas sorri em resposta... Este senhor sabe que matei sua filha? E por falar em escória, o que aconteceu com a duquesa? Não a vi saindo daqui, vou perguntar por ela.

- Bem, se me dão licença, estou muito cansada. Vou me retirar para o meu quarto. - eu disse, fazendo uma reverência e saindo pela porta.

- Ela não tem disciplina? Você não a ensinou como se comportar na frente dos mais velhos? - disse o homem chamado Luis.

- Ela é minha filha, eu sei como educá-la e acho que ela não precisa de nada disso. Eu quero que ela seja como ela é. - disse o duque.

- Isso só lhe trará desonra e fofocas por parte das pessoas. - disse o homem.

- Eu não me importo, então espero que você também não se importe. - disse o duque.

- Não posso fazer isso, pense bem, irmão. Dennis já está crescida, já é hora de se casar e veja, ela está recebendo uma boa proposta de casamento! Nem todas conseguem ser imperatriz, além disso, essa posição também beneficiaria você e o nome da família. - disse o homem.

- Já chega! Não quero saber nada desse compromisso! Se ela não quiser, eu não vou obrigá-la! - disse o duque, erguendo um pouco a voz.

- Mas você sabe que é inevitável! Nossa família está associada a eles, não podemos simplesmente recusar, isso nos traria problemas! - ele disse.

- Não me importo com o que aconteça, protegerei minha filha! - disse o duque.

- Todos esses anos você tentou impedir esse compromisso, mas a única coisa que você conseguiu foi atrasá-lo. - ele disse.

- Bem, agora ela está aqui, ela poderá dizer que não. - disse o duque.

- Não pense que é tão fácil...

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