Benjamin Backer, 21 anos
Observei que Aurora mudou o seu comportamento, o sorriso leve se foi, e no seu rosto uma expressão tensa e pensativa ganhou lugar. Pensei nas minhas palavras anteriores, procurei algo que eu talvez tenha proferido sem pensar e a magoado.
— Me perdoe se me excedi nos meus comentários, eu espero não tê-la magoado.— falei preocupado.
Ela piscou os olhos, me encarou e suspirou, como se estivesse acordando de uma alucinação.
— Desculpe... Eu fico distraída às vezes... Não me magoou em nada, te achei muito gentil. Fico feliz que tenha entrado em um hotel de luxo, está gostando de trabalhar lá?— ela voltou a falar.
— Estou gostando muito! A gente estuda e visita hotéis desse porte, mas trabalhar num hotel como aquele é indescritível. A gerência, a organização, a educação e etiquetas, todo luxo e requinte, gastronomia de alto padrão... já estou há 10 meses lá e ainda me pego observando os detalhes da arquitetura, toda beleza e inspiração dos castelos europeus naquele hotel. O salário é razoável ao cargo, e só de desfrutar daquela vista, já considero um preço mais do que justo.— falei sem dificuldades, estava na minha área de assunto.
— Gosta mesmo desse ramo, fiquei admirada com a facilidade e o fascínio que descreveu os detalhes.— ela sorriu.
— Tenho esse fascínio pela Europa, amo esse ar dos séculos passados, castelos, as histórias de reis, duques, marqueses... Minha paixão desde que me conheço por gente.— respondi com um sorriso.
— Conheço bem a Europa, é linda. Já visitou outros países?— ela perguntou.
— Ainda não, eu só visitei algumas cidades e Londres, não tenho dinheiro pra passear ainda.— dei risada.
Ela apenas sorriu, Aurora estava mais quieta, e eu estava me sentindo nas nuvens por conversar com ela, não queria encerrar o assunto, a garota dos meus sonhos havia me notado, tinha que deixar a minha timidez e mostrar interesse.
— É inglesa?— perguntei.
Certamente não é melhor forma de abordagem, mas como já havia falado de onde eu sou, acho que não é invasivo perguntar.
— Não. Sou espanhola, nasci em Madri.— ela sorriu.
— ¿Una chica de Madrid? ¡Estoy encantado!— tentei a impressionar.
— ¡Ay Benjamín! ¿Buscas impresionar a una chica?
Fiquei boquiaberto com a facilidade na língua, ela conversava inglês muito bem, como uma inglesa, mas dominava o espanhol de maneira esplêndida.
— Qual é a sua língua real? inglês ou espanhol?
— Nenhuma das duas.— ela deu risada.
Arregalei os olhos, incrédulo.
— Francês?— arrisquei.
— Falo o básico de francês e italiano. A língua que converso com a minha família é português. Meu pai é de Portugal e minha mãe brasileira. Bom, meu pai é gerente de hotel, aprendi com ele.— ela concluiu desviando o olhar.
— Então quis seguir os passos dele.
— Exatamente, mas não como obrigação, eu admiro muito meu pai e sempre me vi seguindo esse ramo.— ela encolheu os ombros.
— Engraçado você dizer isso, na minha casa, meu pai é cirurgião e veio de uma família de médicos, e no entanto, nenhum dos filhos de sangue seguiu essa profissão, apenas o meu irmão, que não é filho dele, apenas por consideração.
— Tem um pai cirurgião e um irmão também?— ela indagou admirada.
— Sim, meu irmão é cirurgião cardíaco, meu pai é cirurgião do trauma.
— É o caçula da casa?
— Caçula bem caçula, minha irmã mais nova tem 31 anos e a mais velha tem 37.
— Quantos anos você tem?
— 21.
— Como é ser caçula? Eu sou a primeira da casa, tenho duas irmãs mais novas.— ela perguntou curiosa.
— Poderia fazer a mesma pergunta, como é ser a primogênita?
Demos risada.
— Eu sempre fui visto como o bebê da casa, e como nasci com algumas dificuldades, toda família me trata como um boneco de vidro. Foi difícil convencer eles de que queria mudar de país, quando a carta da universidade chegou, informando que havia sido aceito na Oxford, todos choraram emocionados, um pouco pela minha conquista e outro tanto por serem obrigados a me deixar partir. Foi difícil nos primeiros meses, sempre fui apegado com a família, estar sozinho num lugar desconhecido foi um desafio. Mas precisava disso, provar a mim mesmo que sou capaz, essa é minha luta diária.— confessei.
— Também sou apegada a família, mesmo estando há um pouco mais de uma hora dos meus pais, eu já acho difícil, imagina estar em outro continente. Sinto falta até das minhas irmãs me irritarem.— ela falou divertida.
— É difícil, mas com o tempo fica menos dolorido. Fui em dezembro ver minha família, e voltar, não foi tão difícil como sair pela primeira vez. Esse lugar está se tornando meu lar, não posso evitar.
Uma das amigas dela se aproximou e a chamou para ir. Ela assentiu para amiga e se levantou.
— Foi um prazer falar contigo, Benjamin. — ela sorriu.
Me levantei e me forcei a tomar uma postura de homem confiante, se não quisesse que ela continuasse sendo meu amor platônico, tinha que flertar e mostrar interesse.
— O prazer foi todo meu, senhorita. Posso te levar para um almoço qualquer dia, gostei de conversar. Pode me dar o número do seu celular?— usei toda minha coragem para dizer essas poucas palavras.
A amiga dela, não escondeu o sorriso malicioso, mas eu nem me importei.
— Claro!— ela pegou o celular que eu já havia pego do bolso e desbloqueado.
Com um sorriso gentil, ela digitou o número no meu celular e enviou uma mensagem a ela mesma, me provando que estava feito. Me devolveu o celular e piscou.
— A gente se vê, Benjamin!
— Até logo!
Fiquei observando ela sair, sem acreditar que o destino acabou me jogando ela duas vezes em um só dia. Desde que as aulas iniciaram, me perco a observando falar com os amigos, e esqueci a quantidade de vezes que me peguei procurando por ela na universidade. Ver ela sorrir toda descontraída, os movimentos graciosos, o balanço dos cabelos castanhos escuros, embelezando ainda mais o rosto de anjo, tem feito os meus dias melhores, e meu tormento nas madrugadas. Nutri por ela uma paixão secreta, não pude evitar.
Como é meu dia de folga, aproveito para estudar e fazer trabalhos na biblioteca, as aulas estão tranquilas ainda, mas com a dificuldade que tenho em aprender, meu esforço tem que ser dobrado em relação aos alunos normais, para que eu possa acompanhar no mesmo ritmo. Saio da universidade já está escurecendo, passo no mercado, compro algumas coisas e vou até o apartamento que aluguei. Não é um lugar luxuoso, ou o melhor de Oxford, mas gosto daqui, os apartamentos são pequenos, mas são bem aconchegantes e cuidados, os donos estão sempre passando por aqui, a dona é uma senhora amável, que ama flores e jardim, o que tornou o condomínio um ambiente excepcional e cheio de vida. Para um jovem solteiro como eu, achei o lugar perfeito.
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Atualizado até capítulo 62
Comments
Taty
os pais dele também são ricos , só não milionários como os pais dela
2024-12-30
0
Anatalice Rodrigues
Adorei eles se conhecendo. Vamos pra frente. Na expectativa dos próximos capítulos /Facepalm/
2024-12-01
1
Rosiane Rocha
caramba, esqueci q ele era filho do maverick,
2024-11-10
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