Capítulo 04: Decision

...ADAM MILLER...

Isadora dorme tranquila nos meus braços, encolhida contra meu peito no sofá da sala. A TV segue ligada em um desenho infantil, o som baixo preenchendo o silêncio da noite. Mas minha mente está longe dali, ocupada demais com o contrato que os Cooper colocaram na mesa.

Não seria um trabalho ruim. Afinal, não é todo dia que se tem a chance de proteger alguém cuja vida realmente está em risco. E quando esse alguém é a filha de Henrique Cooper — o homem por trás do maior império tecnológico do mundo — a responsabilidade dobra de peso.

Talvez eu aceite. Mas se a própria cliente não aceitar minha proteção, não serei eu a forçar nada. Se ela não quer ser protegida, quem sou eu para contrariar?

Levanto devagar, seguro Isadora com cuidado e a levo para o quarto no andar de cima. Ao abrir a porta, sou recebido por uma explosão de rosa que quase cega meus olhos. Minha filha é apaixonada por essa cor, e fez questão de transformar o quarto inteiro em um templo rosa. Sorrio sozinho, ajeito-a na cama e beijo sua testa antes de sair.

Do lado de fora, encontro minha mãe no corredor.

— Então, filho? Já se decidiu?

— Vou até lá amanhã. Mas não vou prometer nada.

— Boa sorte. Espero que sua patroa não seja tão difícil quanto dizem.

— Então você também já ouviu falar dela?

— Quem não ouviu? Chloe Cooper aparece em toda propaganda do novo celular.

Dou um beijo em minha mãe, sigo para meu quarto e deixo o peso do amanhã me acompanhar até o sono chegar.

...[···]...

No dia seguinte, estou parado diante da mansão dos Cooper. Luxo é pouco para descrever o lugar. Não é surpresa, considerando que aquela família figura entre as mais ricas não só de Los Angeles, mas do mundo.

Aperto a campainha. A câmera se acende, alguém confirma meu nome e o portão se abre com um clique metálico.

Um homem vem me receber na entrada.

— Olá! O senhor deve ser Adam Miller, certo?

— Sou eu mesmo.

— Prazer, sou Afonso, chefe da segurança. Venha comigo, o Sr. Henrique está aguardando.

Caminhamos pelo jardim até uma piscina de borda infinita que parece se perder no horizonte. Henrique Cooper está ali, drink na mão, relaxado demais para um homem cuja filha está sob ameaça.

— Adam! Que bom que veio. Prefere conversar aqui fora ou no meu escritório?

— Onde preferir, senhor.

— Vamos para dentro, então.

Ele me guia até o escritório e pede que eu aguarde alguns minutos. Quando retorna, se acomoda atrás da mesa de mogno e vai direto ao ponto.

— Aceita alguma coisa?

— Não, obrigado.

— Então vamos ao assunto. Como lhe disse, minha filha vem recebendo ameaças. Muitas. E ela continua teimando, se recusando a acreditar, mesmo depois de ter sido atacada.

— Se ela não quer proteção, o que faz acreditar que mudará de ideia?

— Ainda não sei. Mas vai ter que aceitar, queira ou não.

— Senhor, sua filha não é mais criança. Está ciente do perigo e mesmo assim insiste em se expor.

— Eu já disse isso a ela. Mas, Adam, por favor... — ele se inclina para frente, a voz mais grave. — Preciso que proteja minha filha.

— Que tal conversarmos com ela primeiro? A senhorita Chloe precisa estar ciente de que terá um guarda-costas.

— Vamos falar com ela, claro. Mas se você aceitar, ela vai ter um guarda-costas. A opinião dela é irrelevante.

Fico em silêncio por alguns segundos. Henrique é implacável. A filha pode ser mimada, ousada e prepotente, mas para ele isso não importa: ela vai ter proteção, queira ou não.

— Ok.

— Vamos lhe enviar o endereço da casa dela. Esteja lá amanhã, no mesmo horário.

— Estarei.

— Perfeito. Caso aceite, passo todos os detalhes depois.

Ele me acompanha até a saída. Quando deixo a mansão, só consigo pensar no desespero daquela família. E desespero... sempre significa que a situação é mais séria do que aparenta.

...···...

...E então? Vocês acham que eu vou aceitar?...

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