Acordei ao ouvir muitas vozes, tive dificuldade de me acostumar com a luz intensa quando abri os olhos, quando finalmente consegui, notei que estava em uma cama de hospital. Será que tudo aquilo havia sido um pesadelo?
— Você acordou, minha filha, como se sente? — Ivoneide, minha mãe, perguntou triste.
— Estou apenas sonolenta. — Respondi, olhando ao redor, queria entender o que era a barulheira do lado de fora.
— O médico disse que se sentiria assim. Te deram um calmante ou algo assim. Parece que você teve um surto nervoso. Como não teria depois de tudo que te aconteceu hoje. Filha, fiquei tão nervosa quando a polícia me ligou. Estava te procurando a horas. Pensei que eu ia infartar antes de chegar no hospital, nunca mais faça nada assim. Quando for fugir, leve ao menos seu celular. — Minha mãe parecia pálida. Acariciei o rosto dela. Seus olhos estavam vermelhos. Deve ter chorado muito. Me pergunto o que aconteceu depois que eu saí.
— Me desculpe. Foi egoísta da minha parte. Agi sem pensar. O que aconteceu depois que eu saí? — perguntei. Algo me diz que não ficou tudo bem, já que minha mãe está assim.
— Samira contou a todos os convidados que o noivado havia sinto desfeito, depois Gabriel descobriu que você havia trabalhado por anos como prostituta e vendido seu filho. Tudo por dinheiro. O burburinho foi grande. Tentei falar com Gabriel e explicar tudo, mas ele desapareceu junto com Samira. — minha mãe explicou.
— Nunca pensei que aquilo viria à tona. Tinha decidido esquecer, apagar da minha vida. Sempre foi um pouco doloroso pensar que… — Meus olhos se encheram de lágrimas.
— Não fique assim, minha filha. Tudo foi culpa minha. Se eu tivesse me cuidado melhor. Não teria colocado você nessa situação. Eu sei que fez por mim, mesmo que soubesse que iria te ferir profundamente, me perdoa. — Minha mãe voltou a chorar. Abracei ela acariciando sua cabeça. Esse era um dos maiores motivos de não querer trazer o assunto à tona. Minha mãe ficou mal por meses se sentindo culpada quando soube que aceitei.
— Mamãe, você está viva. Saudável. Não cometi nenhum crime, muito pelo contrário, havia uma pessoa que desejava muito ter um filho e não podia, tenho certeza que essa criança é muito amada. Em troca, pude ter o dinheiro para fazer sua cirurgia. No fim, todo mundo ficou feliz, né? — Por mais duro que fosse, era essa a realidade. Precisei virar barriga de aluguel para pagar uma cirurgia de urgência da minha mãe. Não quis esconder de ninguém, apenas não tinha interesse que aquele assunto voltasse à tona na minha vida. Não tinha vergonha ou me arrependia, mas vez ou outra me perguntava como estava aquela criança. — Não chore por isso. Estamos bem. E Gabriel não era quem eu imaginava, foi melhor ter terminado tudo antes que estivéssemos casados. Aliás, o que é aquela barulheira do lado de fora do quarto?
— São as enfermeiras e sua ex-sogra. Ela quer falar com você, mas eu pedi que não deixasse ninguém entrar. — Minha mãe explicou sem jeito. Levantei da cama na mesma hora. — Onde você está indo?
— Responder as dúvidas dela. — Falei abrindo a porta. As três me olharam surpresas. — Entre. Está incomodando os outros pacientes.
— Pode me dizer especificamente o que aconteceu? Amanda, você não é o tipo que faz essas coisas. Aquela Samira tem cara de mentirosa. Meu filho desapareceu com ela e desligou o celular. — Minha ex-sogra disse, ela sempre foi um amor de pessoa comigo.
— Não foi totalmente mentira, mas não quero que diga nada para Gabriel, seu filho não merece saber a verdade. Tudo bem? Se ele me julgou antes de vir ouvir meu lado da história, além da humilhação na frente dos amigos e familiares, não merece a verdade. — Talvez eu mudasse de ideia futuramente, mas agora, eu estava com raiva, traída e magoada, era assim que me sentia.
