Capítulo 03: Events

...CHLOE COOPER...

Eu sou o tipo de pessoa que não segue regras, a não ser quando elas são criadas por mim. Odeio que meu pai insista em me encher de seguranças. Nada chama mais a atenção da imprensa do que uma fila de brutamontes andando atrás de você. Resultado: fofoca na certa.

Hoje, Alex me arrastou para a exposição de uma “colega” dele, a excelentíssima artista Emily Grill. Recebemos o convite e, mesmo sem vontade alguma de ir, achei que seria bom sair de casa.

Assim que chegamos, fotógrafos se acotovelam para captar cada passo nosso. Sorrio para as câmeras, faço as poses de praxe e entramos. Confesso, Emily até leva jeito para a coisa, mas não sou do tipo que distribui elogios facilmente.

Enquanto eu conversava com alguns conhecidos, observo Alex à distância. Ele está perto da anfitriã, ousado demais para o meu gosto, e ela, claro, não perde a chance de tocar nele sempre que pode. Não me surpreenderia se descobrisse que me trai.

— Ou você não sente nada por ele, ou é muito bem-educada. — comenta uma voz ao meu lado.

Viro o rosto e encontro uma socialite conhecida: esposa de um magnata investigado por corrupção, que desfila como se fosse um troféu. Reviro os olhos. Nem me dou ao trabalho de responder.

Pego uma taça de champanhe e vou para a área externa. Preciso de ar. Essas últimas semanas têm me esgotado: as ameaças, as noites mal dormidas, a pressão do trabalho... Não é só físico, é psicológico.

Olho para o céu, encontro conforto nas estrelas — algo que faço desde criança. Mas meu momento de paz é interrompido por um alvoroço.

— Vai embora, me deixa em paz! — uma garota se debate contra um homem visivelmente bêbado.

— Me dá logo esse dinheiro, ou você sabe do que sou capaz.

— Tudo bem... — ela tira algumas notas do bolso, a voz trêmula. — Isso é tudo que tenho.

Ele resmunga, reclama do valor e vai embora cambaleando.

Eu poderia simplesmente ignorar. Nunca gostei de me meter onde não sou chamada. Mas, por mais que me pintem de monstro, não sou tão indiferente quanto pensam.

— Você está bem? — pergunto, aproximando-me devagar.

— Estou. Com licença. — ela tenta fugir.

— Ei, espera. Quem era ele?

— Meu namorado.

— E como se chama?

— Hanna, senhora.

— Hanna... Se ele é tão agressivo, por que não o denuncia?

— Não, o Apollo é uma boa pessoa. — diz, e eu quase rio de ironia.

— Sim, percebi. Um verdadeiro cavalheiro.

— Ele só fica assim quando bebe. Vai passar.

— Você merece alguém melhor. É bonita demais para se sujeitar a esse tipo de lixo.

Ela abaixa a cabeça. Hanna é jovem e tem traços lindos, mas está desgastada: cabelos embaraçados, roupas rasgadas, olhar cansado.

— Pessoas como você nunca vão entender.

— Pessoas como eu? — arqueio a sobrancelha.

— Sim. Bem-sucedida, rica, respeitada. Você tem meios, privilégios. Eu não. Eu não sou como você.

— Eu te entendo mais do que imagina...

— Não, não entende. Como alguém como você poderia entender os sacrifícios que faço? Você tem tudo. Sua vida é perfeita.

— Está enganada.

— O seu marido bate em você? Rouba o seu dinheiro? — ela pergunta, e eu nego. — Eu trabalho numa lanchonete de dia, sirvo em lugares como este à noite. Enquanto isso, você desfila com seu noivo em festas luxuosas.

Antes que eu possa responder, ouço a voz de Alex ao longe.

— Amor!

Claro. Ele deve ter me procurado achando que eu estava com outro.

— Vamos? — ele pergunta quando se aproxima.

— Vamos, sim. — volto-me para Hanna e entrego meu cartão. — Qualquer coisa, me ligue.

Ela concorda em silêncio. Eu sigo com Alex até o estacionamento, cercada pelos seguranças dele e pelos que meu pai insiste em me enfiar goela abaixo. Tento me livrar deles sempre que posso.

Porque não importa o que digam — ser seguida o tempo todo é sufocante.

···

Pegaram a referência?

Diálogo tirado da série turca( Dizi) ILUDIDA.

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