Demissão?

Sentei na cadeira ouvindo as batidas, parecia até a trilha sonora da minha vida. Me pergunto se é castigo o que estou vivendo nos últimos dias. Não, eu não fiz nada de errado. A minha mãe está viva. Há uma criança recebendo todo o amor do mundo. Não feri ninguém além de mim mesma.

— Quer tomar alguma coisa? Você parece pálida. Martin disse que não tomou café da manhã. — Dylan disse antes de pegar o telefone — Por favor, tragam um lanche. Sim. Duas pessoas. Acredito que um suco, bolo e salgados? Não sei. O que achar mais oportuno. E não deixe que ninguém. Absolutamente ninguém suba ou entre na minha sala.

— Você deve está com problemas por minha causa. — Falei me sentindo envergonhada. A namorada dele deve estar querendo comer o seu fígado com cebola.

— Fala sobre as fofocas? Eu na verdade não me importo muito. Sempre foi assim, as pessoas pegam trechos da minha vida e fazem a história que tem na sua mente. Farei o que faço sempre. Me manter em silêncio. Amanhã deve aparecer outro escândalo que fará com que todos esqueçam o que aconteceu. — Dylan parecia realmente confiante que tudo iria passar. Talvez fosse assim para ele, mas eu? Sou a mulher que ficou com o seu chefe comprometida. Não sei até onde isso vai marcar a minha vida.

— Sim, fico feliz que seja assim. — Sinceramente, não sabia o que dizer.

— Aliás, você esqueceu a sua bolsa. — Dylan levantou da sua cadeira, foi até um armário e trouxe a minha bolsa. Não faço nem ideia de onde ela estava.

— Obrigada. — Agradeci completamente sem jeito. Pensei comigo, acredito que preciso me demitir. Tenho problemas com mais pessoas do que deveria.

Alguém bateu na porta calmamente. Dylan pede para que entre. A sua secretária entrou com um carrinho cheio de todo o tipo de comida. Aquilo era tão exagerado como a mesa que observei no café da manhã na casa dele.

— Poço ajudar em algo mais? — A secretária sorria para Dylan.

— Não. Pode se retirar. Se alguém subir ou entrar no meu escritório, irei garantir que você nunca mais arrume um emprego na sua vida. Então, defenda com a sua vida a entrada. — Dylan ameaçou. A mulher acenou concordando antes de sair correndo porta afora.

Fiquei seria olhando para ele. Não esperava que fosse esse tipo de chefe. As pessoas com poder precisam mesmo desmerecer e ameaçar outras pessoas para liderar uma empresa? Ele era lindo, mas uma pessoa difícil de se compreender.

— Vamos comer? Acabei não tomando café da manhã também. Eu tive que... ir para academia pela manhã. — Dylan explicou. Eu mal consegui acordar por conta da ressaca, ele teve energia para malhar?

— Eu agradeço, mas fique satisfeita com a torrada. O que gostaria de falar comigo é sobre a bolsa? Acredito que preciso voltar para o trabalho. Já cheguei atrasada. O meu chefe vai procurar qualquer coisa para criar problema para mim. Quero evitar. Quero apenas um dia de paz na minha vida. — Confessei. Não era mentira. Não tinha mais condições de lidar com as minhas emoções. Estavam à flor da pele.

— Também era sobre a bolsa. Queria saber como você estava com a fofoca, mas pelo que vejo, parece está lidando bem com tudo isso. Me senti um pouco triste por saber que você fugiu. Fiquei pensando se tinha causado algum desconforto. — Dylan parecia ter um tom de voz inocente com aquela conversa, mas seu olhar parecia dizer outra coisa. — Estava pensa do sobre o que aconteceu ontem, depois que saímos do bar.

— Não precisa trazer isso a tona. Foi um erro que não vai se repetir. Não sou o tipo de pessoa que fica com pessoas comprometidas, mesmo bêbada, deveria ter noção. Foi em erro meu. Peço que esqueça o que aconteceu. Não falarei nada a ninguém. Prometo não causar problemas no seu relacionamento. Não necessita de preocupar em relação a isso. Ignorarei os portais de fofoca e deixarei que apenas esqueçam. — Senti naquele momento que poderia explodir de vergonha.

— Eu bem queria que você causasse problema... — Dylan suspirou olhando para o teto, enquanto girava a sua cadeira.

— Não entendi o que disse... — Falei confusa. Ele havia dito algo muito baixo.

— Quero dizer que... sobre a noite de ontem... Precisamos falar sobre isso. Para que não haja equívocos futuramente. E talvez nesse momento já esteja tendo. — Dylan explicou sem tirar os olhos dos meus lábios. Como posso querer me jogar nos braços de um homem comprometido? Devia ser pecado ser gostoso assim.

Deixando de lado um lado sem moral que eu tinha e não sabia. Será que serei demitida agora? Talvez ele faça isso para não causar burburinho sobre nossa relação e proteger seu relacionamento. Não posso culpar ele. Mesmo assim... O que eu faço com meus boletos? Já não basta ficar sem ter onde morar, agora sem emprego também?

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