Amor Especial
Aurora Borges da Gama,18 anos
Acelerei o carro pelas ruas de Oxforshire até me deparar com uma "tartaruga" do trânsito. Dei sinal e fiz de tudo para ultrapassar, mas o motorista parecia testar a minha paciência (o que não é muita). Buzinei, mesmo sabendo que estava excedendo minhas atitudes nas avenidas movimentadas.
Será que ele não vê que estou atrasada?
Bastou uma brechinha e saí em disparada. Me senti satisfeita pelo meu carro pequeno e econômico, sempre me ajudava nesses momentos.
Pensar em como consegui esse carro, não tinha como esquecer o drama. Meus pais queriam me dar o melhor carro, o maior e mais luxuoso apartamento, seguranças e empregados, quando tudo o que queria, era ser uma garota normal. Não queria adentrar na universidade de Oxford, cursar hotelaria, e impressionar as pessoas ao meu redor pelo poder aquisitivo e herança que me aguardam no futuro. Queria apenas ser uma garota comum, que inicia sua jornada e aspira muitos sonhos.
Foi bem difícil convencê-los, quis escolher um carro popular e um apartamento pequeno. Foram meses de muita conversa e promessas, mas os convenci.
Entrei na universidade e rapidamente, estacionei e saí do carro, no banco do passageiro estava uma pilha de cadernos e livros, que eu não saberia dizer qual usaria hoje. Enquanto pegava minhas coisas, me arrependi amargamente em ter colocado o modo soneca por mais dez minutos e ainda por cima me distrair nas redes sociais. Fazer o quê? Sempre fui assim, distraída, desorganizada, e atrasada.
Com dificuldade coloquei a mochila no ombro, peguei os cadernos e livros, e saí andando a passos largos. Já tinha quase dois meses de aula, e ainda não havia alugado um armário e nem decorado os dias das aulas (na verdade acho que nem tenho anotado).
Bom, essa sou eu, amo tudo o que faço, sempre quis cursar hotelaria e seguir nos negócios do meu pai. Mas tenho que confessar, não sou parecida com meu pai em nada, enquanto ele é metódico e analista, eu sou desorganizada e distraída. Minha única vantagem é a facilidade em conversar, minha empatia com as pessoas, além de ter um dom natural em cativar as pessoas ao meu redor. Qualidades que meu pai, (por mais amoroso e maravilhoso que seja com a família) não possui com as pessoas que não conhece. Estou contando com meu charme e jeito divertido, para superar meus defeitos.
Fui correndo pelo corredor, não podia perder o início de outra aula, sem prestar atenção, esbarrei em um rapaz, o que fez todos meus livros caírem, além de se misturar com os dele.
— Puxa, moço! Me perdoe!— falei me agachando e procurando pegar os livros do chão.— Sou muito desastrada...
O rapaz foi pegando um livro ali, outro acolá, em silêncio. Ele não me encarava, o que me intrigou, devia estar muito bravo comigo. Me senti mal. Usei toda minha concentração, juntei tudo e tentei separar os livros. Como eu poderia nem identificar o que era meu?
Com muita atenção e cuidado ele foi separando o que era dele e o que era meu. Me levantei e busquei os olhos dele, mas ele não me encarava.
— Moço, me perdoe, eu não tinha a intenção de derrubar seus livros... Espero que não fique bravo comigo...— falei apreensiva.
Ele finalmente me encarou, os olhos azuis me impactaram, eram lindos. Apesar do rosto jovem, ele não tinha traços de adolescente, como os garotos que me rodeavam, e sim de um homem.
— Sem problemas, senhorita. Acidentes acontecem. Fique tranquila, está tudo bem.— ele deu um sorriso tímido e desviou o olhar.
Nas poucas palavras notei o sotaque americano, o garoto não era daqui. Pensei em perguntar, mas ele já havia dado as costas e saiu andando. Fiquei paralisada no corredor, até ouvir um rumor de alunos.
Droga! Perdi a primeira aula!
Beverly veio até mim balançando a cabeça em negação.
— O que foi dessa vez? O trânsito? Ou o óbvio, dormiu demais?— Bevy arqueou a sobrancelha desconfiada.
— Dormi somente dez minutos a mais! O suficiente para atrapalhar toda minha manhã...— suspirei frustrada.
— Não perdeu muita coisa... A aula estava entediante.— Bevy revirou os olhos.
Beverly é uma das amizades que adquiri por aqui, meus amigos sempre foram em grande quantidade, e não tenho dificuldade em fazer novas amizades. Mas dentre todos, tem a Becky, ela é a minha amiga fiel, infelizmente está na cidade que meus pais moram, fomos separadas pela força das circunstâncias, universidades diferentes. Ainda assim, não deixamos de conversar um dia sequer.
Fomos tagarelando para o banheiro, depois voltamos para extensa sala de aula. A manhã continuou normalmente, no horário do almoço, a mesa que sento sempre é lotada, cheia de conversas e risadas. Os garotos, tem a tendência em me dar atenção, com interesses que não estou disposta a entregar. Eles pensam que por ser falante e popular, sou do tipo fácil, ou que saiu ficando com os garotos populares. Se enganam, pois para isso, eles não conhecem a verdadeira Aurora.
Liam é o mais sedutor e charmoso, pensa que com seu topete loiro e bem penteado, seu carro esportivo e apartamento na cobertura, pode tudo, inclusive as garotas que quiser. Desde que ele colocou os olhos em mim, tem investido tempo e presentes caros para me impressionar. Mal sabe ele, que toda essa riqueza que ele ostenta, meus pais me dão em dobro. Mas gosto de me manter assim, ser vista como uma garota comum.
Em meio às nossas conversas, observei que o garoto que havia esbarrado no corredor, estava passando com a bandeja de almoço. Quando ia abrir a boca para chamá-lo para sentar, ele tropeça e a bandeja cai sua mão, causando um estrondo seguido de um silêncio. Bastou o Liam e seus companheiros rirem, para eu saber que haviam colocado o pé na frente do coitado. Fiquei chocada com cena, todos riam alto, e o chamavam de "esquisitão", "débil mental da América", e outros "elogios" nada agradáveis. Ele se abaixou em silêncio, tentando juntar as coisas na bandeja e arrumar a bagunça. Liam chutou a bandeja para longe, fazendo meu sangue ferver nas veias. Odeio injustiças!
Me levantei rapidamente, ninguém se compadeceu do garoto, apenas riram descontrolados. Fui até a bandeja e peguei do chão, me aproximei do rapaz.
— Está tudo bem?— perguntei buscando fitar os olhos dele.
Ele estava com o rosto vermelho, e não era de raiva, parecia bem constrangido e envergonhado. Não revidou, não disse uma palavra, ficou estranhamente em um completo silêncio.
— Tá com dó do Esquisitão? Se toca, Aurora!— Liam debochou.
Olhei para Liam, e se existisse poder de visão a laser, certamente teríamos um Liam torrado.
— Como pode ser tão insensível e infantil? Você me dá nojo! Nunca mais se aproxime de mim!— esbravejei.
— Calma, gata! Ele é um Zé ninguém, larga disso!— ele sorriu debochado.
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Atualizado até capítulo 62
Comments
Joselma Trajano
eu estou relendo mais uma vez, pq amei
2024-08-24
0
Wal Laranjeira
Começando a lê hoje 21/08/24
2024-08-24
0
Naizete Bezerra
começando 18082024/Rose/
2024-08-19
0