As desconfianças aumentam

Já estava pensando onde eu iria pedir emprego depois desse caos que criei na minha vida. Quem manda pensar que pode beber para esquecer os problemas, acabei encontrando ainda mais problemas.

— Então, queria explicar algo que talvez você esteja entendendo errado, pelo seu nível de agitação. Não aconteceu nada entre nós dois. Você ficou bêbada, disse que não tinha casa, as suas amigas estavam bastante animadas e eu já estava indo embora. Como minha casa é grande, tem vários quartos, achei que seria mais seguro levar você ao invés de te deixar nesse estado em um hotel sozinha. Me desculpe se passei dos limites. Além disso, eu não poderia ter feito nada com você mesmo que eu quisesse muito. — Dylan explicou. Só Deus sabe o tamanho que senti de alívio ao ouvir aquilo.

— Sim, que idiota eu fui. Eu agradeço. Não sei o que estava na minha cabeça. O senhor tem uma namorada lindíssima e rica. Não fazia nenhum sentido se envolver comigo. Desculpa ter pensado algo tão surreal. — Me senti envergonhada por ter pensado aqui.

— Não, Amanda. Eu não poderia ficar com você, porque tinha ciência que você não queria. O tempo inteiro dentro do carro você dizia que eu era lindo e gostoso demais, mas jamais tocaria em mim. Que tem valores que são mais importantes que o prazer momentâneo. Depois de ouvir um pensamento tão sincero de uma mulher completamente bêbada, que mesmo assim, estava agarrada aos suas ideias. Era impossível tocar em você. Apenas comecei a admirar ainda mais. É raro pessoas como você hoje em dia. — Dylan parecia sincero.

Minha mente estava em êxtase. Não havia mais a culpa que me consumia. As fofocas eram apenas fofocas. Não precisava me preocupar. Certo que não é algo para se orgulhar, ficar bêbada na frente do meu chefe, mas dos males o menor. Ao menos eu não fiz nada absurdo. E se pensar bem, Dylan não estava se importando com aquilo.

— Isso é um alívio tão grande. Fiquei com medo de ter cometido um bêbado quando bêbada. Para piorar, eu nem sequer lembrava. Lidar agora com as fofocas é mais simples. Agradeço por toda ajuda. Pode avisar ao Martin que estou devendo uma refeição com ele? Claro, se o senhor permitir. Eu sei que o garoto estava animado com o café da manhã comigo, mas eu estava tão assustada que corri e ele ainda se preocupou comigo. — Depois de tirar o peso da culpa, tudo parecia muito mais simples.

— Claro. Aqui está o meu número pessoal. Martin estuda pela manhã e a tarde sempre tem alguma atividade, mas quando estiver livre, precisa apenas me avise. Pedirei para que o motorista acompanhe vocês dois. — Dylan me entregou um cartão com o seu número telefone, mas senti como se ele tivesse traçando uma linha entre nós.

— Não é cansativo para uma criança da idade dele, ter tantas atividades diárias? Só de pensar fico cansada. Ele deve chegar muito cansado em casa e nem pode brincar.Tem alguma razão para isso? E se eu chamar ele para sair, vou acabar fazendo ele faltar — Nunca tinha conhecido uma criança de oito anos com jornada dupla.

— Eu concordo, mas Denise disse que era algo que Martin queria, mas tinha vergonha de falar. Fiquei pensando que ele queria ocupar a mente e esquecer um pouco a partida da sua mãe. Até entrou para os escoteiros no final de semana. O meu filho tem menos tempo vago que eu. E sobre ele faltar, não me importo. São apenas atividades extras. — Dylan me disse.

Fiquei pensando que tipo de criança iria prefereir fazer várias atividades do que brincar. Quanto mais eu pensava sobre isso, mais tinha a sensação que algo estava errado. O comportamento de Martin é tão diferente de uma criança da idade dele.

— Chegou a perguntar para ele se tem uma razão para ele se envolver em tantas atividades de uma vez? — Perguntei curiosa. Sentia que estava me metendo demais na criação deles, mas sabe quando tem algo que incomoda sei coração? Eu precisava ir mais a fundo e descobrir qual a razão do meu desconforto.

— Não. Apenas perguntei se era isso que ele queria mesmo, Martin apenas acenou concordando. Raramente o meu filho fala e quando diz algo, sempre é para Denise. — Dylan explicou.

— Deveria perguntar para ele a razão de tudo isso. Talvez seja uma chance de se aproximarem, ao compreender o que pensam. — Não podia dizer para ele que estava desconfiando que algo estava errado na casa dele.

Parecia um pouco improvável, mas se juntar as peças, parece que as coisas são diferentes do que Dylan imagina. Denise não parece o tipo de pessoa que ama o filho da ex de alguém. Sem contar a estranha história de Denise sobre o desaparecimento de Martin, que já ia de encontro do que Martin havia me dito.

Do lado de fora da sala pude ouvir uma gritaria grande e sons de coisas se quebrando. Tive um pressentimento ruim sobre aquilo. Meu momento de paz parece que não vai durar por muito m

— Ela até demorou para chegar aqui — Dylan disse abrindo a porta da sua sala.

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