Para onde voltar?

— Ah! É… Meu nome é Amanda Queiroz, sou a… bem, a pessoa que foi confundida com a sequestradora do seu filho. — Falei sem jeito. A presença daquele homem era de outro nível. Só tinha visto algo assim em filmes. Existe mesmo homens assim? E eu colocando meu ex no pedestal por nada. 

— Sobre isso, me desculpe, houve um pequeno mal-entendido, mas Martin já explicou tudo. Tirei todas as queixas. E quero agradecer por ter ajudado meu garoto. Ele disse que você o tranquilizou quando estava assustado. — Dylan disse com um tom sério. Fiquei totalmente desconcertada. Eu estava com o vestido rasgado, sujo e descabelada. De uma forma estranha, me sentia envergonhada  de estar daquele jeito em uma situação como aquela e na frente de alguém como aquele homem elegante.

— Não, não precisa se desculpar e nem agradecer. Eu errei. Deveria ter imaginado o desespero que o senhor estava e levado o garoto diretamente para delegacia. Fico feliz que no fim deu tudo certo. Peço desculpas por causar transtorno. — Enquanto eu falava, Martin se aninhava em mim. Acariciei levemente sua cabeça. Não conseguia resistir aquela criança.

— Parece que meu filho realmente gostou de você. Ele tem um pouco de dificuldade em se abrir, parece que você foi um caso diferente. — Dylan olhou para seu filho com carinho, antes de abrir um sorriso deslumbrante. Com toda certeza era um olhar de um pai amoroso.

— Hey! Podemos ir? Tenho uma sessão de fotografias daqui a pouco. E não gosto nenhum pouco do clima desse lugar. Sinto que todos estão olhando para mim. Não quero mais perder tempo nesse lugar — Uma mulher entrou na sala puxando o braço de Dylan. Ela usava um salto alto fino, seu vestido longo estampado preto, caia perfeitamente em seu corpo, com um grande decote e uma abertura na lateral da saia, que facilitava a movimentação naquela roupa tão colada ao corpo. 

— Certo. Denise, você não deveria ao menos agradecer? Ela encontrou Martin. — Dylan disse à mulher que me encarou com ódio no seu olhar.

Ah! Me dei conta, Martin falou que seu pai tinha namorada, deve ser aquela mulher. Ela era deslumbrante, alta e elegante, mas o semblante antipático destruía toda perfeição daquela mulher. Mesmo assim, eles pareciam o casal perfeito, de alguma forma combinavam.

— Não, nenhum pouco. Ela apenas atrapalhou. Se tivesse cuidado da vida dela, não teria me feito perder tempo — Denise veio até mim e puxou Martin do meu colo pelo braço dele. — Vamos embora, você já deu trabalho demais por hoje. Sabe que somos ocupados demais. Deveria ter isso em mente antes de aprontar esse tipo de coisa.

Martin parecia assustado ao ver aquela mulher, mas deve ter sido impressão minha, não haveria motivos para ter medo da namorada do seu pai. Dylan coçava a cabeça vendo a mulher levar a criança para fora da sala de forma brusca. Como se não soubesse exatamente o que fazer naquela situação.  

— Desculpa por isso, ela estava muito preocupada com Martin. Sempre age dessa forma quando está estressada. Aqui está meu cartão, se precisar de alguma coisa. Se tiver algo que eu possa fazer para retribuir o que fez por minha família, farei com bastante prazer. Se me der licença, tenho que ir, minha namorada não gosta de se atrasar. — Dylan disse antes de me entregar o cartão e sair porta a fora. 

— Moça, você já pode ir. Peço desculpas por todo mal-entendido — O policial disse impaciente apontando para porta daquela sala.

Olhei para ele, para a porta e tive uma crise de riso. Para onde eu vou? E como irei? Não sei nem onde é essa delegacia, viemos em uma viatura. Não posso pedir Uber, táxi ou ligar para alguém. O que eu diabos deveria fazer? Como fiquei nessa situação?

— Senhora, você está bem? — Quando o policial me perguntou isso, as risadas se transformaram em lágrimas. Comecei a me sentir tonta, aos poucos a minha visão começou a escurecer. — Senhora? Senhora? 

Podia ouvir algumas vozes externas, mas sentia meu corpo extremamente pesado. Senti um toco caloroso e confortável em minhas mãos. Por mais louco que tenha sido aquele dia, eu me sentia tranquila com aquele toque. Antes que eu pudesse me dar conta, peguei no sono novamente.

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