O juíz bateu o martelo e saiu. Os guardas detiveram as duas irmãs, tendo que aguentar os gritos e reclamações de Maria Lúcia, que chingava a irmã, se dizendo inocente e caluniada.
Na sala do juiz, os dois advogados eram interrogados pelo juiz furioso:
— Que palhaçada foi essa, pensam que o dinheiro público é capim e o tempo do juiz não vale nada? Me expliquem o que está havendo aqui.
— Em minha defesa, senhor, digo que não fazia a mínima ideia de quem era quem, já que a acusada estava desmemoriada. — disse o Dr. Arnold, advogado de acusação.
— E eu, excelência, tinha minhas desconfianças, mas cada vez que ia visitar a paciente, era impedido de ter contato com ela, pelo médico, que sempre alegava algum problema. — disse o Dr. Aragão, advogado de defesa.
— Essa foi a defesa de vocês e a defesa dela, quem faz? Como justificar que não verificaram quem era a acusada. Ela alega inocência, então quais as provas que a mantiveram presa?
— Ela foi detida em flagrante, acusada pela irmã e embora estivesse dentro do prazo de flagrante, ela havia sido sedada e estava inconsciente. Quando acordou estava desmemoriada.
— Eu sempre desconfiei de tudo isso e as provas da acusação são circunstâncias, o que pesa é o testemunho da irmã, que alega ter visto tudo. Mas agora, com a lembrança da minha cliente, fica a questão de quem diz a verdade.
— Tudo por conta de um médico.
O juiz expediu uma ordem de condução coercitiva para o médico, para que fosse levado para interrogatório, imediatamente, e que não permitissem que ele se ausentasse da cidade. Aquela história estava muito mal contada.
*
Maria Célia se lembrava de tudo o que aconteceu e estava muito desgostosa com sua irmã. Sempre foi prejudicada pelo comportamento da irmã gêmea e depois de separadas, só se viam uma vez por ano, quando Lúcia vinha ficar com o pai.
As duas irmãs moravam com os pais em um apartamento, na cidade grande e eram acostumadas a ouvir a briga dos pais, desde que eram crianças, até que se separaram, quando elas tinham 14 anos. O pai fez questão de ficar com Célia e Lúcia ficou com a mãe.
Depois de adulta, Célia entendeu o porquê da briga dos pais, que era por causa de Lúcia. Seu pai não aceitava o fato da mãe saber das atitudes erradas de Lúcia e passar a mão em sua cabeça. A questão era que Lucia sempre fingia ser Célia, quando fazia as coisas erradas e isso piorava a situação, pois Célia levava surras da mãe, por ser culpada do que não fez.
Célia
Para Célia, foi um alívio se livrar das artimanhas da irmã e viver tranquila no campo. Conheceu Flávio, seu atual advogado, na escola. Ele era seu vizinho e passavam muito tempo juntos. Quando sua irmã vinha passar as ferias com o pai, enganou Flávio e quando jovens, ela fez a tatuagem que as diferenciavam, para que Flávio não caísse mais nas artimanhas da irmã.
Flávio
Célia nunca visitava a mãe, pois seu pai não deixava, com receio do que Lúcia podia fazer, mas não percebia o que ela fazia, quando vinha passar as férias. O último ano que Lúcia foi passar com eles, foi antes de seu pai morrer, ela, como das outras vezes, se apoderou de suas coisas, quando ninguém estava olhando e se fez passar por ela. Foi embora e Célia não soube, exatamente, o que a irmã aprontou.
Os irmãos Fausto e Flávio Aragão eram vizinhos de seu avô, com um ano a mais do que ela, Flavio era alto, bonito e educado e conforme entraram na juventude, passaram a sair para cinemas, baladas e festas. Ela percebeu que Fausto, o irmão mais velho de Flávio, estava sempre a observar, mas não se aproximava.
Quando precisava, Flávio estava sempre predisposto a ajudar e parecia seu cavaleiro andante. Já Fausto, tratava-a friamente e mantinha-a à distância, era bonito, inteligente e muito cobiçado pelas garotas, por ser mais velho, mas não se misturava e nunca era visto com uma namorada.
Fausto
Fausto, depois que assumiu o grupo Aragão, como CEO, ficou mais frio e distante ainda. Flávio era mais descontraído, um bom amigo e Célia não sentia nenhuma atração por ele. Mas, ele, secretamente, era apaixonado por ela.
Formada em economia, Célia foi trabalhar na empresa das duas familias e gostou de interagir com Fausto, ele a tratava bem, embora continuasse agindo friamente. Às vezes, Célia notava que ele a olhava, mas desviava o olhar, quando ela notava.
Lúcia
Depois da última visita de Lúcia, Fausto passou a tratar Célia de forma diferente, com mais intimidade, como se fossem namorados, mas ela o afastou e ele esfriou novamente, sem entender e manteve distância, voltando ao seu ar taciturno.
Até o dia que seu avô a chamou para uma conversa. Ela bateu na porta e entrou:
— Sente-se, querida. — disse ele, sorrindo amável. Ele era sempre assim com Célia, mas não gostava de Lúcia, considerava-a muito dissimulada.
— Aconteceu alguma coisa, vovô?
Ela sentou-se, conhecia bem aquele lugar e seus esconderijos e estranhou a seriedade do avô, pois estava com 24 anos e nunca tinha visto seu avô tão sério e preocupado.
— O que vou lhe contar, pode parecer fora do normal e até uma besteira, mas os anos passaram e as coisas se confirmaram.
— O senhor está me deixando preocupada, vovô.
— E é para ficar. Os homens de nossa família foram amaldiçoados e todos que não se casaram até os 25 anos ou se divorciaram, morreram.
— Isso me parece um tanto tolo, vovô.
— Escute. Até agora, foram só os homens, mas não sei se pode afetar as mulheres, mas é certo que vários casos aconteceram e aqui estão os estudos sobre isso. Uma das mulheres que se divorciaram, sumiu dentro desta casa.
O olhar e expressão de Célia, dizia exatamente o que ela achava daquela história: balela. Seu avô percebeu que não seria fácil convencê-la do que queria que ela fizesse.
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Atualizado até capítulo 74
Comments
Expedita Oliveira
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2025-06-15
0
Maria Helena Macedo e Silva
geralmente os irmãos se diverte em armar um para outro, mas tem momentos que certas armações acabam mal , mais pra quem recebe do que quem pratica...quando são gémeos aí que o estrago é maior e até irreversível.
2024-09-14
1
Celia Chagas
Nossa que irmã infernal 🤨🤨
2024-05-02
4