— Como quiser. — Minha ex-sogra sempre foi muito fácil de dialogar, embora eu duvide muito que ela não vá contar ao filho.
— Minha mãe precisou fazer uma cirurgia de urgência quando eu estava começando a faculdade. Não tínhamos dinheiro para pagar. Se a gente esperasse pelo sistema de saúde pública, não daria tempo. Busquei empréstimos, de todas as formas, nenhuma deu jeito. Então, encontrei uma amiga de infância chorando no pátio do hospital. Ela me contou que sonhava em ter uma criança, mas tinha um defeito no útero. Queria conseguir uma barriga de aluguel, mas estava insegura que a pessoa fugisse com seu filho ou usasse isso contra ela. Algo assim. Então, quando contei as dificuldades que eu estava passando, ela sugeriu uma troca. Pagaria todo tratamento da mamãe, quando ela tivesse recuperada, eu iria para os EUA, ter a criança lá e voltaria para cá como se nada tivesse acontecido. Retornaria à minha vida de onde tinha parado. E assim foi. — Expliquei com um pouco de dificuldade. Não era algo fácil de lembrar. Senti um nó na minha garganta.
— Minha filha! — Mamãe me abraçou chorando.
— Estou bem. Não é algo para me envergonhar. Não cometi nenhum crime ou feri ninguém. Não dormi com ninguém ou vendi o meu filho, já que a criança foi feita com o óvulo de outra pessoa. Eu apenas aluguei meu corpo. Não sei se melhora a situação, mas eu não me arrependo de qualquer forma. Prefiro que nunca mais esse assunto venha à tona, ok? Foi a última vez que falei sobre isso. Quero deixar esse passado, no passado. — contei a história toda de uma vez. Quero acordar amanhã e voltar a não pensar sobre isso.
— Minha filha, mas é uma injustiça o que estão fazendo com você. — a mãe de Gabriel disse acariciando minha cabeça. Era assim que eu esperava que meu noivo reagisse. Esperasse minha resposta sem acusações. Ouvisse meu lado. Não apenas apontasse o dedo. Talvez realmente tenha me enganado em relação ao Gabriel.
— Eu sei, mas agora, eu só quero ir para casa e dormir. Podemos ir? — não queria parecer grossa, apenas era um assunto que me machucava bastante.
Todas concordaram comigo, não falaram mais nada do assunto. Não tive como voltar para casa. Morava com Samira, não queria dar de frente com ela. Eu precisava de um tempo. Decidi ficar na casa da minha mãe naquele final de semana. Passei o resto o tempo todo no meu antigo quarto apenas deitada e chorando, de raiva e tristeza ao mesmo tempo. Ninguém perguntou nada nesses dias, apenas me trouxeram comida, deram o meu espaço. Quando me levantei da cama finalmente, já era para ir trabalhar.
Acordei para trabalhar, todos ainda estavam dormindo. Melhor assim, não queria responder nada ou ouvir pessoas preocupadas. Já estava preocupada com o fato de Gabriel ser meu editor e querer minha demissão. Me apressei e cheguei antes do horário de trabalho. Entrei no prédio com o coração a mil, sem ter ideia de como seria meu dia, mas tive uma pequena surpresa correndo em minha direção e agarrando em minhas pernas.
— Amanda! — Ouvi Martin gritando pulando nas minhas pernas como um pequeno macaquinho.
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Atualizado até capítulo 98
Comments
karvalho Heloiza😍
eitaaaaaaaaaaaaaa
2024-12-29
0
elenice ferreira
treco confuso, se era pra uma amiga,que raio essa criança tá fazendo com 👥 completamente estranhas ? tem alguma coisa errada, que não está certa!
2024-12-15
0
Neuza Japoneuza
ixiiii!!! Martim é filho dela😍
2024-11-17
3