Capítulo 8 Feliz

Aurora

Deitada ao lado da perfeição de garoto, eu nem me lembrava que gostaria de conhecer o parque, é tudo tão quente e gostoso nos braços dele, que não quero estar em outro lugar. Os beijos dele, a forma que me toca, mesmo que apenas nas minhas costas, me deixa cada vez mais apaixonada, com o coração tão quentinho, que é como se não houvesse amanhã, ou outro lugar que superaria estar aqui.

Fechei os olhos e me aconcheguei no peito dele, inspirei o seu cheiro, suave, que me lembrava a maresia. Não sei quanto tempo ficamos deitados ali, só sei que quando resolvemos levantar, a tarde já estava no fim. Comemos algumas coisas, depois ele guardou tudo e levou para o carro, quando voltamos fomos direto para as esculturas de Nárnia. Como Benjamin presta atenção aos detalhes e procura fazer os meus desejos em simples gestos, é um ponto forte para eu o admirar mais. A elegância que ele possui, a forma educada e gentil, até parece que saiu de conto de fadas, porque ele tem todo o requinte de um príncipe encantado.

Andamos pelo local, de mãos dadas e roubando beijos um do outro, como um casal de adolescentes. Quando voltamos para o carro para ir embora, o encarei e ele é tão lindo e fofo, que eu não sei como ele ainda podia ser virgem.

— Beny...— hesitei.

Ele me olhou intensamente.

— Você é tão lindo, gentil... Como nunca ficou com uma garota?

— Bom, eu fiquei com algumas... Mas nunca me relacionei o bastante para chegar nesse patamar da relação. Nunca tive sexö como algo banal, eu quero que seja algo especial e duradouro. Meu pai me ensinou, que se desejo ser feliz, tenho que aprender a tratar uma garota com dignidade, então, a felicidade sempre será plena. Um pouco antiquado para os dias de hoje, mas valeu muito para meus pais, e irmãos. Eu quero isso para minha vida, sabe? Me realizar profissionalmente, é muito bom e necessário, mas nada supera ter uma família, alguém com quem compartilhar seus sonhos e acima de tudo, fazer desse alguém, a pessoa mais feliz, porque é a lei da semeadura, se eu planto boas coisas, colho boas coisas. Esse dizer, já é da minha mãe, palavras do meu avô.— ele sorriu.

— Sabias palavras, Beny. Eu compartilho desses pensamentos, sempre valorizei a família, amo a minha. As vezes as formas do amor é estranha, mas o importante é que sempre dá certo.— falei me lembrando da minha própria história.

— O que quer dizer com as "formas do amor"?— ele Indagou curioso.

— Meus pais, eles se conheceram de uma maneira bem diferente. Eu vim por meio de uma inseminação. Meu pai pagou para minha mãe ser barriga de aluguel. No entanto, se apaixonaram e se amam muito. Isso não é atípico? Dezoito anos de puro love, chego a ficar enjoada!— concluí revirando os olhos.

— Sei como é!— ele deu risada.— Acabou de descrever meus pais, exceto pela forma "atípica", se conheceram naturalmente.

— Qual a história dos seus pais, amo ouvir um romance!— perguntei curiosa.

— Daria um livro!— ele riu.— Meu pai ficou viúvo com 40 anos, ele tinha duas filhas desse casamento. Minha mãe também já foi casada, com um traste que a traiu e pediu divórcio, e tinha um filho. O bistrô dela fica próximo do hospital que meu pai trabalha, se tornaram amigos e uma coisa levou a outra. Superaram muitas coisas juntos, somos todos como irmãos do mesmo pai e mãe. O Ainden tem uma admiração enorme pelo meu pai, tanto que até seguiu a profissão. Minhas irmãs são super amigas da minha mãe. A mais velha, a Holly, tem um filho de 10 anos, Bernard. Sinto saudades daquele garoto, somos apegados. A Hope é uma solteira aventureira, é professora de educação física e treinadora de time de futebol feminino de campo. O Ainden também tem um garotinho, fez três anos na semana passada. É estranho acompanhar o crescimento de longe, o pequeno David mal andava quando vim para Inglaterra, agora corre e fala de tudo. Amo crianças, quase optei por ser professor, mas preferi seguir o meu sonho de infância.

Ficaria horas ouvindo ele falar, meu pai sempre disse, se o garoto ama a família e a trata bem, vai ser bom para você. Até com crianças ele se dá bem? Que perfeição!

— Seu sobrinho mais velho tem a idade da minha irmã caçula. Não tenho essa facilidade com crianças, eu acho... Na verdade acho que não sei... Não convivo com bebês ou crianças pequenas para saber...— falei pensativa.

— Quando bebês, é uma das melhores fases. São cheirosos e tão frágeis, só dormem e mamam. Cada movimento, sorriso... É uma expectativa do que ele fará amanhã. Já segura um objeto? Sorri quando falamos? Vira na cama? É muito legal.— ele falou sorrindo.

— Cuidou dos seus sobrinhos?

— Claro! Eu fazia tudo, dava banho, trocava as fraldas fedidas. Várias vezes fiquei sozinho com o Bernard, quando estava de folga. Somos amigão, só onze anos de diferença.— ele falou todo orgulhoso.

— Ele deve sentir muito a sua falta. Um tio que é como um irmão.— comentei.

Ele assentiu e suspirou.

— Sim, me liga quase todos dias de noite. Me cobra voltar. Nas férias de verão eu fiquei por aqui, trabalhando e acabei não indo pra lá. Meus pais vieram me ver, mas meus irmãos não puderam. Agora só em dezembro. Essa é a parte mais difícil, ficar longe de quem amamos.— ele levantou a sobrancelha.

— Sei que eles estão longe, mas fico feliz por ter a chance de te conhecer. É um garoto excepcional, Beny. Vou adorar conhecer sua família um dia. Estou longe dos meus pais há apenas uma hora de carro, e já sinto saudade.

— Seus pais estão em Londres?

— Sim, moro lá desde que me conheço por gente.

Ele assentiu e deu partida no carro. Voltei a ligar o som, estava muito feliz, com certeza o dia entrou no top 10 dos melhores da minha vida.

— Beny... Pretende ficar aqui depois que concluir o curso?— perguntei com medo da resposta.

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