Irmãs de tragédias

Estou deitada ainda na minha escuridão, tanto dentro de casa como na minha alma.

Quando ouço batidas na porta.

Droga que saco ! Será que as pessoas não entendem que eu quero ficar sozinha ?

Anne por favor, abre sou eu a Helena, não estou passando bem, acho que meu bebê vai nascer, me ajuda !

Corro pra abrir a porta. Já com a dor apertando meu peito.

Ah senhor ! que não aconteça com ela o mesmo que aconteceu comigo.

Anne,me ajuda ! ela grita de dor.

Calma eu estou aqui e vou te ajudar.

Apoio ela até meu sofá e já ligo para o socorro.

Anne eu vou morrer !

Credo não fala isso amiga, vai ficar tudo bem ! Só respira e tenta se acalmar.

Não, Anne me escuta. É importante !

Eu sinto que não vou sobreviver e quero te pedir uma coisa.

Amiga se acalma, não vai acontecer nada com vc.

Me promete ?

O que ?

Que vai cuidar do meu bebê até o pai dele chegar ?

Ele respondeu suas cartas ? atendeu seus telefonemas ?

Não, mas eu sei que um dia ele vem !

Ah amiga!

Promete por favor !

Claro eu prometo que enquanto ele não vier eu tomo conta do bebê. Mas fica tranquila que não vai acontecer nada de ruim com você.

Anne me promete que não vai deixar ele em um orfanato como a gente ?

Claro que não ! fica despreocupada !

Ela grita de dor e eu vou a janela novamente ver se a ambulância está chegando.

Pronto Helena a ambulância chegou ! Vai dar tudo certo !

Depois de várias horas de agonia no hospital o filho da Helena nasce.

Olha amiga como seu filho é lindo !

Deixa eu segurar ele um pouco.

Ah meu anjo, mamãe não vai poder ficar com você, mas arranjei uma mãe muito boa pra você !

Não fala assim ! Daqui a pouco vocês estão juntos !

Não, Anne, vem aqui eu vou ditar uma carta pra você e depois assino.

Ela me pede pra escrever e eu escrevi chorando , as enfermeiras assinaram como testemunha.

A médica grita que não está conseguindo conter a hemorragia , que a pressão estava caindo, depois disso tudo ficou confuso, me tiraram da sala e fiquei no corredor pedindo a Deus que salvasse minha amiga !

Dois dias depois estava enterrando minha amiga, minha irmã de tragédias.

Nossas vidas sempre foram tão marcadas por acontecimentos trágicos que nos apoiamos em nossas tragédias

Conforme a vontade dela fui buscar o seu bebê no hospital e o levei para casa

Ah meu anjo eu vou cuidar muito bem de você !

O levei para casa dela , já que o quarto estava montado esperando o bebê.

Olha meu amor, como sua mãezinha era caprichosa , deixou tudo prontinho pra te receber.

Fico parada ali olhando o quarto, me lembrando do que eu perdi.

O bebê em meus braços começa a se agitar e eu vou tentar fazer uma mamadeira pra ele.

Calma meu amor eu já vou dar o seu mama.

Faço a mamadeira e tento dar a ele que grita sem parar, faço de tudo para acalma-lo e fazer com que ele mame, mas sem sucesso, tiro a roupa dele que continua chorando sem parar. Começo a ficar desesperada. Ele não pega a mamadeira de jeito nenhum !

Que tal um banho ? Vou te dar um banho bem gostoso pra vc se acalmar.

Droga ! Não tem banheira !

Vamos ter que usar o chuveiro mesmo !

Coloco o bebê berrando no berço tiro minha roupa e ligo o chuveiro, espero a água ficar morna e vou pegar o pequeno

Tá vendo meu anjo, que banho gostoso.

Estou com ele em meus braços e ele procura meus seios e acha e começa a mamar, e pela dor que estou sentindo, parece que tenho leite !

Ei garotinho esfomeado, achou leite aí ?

Ele continua mamando sossegado. Saio do banheiro e vou até o quarto.

Deixo que ele mame até cansar. Quando termina coloco ele pra arrotar, e pelo barulho acho que ele encontrou mesmo leite!

Olha meu lindo, você teve sorte desse leite estar aí pra você !

Fico olhando pra ele com lágrimas nos olhos pensando no meu bebê que nunca vai se alimentar dos meus seios !

Coloco ele no berço e vou procurar a tal carta que Helena disse que deixou para o pai do filho dela.

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